Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

VIVER DE NOVO, VIVER AGORA

VIVERDENOVO
SEXTA-FEIRA, 14 DE JANEIRO DE 2011

Por Arlindo Montenegro

Olhar para a frente e ajudar o outro a levantar é o que a natureza nos dá como lição perpétua. Bem diferente de jogar tudo e todos no chão para que, juntos, tenham o sonho de um dia poderem levantar.


Foi de repente! Como se o céu desabasse e o chão faltasse, os pensamentos ficaram congelados, os olhos perdidos na paisagem do que há pouco existia e de repente sumiu da vista, do tato, do olfato. Uma existência real foi transmutada, de repente, mas tudo persistia como raiz fincada no terreiro da mente.

Logo ali, meus avós presentes nas fotografias em preto e branco, memórias de carinho e afabilidade, vozes desafiantes e consoladoras reproduzidas pela mente nos momentos difíceis, bem ali, eles construíram a casa e plantaram a mangueira onde foi pendurado o balanço. Havia também o banco tosco de madeira onde vovó gostava de sentar-se ao entardecer para ouvir o canto dos pássaros.

Ela dizia que a gente devia pensar como passarinho, vivendo cada dia na segurança do ninho, voando alto para ver o mundo vário e as semelhanças entre as variedades. Era preciso caçar o de comer, até disputar o proprio alimento e trazer ao ninho para alimentar as crias novas.

A casa foi reformada por meu pai. Ganhou uma varanda grande, mais um quarto e a garagem para o primeiro carro, um "Itamaratí" verde da FNM, com motor forte que ele dizia ser "um bicho valente!" Num instante suportando sem reclamar o peso e a agitação, nos conduzia até a praia e esperava paciente a hora de voltar prá o descanso noturno na garagem.

Meus avós, meus pais, meus irmãos nascidos como eu naquele pedaço de chão, de repente são apenas memória. A casa onde criei meus filhos é memória. Naquele dia chegou a notificação oficial dizendo que aquele terreno com todos os bens imóveis nele existentes passava a ser propriedade dos "quilombolas". Eu nem sabia quem eram, nem onde estavam no passado.

Em resumo, de repente, perdemos tudo quanto geração após geração havia construído, o mesmo que perder a pátria, o mesmo que perder um ser querido ferido de morte. O mesmo que desabar o ceu e faltar o chão, ficar sem fala e sem saber o que fazer... perder mesmo a vontade de viver. E mesmo assim sobreviver em ambiente estranho, onde apenas lembranças intocáveis afagam o coração e a mente.

Vendo as imagens de da catástrofe natural na serra, as centenas de vidas mutiladas, a mente balança entre a força da natureza e a força humana que destroi continuamente o que está feito, pulveriza vidas e relacionamentos entre pessoas, intervém na casa que foi a nossa Pátria e entrega a pessoas estranhas, sem face e sem nome, apenas rótulos, "quilombolas" que causam tanta destruição como as chuvas fortes os rios raivosos e as encostas que sepultam vidas, projetos, sonhos e o trabalho de gerações.

Um nó na garganta, uma avalanche que deixa uma pedra sobre o peito, o choque paralisante das tragédias naturais previsíveis ou a surpresa dos golpes humanos insuspeitados. O olhar perdido contemplando o lugar onde estava a mangueira e o balanço, a varanda onde se comememoravam os aniversários com risos, doces, afagos e surpresas. Tudo sumiu, de repente.

E de repente uma fagulha brilhante ao alvorecer. A chuva se foi e o sol volta a brilhar mostrando um céu azul onde se movem ao vento brancas nuvens, inocentes, crianças e carneiros brincando na pastagem. Formas que parecem espelhar a natureza da terra, com gente, bichos, árvores, riachos, tudo esperando que algum artista venha colorir.

Os olhos pacificam a vida teimosa e a mente lembra que tudo é passageiro. Eternas são as formas mentais que sempre estão ao alcance dos que vão reconstruir, seguindo em frente, arrumando as pedras, plantando as sementes, gerando novas vidas, alimentando as chamas de amor por uma Pátria por vir, uma Pátria que sempre esteve presente nos melhores sonhos da família e dos indivíduos.

É infinita a capacidade humana de recomeçar quando tudo parece estar perdido ou que seja impossível superar tanta violencia da natureza, consequente das agressões humanas. Parece milagrosa a maneira natural como Pátria e mentes superam os ambientes soterrados, brotam, surgem com nova e vigorosa força entre os escombros.

A fragilidade da vida indica que fazer bem feito agora, fazer o bem agora, dizer a palavra amorosa agora, respirar o ar profundamente agora, sentir o fluxo da vida passageira agora, afirma o ser e compromete com a eternidade. Olhar para a frente e ajudar o outro a levantar é o que a natureza nos dá como lição perpétua.

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".