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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

UM MOVIMENTO CONSERVADOR NO BRASIL? SEGUNDA PARTE.

HEITOR DE PAOLA



UM MOVIMENTO CONSERVADOR NO BRASIL?

SEGUNDA PARTE
(primeira parte aqui)

HEITOR DE PAOLA

09/01/2011

Um povo que pede à liberdade mais do que ela mesma, nasceu para ser escravo
ALEXIS DE TOCQUEVILLE

O Antigo Regime e a Revolução
Os trabalhadores argentinos nasceram animais de rebanho, e morrerão como tais. Para governá-los basta dar-lhes comida, trabalho e leis para rebanhos que eles se manterão na fila para o abate
JUÁN DOMINGO PERÓN

 
Terminei o último artigo afirmando que ‘os brasileiros não têm experiência, e conseqüentemente noção, do verdadeiro significado de liberdade individual, vivendo desde sempre sob o tacão português e depois de governos autoritários, iludidos por uma falsa sensação de proteção’.

Se o povo não tem experiência de liberdade, mas de viver como um rebanho acreditando que a limitada liberdade e autonomia de que goza são dádivas concedidas pelos governantes – os quais, se as dão, podem retirá-las a qualquer momento - um movimento conservador no Brasil conservará o quê? A noção de ser gado de rebanho troteando a chicotadas dos estancieiros (ontem de Lisboa, hoje de Brasília) que reconhecem como seus donos?  Sempre gritando por liberdade, mas esperando realmente alguma migalha de forragem que lhes caiba como sobra da farra dos governantes? Que aceita o despautério de reajustes milionários mirabolantes auto-concedidos pela classe governante – dos três poderes – babando de prazer com as migalhas que lhes concedem em nome de um salário de fome chamado mínimo?
Mas aqui esta não é uma Nova Classe, é a velha classe dominante comemorada com júbilo por uma história contada pelos colonizadores.

Comemora-se com entusiasmo a vinda para cá de um reizinho fujão – o único rei europeu que não liderou seu povo contras as tropas napoleônicas – como se esta fuga fosse de uma inteligência enorme e não apenas covardia!

Comemora-se a “abertura dos portos às nações amigas”, concedida por força da imposição britânica e não um direito natural de nosso país arrancado a ferro e fogo no campo de batalha, se necessário fosse.

Comemora-se a fundação de uma instituição que até hoje atazana nossa vida, um banco constituído de “príncipes da República”, que controla os antigos cofres coloniais.
Comemora-se uma “independência” (sic) fajuta, pelas mãos de um príncipe da potência colonial cujos únicos interesses eram as amantes, os bordéis e a morte de seu pai para voltar para a Metrópole como rei. E mais uma vez isto é tido como uma enorme esperteza dos brasileiros que não verteram seu sangue pela liberdade, aceitando uma ignomínia sem par na história dos povos deste planeta!

Desde então continuamos governados pela mesma corja aproveitadora que de tão velha já fede de ranço, mas é aceita com um falso estoicismo, que na realidade não passa de regozijo sadomasoquista, onde todos esperam “chegar lá”, isto é, fazer parte da mesma podridão.

Não estará nestes primórdios da nossa história a origem do famoso “jeitinho brasileiro”, uma atitude hipócrita perante a vida que nos faz aceitar qualquer imundície como se fosse inteligência? Que nos permite desrespeitar qualquer lei porque “ninguém mais respeita, e eu não serei um babaca enquanto os espertos fazem o que bem entendem e se dão bem”? Que nos faz ter uma das mais corruptas e imundas classes políticas de toda a história, criticadas pelos que querem apenas lá “chegar para se dar bem”?

O que este povo tem a conservar? Mesmo sendo contra o aborto, as drogas e a farsa do “casamento” gay, aceitarão facilmente que sejam instituídos, desde que lhe caiam à boca faminta umas quantas migalhas de “dereitos omanos” e possam dizer: “sou contra, mas o que é que eu posso fazer, se “eles” querem assim? “Eles” sendo um eufemismo para “aqueles que gostaríamos de ser”.

Perguntaram-me ironicamente quais são os princípios da República. Não sei de outros, mas bastam-me os seguintes: “Acreditamos serem verdades evidentes por si mesmas que todos os homens nascem iguais e são dotados pelo Criador com certos Direitos inalienáveis, entre os quais a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade”.

Se estes são direitos naturais, concedidos por Deus a priori, não podem ser objeto de discussão entre os homens, mas, ao mesmo tempo, torna-os responsáveis únicos e exclusivos por defendê-los.

Artigo enviado para publicação no Jornal Inconfidência, Belo Horizonte, MG

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".