Enviado por Elianah Jorge - 10.01.2011 | 14h12m
Dia desses reencontrei um conhecido que não via fazia alguns meses. Estava bem magro e perguntei o motivo. Disse que a ansiedade o deixava assim. Desde de que se formou em Engenharia Agrônoma, em julho do ano passado, procurava emprego, mas sem sucesso.
Enquanto o trabalho não vem, Carlos faz cursos em sua área, mas sempre de olho em possíveis oportunidades. Especializado em zootecnia, começou uma oficina de fertilização bovina com professores argentinos em uma universidade apoiada pelo governo. Aos alunos com melhores resultados seria concedida uma bolsa de estudos no país do Maradona.
Não só tirou excelentes notas, mas também conseguiu fazer amizade com boa parte dos instrutores. No último dia, quando foram divulgados os nomes dos que ganharam a bolsa, o dele não constava. Resolveu então perguntar a um dos professores o motivo de não ter sido chamado. Recebeu a seguinte resposta: Pelos resultados você teria o direito de ganhar a bolsa, mas disseram que você assinou um documento e por isto não foi selecionado.
Carlos, anos atrás, assinou a famosa Lista Tascón e quem tem o nome neste abaixo-assinado não pode receber os benefícios concedidos pelo governo.
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Sem a bolsa pra estudar fora, Carlos voltou a seguir os passos anteriores: enviar curiculum, fazer contatos, etc. Um dia, já sem paciência para esperar em casa, resolveu dar uma volta na universidade para desestressar, rever colegas, professores e, talvez, conseguir algo.
No campus da conceituada Universidade Central da Venezuela saudou e abraçou conhecidos, "echó broma" com outros tantos e pela boca de um colega soube que certo professor o indicara para um bom emprego.
Era tudo que ele queria. De imediato ligou para o tal mestre. Combinaram a entrevista e lá se foi Carlos, já um pouco aliviado da angustiante espera e animado com a possibilidade de trabalhar em sua área.
As condições apresentadas estavam de acordo com suas necessidades e, segundo o professor, em duas semanas Carlos já estaria trabalhando. Passaram duas, três, quatro semanas. Entrou em contato e foi informado que ele estava dentro e que esperasse mais um tempinho. Assim fez. Esperou um mês, dois meses, três meses e ... nada. Era tempo demais! Voltou a entrar em contato:
- E ai, professor! Alguma informação sobre a vaga?
- Pois é, Carlos, a empresa na qual você iria trabalhar foi expropriada.
- Pois é, Carlos, a empresa na qual você iria trabalhar foi expropriada.
Graças a ansiedade, Carlos continua a emagrecer. Pergunto sobre suas perspectivas enquanto não consegue trabalhar como agrônomo. Diz que vai continuar a busca, mas não descarta a possibilidade de ir para outro país no qual possa conseguir emprego por seus próprios méritos.
2 comentários:
Ao invés de "expropriada", leia-se: devolvida. Ao invés de Engeneharia Agronoma, leia-se: Engeneharia Agronômica.
Pois é, ela é articulista dO Globo...
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