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sábado, 15 de janeiro de 2011

Entre whisky e whisky

MÍDIA SEM MÁSCARA

Entre um gole e outro, Juan Manuel Santos calma e descaradamente confessa: sua agenda política é de esquerda.

No último fim de semana foi publicado neste periódico uma interessante reportagem que a ex-candidata vice-presidencial do Polo Democrático, Patricia Lara, fez com Juan Manuel Santos durante a viagem que ele realizou à Brasília para celebrar o ano novo e, ao mesmo tempo, assistir a posse de Dilma Rousseff. Trata-se da mais importante entrevista com o Presidente, desde o dia de sua posse. E embora tenha tratado de ser algo ameno, entre whisky e whisky, salmões, bons vinhos, filmes de ação, biografias de grandes traidores e elegantíssimos bailes ao melhor estilo Pastrana, a jornalista conseguiu alguns elementos que põem de manifesto as características da personalidade do mandatário.
Não é desconhecido de ninguém sua inclinação para o jogo. Os que durante a campanha o criticavam com sevícia e hoje o aplaudem delirantemente, miseravelmente o catalogavam de ludópata e jogador profissional trapaceiro. Os apostadores desenvolvem uma misteriosa habilidade para conhecer a psicologia de seus rivais. Descobrem suas debilidades e temores, para dar uma patada no momento indicado.
É interessante quando a cronista nos recorda que Santos, desde sua coluna em "El Tiempo", converteu-se em um firme opositor do regime contaminado de Ernesto Samper. Porém, há alguns que acreditam fervorosamente no dinamismo da política. Aquele que ontem era meu inimigo, hoje é meu aliado. Essa doutrina permitiu que o brilhante farol do atual governo seja o ex-presidente Samper.
Conta Juan Manuel Santos que, "por disciplina liberal" (esquerdista), não acompanhou Álvaro Uribe em sua candidatura de 2002. Esqueceu-se de lembrar aos leitores que também o criticou e se opôs a muitas de suas políticas até o dia em que resolveu dar - digamos com crueza - a cambalhota. Em 2006, passou de ser um esquerdista disciplinado e obediente a furibundo uribista, promotor da re-eleição como única alternativa viável para a estabilidade do nosso país. Não é novidade para ninguém que os convertidos tendem a se mostrar dignos de sua nova religião com atitudes que podem beirar o fanatismo.
A disciplina foi dar ao traste no ano passado quando anunciou sua candidatura presidencial, aspiração que resolveu tramitar no seio do Partido da U e não no do seu amado e respeitado esquerdismo. Já dissemos: há físicos extraviados nos despenhadeiros da política com demasiada capacidade para escrever um tratado sobre o dinamismo.
Em 29 de outubro de 2008, 27 oficiais e sub-oficiais do Exército, inclusive três generais, foram retirados do serviço, acusados de ser os "responsáveis" pelos denominados "falsos positivos". Essa decisão, que minou para sempre a moral dos soldados, não estava respaldada por uma investigação, senão por um informe vago e temerário que foi elaborado por uma equipe liderada pelo tenebroso general conhecido com o apelido de "La Machaca".
Passaram-se mais de dois anos desde o dia em que aqueles membros do Exército foram expulsos como se se tratassem dos piores criminosos, sem que até o momento se lhes tenha imputado o cometimento de delito ou falta disciplinar alguma. Sua honestidade não pôde ser questionada pelas autoridades. Porém, Juan Manuel Santos sente orgulho dessa gigantesca iniqüidade que se consumou enquanto ele desempenhava a função de ministro da Defesa do presidente Uribe.
A esse respeito, e sem pensar duas vezes, ele disse a Patricia Lara que "tinha que relevar todos os possíveis envolvidos de maneira exemplar". Lamentavelmente, essa retirada do serviço ativo violou o mais fundamental dos direitos de qualquer cidadão: a presunção de sua inocência. Antes de terminar, o presidente reconheceu o que habilidosamente soube esconder enquanto buscava os 9 milhões de votos uribistas: que sua agenda política é de esquerda. Diria um melancólico: se eu tivesse sabido...

* Colunista do jornal El Espectador de Bogotá
Tradução: Graça Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".