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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pensando em voz de letras: aonde vamos?

HEITOR DE PAOLA

Armando Ribas

As recentes declarações de Raúl Castro a respeito dos erros cometidos e a decisão de despedir mais de 500.000 empregados do setor público, segundo a revista The Economist constituem um desafio para Fidel. A suposta disposição de permitir mais empresas privadas pequenas, encontrou igualmente uma aparente aprovação. Portanto, uma vez mais se requer do governo americano que levante o embargo - chamado bloqueio pela esquerda - e que, por certo, se considera aparentemente no mundo como a causa da pobreza existente na ilha.

Em primeiro lugar, discordo da idéia de que tais declarações e disposições constituam um desafio para Fidel Castro. Qualquer pessoa que conheça o caráter totalitário e tirânico do regime cubano, sabe que Raúl não é mais que o escrevente de Fidel. Como disse em outras oportunidades, nos regimes totalitários a condescendência se chama lealdade. Conseqüentemente, enquanto Fidel esteja vivo em Cuba não se fará nada que ele não disponha, e certamente nenhuma disposição permitirá modificar o regime opressivo e ditatorial vigente por mais de 52 anos.

Posso dizer uma vez mais que é evidente que o mundo se empenha em ignorar o sofrimento existente na pátria de Martí, em função da defesa de uns direitos humanos que parece não se aplicam aos cubanos. E pior ainda, o quinto mandamento parece que só deve-se aplicar à direita genocida, porém não ao terrorismo da esquerda idealista. Tanto é assim que o Papa, que recentemente criticou a China pela violação dos direitos humanos, enviou o Cardeal Bertoni em 2009 a Cuba para felicitar os Castro por estarem a favor dos pobres e da solidariedade.

Raúl Castro, para justificar a demissão dos quinhentos mil empregados públicos, que agora parece se duplicará, pretende reconhecer que foram cometidos erros. Porém, a que erros ele se refere? E certamente que tenho minhas dúvidas, socrática e cartesiana, de que esta declaração implique em uma modificação do regime opressivo que impera na ilha. Por favor, lembremos que a política é quem determina a economia e não o contrário, como pretendia o ex-presidente Clinton.

Em recentes declarações o Papa novamente se manifesta contra o capitalismo, e assim a esquerda continua, como reconheceu Thomas Sowell, apropriada da ética da sociedade: “Aquele que está contra ela não só está equivocado senão que é um pecador”. Em tal sentido, o grande perigo do mundo atualmente reside na demagogia da suposta igualdade que permite alcançar o poder, e ignoram-se os condicionamentos da liberdade. Entre esses erros mais sobressalentes encontra-se desconhecer que, tal como dissera James Madison, “as maiorias não têm o direito de violar os direitos das minorias”. Onde esta limitação não existe, a suposta democracia converte-se em uma demo-ditadura.

Essa realidade se percebe hoje mais claramente na Venezuela, onde não só se violam os direitos das minorias, como finalmente do mesmo modo o das maiorias mediante uma lei que permite perder as eleições e ganhar a maioria na legislatura. Não obstante esta obviedade manifesta, a Srª Clinton, representante do país ao qual devemos a liberdade no mundo, teve um encontro amistoso com o Sr. Chávez durante a posse de Dilma Rousseff à presidência do Brasil. Entretanto, o Sr. Peña Esclusa está preso por não estar de acordo com a violação dos direitos individuais.

Diria que surpreendentemente a Srª Rousseff, em seu discurso de posse, manifestou-se de modo tão contrário ao que ela representa, que até o Sr. Chávez desapareceu inopinadamente da cena. Parece que, embora a presidente do Brasil possa não ter aprendido com os Estado Unidos, talvez tenha se dado conta de que se a China cresce 10% ao ano é porque já não é socialista. Portanto, parece ter aprendido a respeito mais do que seu antecessor, e pensa em reduzir o gasto público, baixar a inflação e ainda privatizar a extração de petróleo nas novas jazidas. Certamente ante esta alternativa já apareceram os protestos de seu próprio partido, assim como de seus associados. Mais recentemente decidiu impor maiores restrições à entrada de capitais especulativos para evitar a atual super valorização do Real, porém o problema é mais complexo.

Não obstante esta aparente sabedoria, ela pretende voltar a julgar os militares, apesar de haver dito que não tem rancores nem desejos de vingança. Porém - oh, casualidade! - pretende-se julgar os delitos dos militares mas não os dos idealistas terroristas, dos quais ela fez parte. Esse processo Lula já tentou e fracassou na tentativa, pois a Corte negou-se, tal como deve ser um país no qual impera o princípio fundamental do direito penal “nulæ pena sine lege”. Tampouco os militares estão dispostos a permitir essa violação do direito.

E passemos então a outro aspecto da realidade atual, decididamente relevante, e que é sem dúvida alguma a problemática criada por WikiLeaks. Não vou discutir o direito fundamental da liberdade de imprensa, porém creio que no caso de WikiLeaks existem outros elementos que devem-se ter em conta. Segundo o dicionário da Academia, diplomacia significa: 1. Ciência ou conhecimento dos interesses e relações das nações. 2. Serviço dos Estados em suas relações internacionais. Mas, eis aqui o que diz o Webster: A arte e prática de conduzir negociações entre as nações e habilidade de conduzir os assuntos sem criar hostilidades.

Enfim, a diplomacia entre os governos implica na negociação para evitar a guerra. Em outras palavras, a diplomacia implica dizer o que se deve dizer em função dos objetivos dos Estados. E todo Estado, a meu ver, tem no âmbito internacional direito à privacidade de seus documentos oficiais, salvo se isso tenha implicado no cometimento de um delito legalmente tipificado. Ou seja, não é o direito ao cometimento de um crime em segredo.

Se olharmos para o passado quando se carecia da tecnologia computacional e das comunicações eletrônicas, a privacidade oficial era um fato e um direito. Qualquer pessoa que tentasse violar a privacidade oficial, era forçado primeiramente a violar o direito de propriedade privada e se apoderar indevidamente dos documentos oficiais. Tal ação implicava no cometimento de um duplo delito. Não creio que seja pertinente que o avanço tecnológico permita per se modificar ad hoc o Código Penal.

Se voltamos aos fatos descobertos por WikiLeaks, nos encontramos com o pensamento do Departamento de Estado a respeito de Hugo Chávez e de Cristina de Kirchner. Há uma lógica por trás desse pensamento: a diplomacia aparentemente requeria a ocultação dos mesmos para evitar hostilidades. Porém, certamente o WikiLeaks, neste caso, converteu-se em um instrumento adicional para justificar o anti-kirchnerismo imperante em nome do anti-imperialismo. Enfim, por tudo o que foi escrito anteriormente sinto que nos encontramos em um mundo confuso e não pretendo saber para onde vamos.

Tradução: Graça Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".