Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Como educar seus filhos

INSTITUTO LUDWIG VON MISES BRASIL


Pelo fato de eu escrever muito sobre política, as pessoas sempre me perguntam qual a melhor maneira de ensinar às crianças como funciona nosso sistema de governo. E eu sempre respondo que elas podem, em suas próprias casas, dar a seus filhos um curso básico de cívica.


Por meio de minha experiência pessoal como pai, fui capaz de descobrir várias artimanhas simples capazes de ilustrar, de maneira facilmente compreensível para a mente de uma criança, os princípios através dos quais o estado moderno lida com seus cidadãos. Creio que esses métodos também serão úteis para você.


Tudo começou na época em que eu costumava jogar com meu filho um simples jogo de cartas chamado WAR. Após algum tempo, depois de ele ter entendido por completo que as cartas mais altas sempre batiam as mais baixas, decidi que era hora de criar um novo jogo. E a esse jogo dei o nome de GOVERNO. Nele, eu era o Governo e, sendo assim, eu sempre ganhava cada embate, independentemente de quem tivesse a melhor carta. Meu filho, é óbvio, rapidamente perdeu todo o interesse por esse novo jogo, mas gosto de pensar que foi exatamente esse jogo quem ensinou a ele uma valiosa lição para todo o resto de sua vida.


Eis como ele funciona.


Quando seu filho já estiver um pouco mais maduro, você poderá ensiná-lo sobre o funcionamento do nosso sistema tributário de uma maneira fácil dele entender. Ofereça a ele, digamos, $10 para lavar o carro. Quando ele tiver terminado de lavar e vier pedir o pagamento, dê-lhe apenas $5 e diga que os outros $5 ficaram como imposto de renda retido na fonte. Dê $1 para o irmão mais novo e diga a seu filho que isso é "justo", pois assim ele estaria "fazendo pelo social". Também diga a ele que você, o Governo, precisa dos $4 restantes para se auto-financiar, isto é, para cobrir os custos oriundos desse "trabalho" de redistribuir o dinheiro. Quando ele chorar e disser que isso é injusto, diga-lhe que ele está sendo "egoísta" e "ganancioso".


Crie o maior número possível de regras e nunca explique as razões por que elas foram criadas. Aplique-as arbitrariamente. Sempre acuse seu filho de quebrar regras sobre as quais você nunca havia lhe contado. Mantenha-o angustiado, temeroso de estar violando ordens que você ainda não expediu abertamente. Inculque nele o sentimento de que regras governamentais são coisas completamente irracionais, mas que, não obstante, devem ser seguidas à risca, sem qualquer tipo de questionamento. Isso irá prepará-lo para viver sob um regime democrático de governo.


Quando seu filho já estiver maduro o suficiente para entender como o sistema judicial funciona, determine um horário para ele ir dormir. E então descumpra o combinado e mande-o pra cama uma hora mais cedo, ameaçando-o com punições caso ele não obedeça. Quando ele lacrimosamente acusar você de estar quebrando as regras, diga a ele que foi você quem as criou e que, por isso, você pode interpretá-las da maneira que mais lhe aprouver, adequando-as sempre às condições que mais lhe forem convenientes. Isso irá prepará-lo para o peculiar conceito de que as leis estatais são regras "sérias, sensatas, democraticamente benéficas e inquestionáveis".


Prometa frequentemente levá-lo ao cinema ou ao parque. Na hora marcada, recline-se confortavelmente numa poltrona e, com um jornal à mão e um charuto na boca, diga-lhe que você mudou seus planos. Quando ele gritar "Mas você prometeu!", diga a ele que aquilo era apenas uma promessa de campanha.


De vez em quando, sem qualquer aviso, dê um tapa no seu filho. Depois explique que isso era apenas uma forma de auto-defesa. Diga a ele que você, o Governo, tem de estar sempre vigilante, a todo e qualquer momento, para evitar que qualquer inimigo em potencial - possíveis questionadores - cresça e se torne uma ameaça capaz de lhe prejudicar. Quanto a isso, também, seu filho lhe será grato. Não naquele momento, mas mais tarde, no decorrer da vida.


Em alguns momentos seu filho irá naturalmente expressar descontentamento com seus métodos. Ele pode até mesmo vocalizar o petulante desejo de querer viver com outra família. Para evitar e/ou minimizar essa reação, diga-lhe o quão sortudo ele é por ter você, o pai mais tolerante e amoroso do mundo. E então comece a contar histórias lúgubres sobre a crueldade de outros pais. Isso irá torná-lo completamente leal a você e, posteriormente, irá fazê-lo aceitar a idéia amplamente difundida pelas escolas de que o estado assistencialista pós-moderno é o melhor e mais livre método de organização política já concebido. Se seu filho for mais esperto e contra-atacar, utilizando argumentos como estes ou estes, interrompa imediatamente a conversa, mande-o calar a boca, repreenda-o por ter a ousadia de fazer questionamentos e obrigue-o a estudar mais literatura marxista e social-democrata.


O que nos leva finalmente à técnica de educação infantil mais importante de todas: a mentira. Minta para seu filho constantemente. Ensine a ele que as palavras não valem absolutamente nada - ou, ainda melhor, que os significados das palavras estão em contínua "evolução", e que amanhã elas podem significar exatamente o oposto do que significam hoje.


Alguns leitores podem contestar, reclamando que esse é um método muito falho de se educar uma criança. Mas esse é exatamente o ponto: o abuso psicológico infantil é o melhor método de preparo para a vida adulta sob a atual forma de GOVERNO.


Achou muito cruel e injusto? Mas o mundo é assim. A não ser que você esteja disposto a mudá-lo.


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Joseph Sobran escreve colunas diárias para vários jornais, além de ter o seu próprio website.


Artigo recomendado: O Homeschooling nos EUA (e no Brasil)


Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".