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quinta-feira, 6 de maio de 2010

As cabeças e a missão

DIÁRIO DO COMÉRCIO

Cavaleiro do Templo: artigo para ser lido junto com o anterior.

Olavo de Carvalho - 5/5/2010 - 21h05


A dedicação dos grandes do jornalismo atual à ocultação de notícias politicamente indesejáveis não é um capricho de momento, uma frescura, uma leviandade: é um compromisso sério, profundo, inflexível. É uma missão de vida.

Enojado com o artificialismo dos costumes na corte de Henrique VIII, Thomas More observou que a mentira política, quanto mais patente e boboca, mais solicitamente é aceita como verdade por aqueles a quem, no fundo, ela não engana de maneira alguma.

Decorridos vários séculos, belo exemplo da validade permanente dessa máxima é o acordo assinado entre Brasil e Paraguai para "reprimir o narcotráfico", lindo evento diplomático seguido de trocas de tiros, não com os traficantes das Farc, mas entre a Polícia Federal do primeiro signatário e a Marinha do segundo.

Como ambas as partes sabem que a guerrilha colombiana domina o narcotráfico na fronteira, mas ao mesmo tempo comprometem-se a combater tão somente o crime abstrato, puro, platônico, sem tocar na realidade viva das conexões políticas que o originaram, o protegem e dele se alimentam, torna-se evidente que todo o esforço de cada um dos contratantes residirá em fazer o melhor que possa para impedir que as ações do outro contra o banditismo tenham qualquer resultado substantivo: haja o que houver, as Farc não serão arranhadas.

Tão sério é esse compromisso, que aqueles que o assumiram não hesitam em cumpri-lo à bala. Quem disse que não existe heroísmo entre picaretas?

Eis aí, pela bilionésima vez, o sinal de que, na leitura dos tratados internacionais e declarações políticas em geral, o estudante não deve excluir a possibilidade de que signifiquem precisamente o contrário do que dizem.
A única diferença entre o reinado de Henrique VIII e o mundo moderno é que na época do primeiro só eram obrigados a dizer amém à mentira oficial os membros do círculo mais próximo do rei. O povo, à distância, e os intelectuais, no recesso protegido da universidade, sabiam que tudo aquilo era uma palhaçada, e riam.

Hoje, com os meios de comunicação de massa e a instrumentalização das universidades como meios de "transformação social", o auto-engodo obrigatório se impõe a toda a população e os intelectuais em peso são os primeiros a legitimá-lo, cada um sentindo uma angústia, um peso na consciência toda vez que se recusa a acompanhar seus pares, mesmo por minutos, no exercício de tão honrosa missão.

Se você não entra no jogo, é excluído não só da corriola palaciana, como antigamente, mas do seu grupo de amigos, do emprego, da família, do universo. Por isso é que o mundo moderno, se ainda não é o império geral da mentira anunciado no livro do Apocalipse, pelo menos dá o melhor de si para aproximar-se desse ideal sublime.

Vejam o que aconteceu com o dr. Joseph Sonnabend, epidemiologista e um dos criadores da prestigiosa Foundation for AIDS Research. Um belo dia ele recebeu um press release emitido pelo próprio departamento que chefiava. A coisa dizia que a Aids assumira proporções epidêmicas, já não era um risco limitado à parcela mais vulnerável da comunidade homossexual, mas sim um perigo iminente para toda a humanidade.


"Que besteira é essa? Eu nunca assinei essa porcaria!", protestou o perplexo doutor. Antes que ele obtivesse uma explicação, no entanto, a mentira alarmista já tinha virado capa da revista Life, com o título: Aids: Ninguém está a salvo.

Só quando a farsa já havia se espalhado pelos quatro quadrantes da Terra como verdade científica incontestável, uma alma caridosa explicou ao dr. Sonnabend que tudo era um plano da Foundation e da indústria farmacêutica para arrancar verbas do governo norte- americano.





Na verdade, a Aids nunca foi um perigo sério para a população heterossexual e, hoje, não é absolutamente risco nenhum. Confirma-se assim, linha por linha, a denúncia que em 1993 o jornalista Michael Fumento apresentou em seu livro The Myth of Heterosexual Aids (v.http://www.fumento.com/myth.html). Mas dizer "indústria farmacêutica" é dizer Rockefeller, e dizer Rockefeller é dizer Council of Foreign Relations, Bilderberg Club e, no fim das contas, Nova Ordem Mundial – as mesmas organizações e entidades que estão por trás do climategate, das campanhas mundiais abortista e gayzista, da nova religião global biônica, da proposta do governo Obama para o controle universal da circulação de capitais, etc. etc. – a lista das maravilhas não tem mais fim. Quem vai dar um basta em tudo isso? Ninguém.

A imposição da bestialidade organizada vem precedida de programas educativos calculados para desarmar a inteligência humana, desde a mais tenra infância, contra a força hipnótica das mais tolas mentiras de polichinelo. Henrique VIII mandou cortar a cabeça de Thomas More quando este se recusou a continuar fazendo vista grossa. A Nova Ordem Mundial não corta cabeças: zela para que elas não cresçam até um ponto em que precisem ser cortadas.

E não é só o sistema educacional que serve a esse fim. Para vocês fazerem uma idéia da colaboração prestimosa da "grande mídia" com a microcefalia global planejada, vejam como os medalhões do jornalismo americano responderam ao novo livro do repórter Aaron Klein, The Manchurian President, que investiga, com mais de oitocentos documentos, as relações íntimas entre Barack Obama e tudo quanto é organização comunista, islamofascista e anti-americana nos EUA.

Antes mesmo de poder lê-lo, assim reagiram aquelas belas almas ao mero anúncio de que o livro estava para ser publicado: 

"Nunca, nunca mais me contatem", afirmou o redator da Time, Jeffrey Kluger.
"Porcaria ridícula" (John Oswald, editor do New York Daily News).
"Lixo sensacionalista que não interessa a nenhuma publicação séria" (Rana Foroohar, editora adjunta da Newsweek).
"Tirem-me da sua lista" (Nancy Gibbs, editora da Newsweek).
"Vão cuidar das suas vidas" (David Knowles, comentarista político da America Online).
"Isso é ofensivo" (Ben Wyskida, diretor de publicidade de The Nation).

E assim por diante. A dedicação dos grandes do jornalismo atual à ocultação de notícias politicamente indesejáveis não é um capricho de momento, uma frescura, uma leviandade: é um compromisso sério, profundo, inflexível. É uma missão de vida.

Olavo de Carvalho é ensaista, jornalista e professor de Filosofia

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".