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terça-feira, 4 de maio de 2010

Um mundo sem regras?

BLOG DO MR. X

Segunda-feira, 3 de maio de 2010


Só que, pouco a pouco, a sociedade vai se desintegrando, e ninguém consegue entende por quê.



No outro dia, a leitora Confetti chamou-me de reacionário. Magoei. Sempre me considerei de centro, razoavelmente libertário. Mas recentemente me surpreendi comigo mesmo e pensei: será que estou à direita do Reinaldo Azevedo?

Afinal, ele se declarou a favor da adoção por parte de gays enquanto eu tendo a ser contrário, embora considere argumentos a favor. Nada tenho contra os gays. Nada tenho contra as lésbicas (Vi duas se beijando no outro dia na minha frente. Moças simpáticas e alegres. Bonitas. Bem, uma das duas era.).

De acordo com a natureza, pessoas do mesmo sexo não podem ter filhos entre si. Por mais que tentem. Se os gays querem passar a vida ao lado de um ou mais companheiros do mesmo sexo, é porque escolheram não se reproduzir. Ou assim era, até agora.

Mas estamos em tempos diferentes, em que a tradicional família papã-mamã-filhinhos está em franca decadência, substituído por um modelo em que todo tipo de relação é considerado igual. E por que não? A tecnologia permite e a moral moderna também. Deus está morto e não tem nada com isso.

Em outros tempos, o sexo gay era "o amor que não podia dizer seu nome". Oscar Wilde casou e teve dois filhos, amava sua mulher e depois saía com Alfred Douglas. Hipocrisia? Talvez. Mas acredito que nem nos seus momentos de maior loucura ele pensou em criar os filhos com seu amante. Imagina! Amor era uma coisa, criar filhos uma coisa bem diferente.

No outro dia alguém disse assim: "Isso tudo é só porque fomos inculcados com os velhos modelos. As crianças do futuro acharão normal ter dois pais, ou duas mães."

Pode ser. Mas que importa? Casamento e adoção gay são mero preâmbulo para o que está por vir.

Leiam sobre este curioso caso (nota: alguns dizem que é hoax): uma avó de 72 anos que está transando com o neto biológico de 26, e os dois terão um filho através de uma barriga de aluguel (bem, ele será pai; o óvulo é de uma doadora anônima já que a velhota não é mais fértil).

Eles afirmam: "Somos felizes assim e ninguém tem nada com isso."


Quer saber? De acordo com a ideologia contemporânea, eles têm razão. Não há um único progressista que possa dizer por que este ou casos similares são moralmente errados. Avó com neto, filha com pai,irmão com irmã, transsexual grávido com mulher. Por que tais casos deveriam causar repulsa? Se são maiores e vacinados, que mal há?

Quem entende o coração humano? Todos temos desejos autodestrutivos, vícios, problemas. São poucos os casamentos que duram, e não é por culpa de ninguém, é por que é difícil mesmo. Então por que impedir gays de casarem, ou avós e netos de fazerem sexo entre si e criarem um filho juntos, ou pessoas trocarem de sexo?

Bem, eu acho que o seguinte. As pessoas precisam de regras. A única regra da sociedade contemporânea é: "Não devemos julgar ninguém. Todos são iguais. Vale tudo. Faça você também o que quiser, você é livre."

Ora, isso não é suficiente. Há claramente modelos, já testados, que funcionam melhor do que outros. Há vários estudos indicando os problemas de crianças nascidas sem família ou em famílias disfuncionais. E não acho que fazer experimentação social com crianças seja uma coisa boa.

Será que não está faltando autoridade? Será que não estão faltando regras mais precisas e disciplina? Será que esta "liberdade" toda é boa para as crianças das próximas gerações?

Vejam este outro caso, na Inglaterra. Os alunos adolescentes barbarizavam na sala de aula, provocando um professor que sofria de problemas emocionais. Um dia, um aluno zombou dele e gritou-lhe um sonoro "fuck you", e o professor irritou-se. Acertou com um halteres na cabeça do garoto. "Die, die, die!", disse o professor, enquanto batucava com o halteres na cabeça do jovem.

Ei, já dei aulas. Eu o entendo. Também eu, se pudesse, teria dado uns bom golpes na cabeça de certos alunos. (O garoto não morreu. O professor foi absolvido.)

O caso é que os alunos eram extremamente mal-educados e rebeldes, mas o professor pouco ou nada podia fazer. Tocar em alunos? Nem pensar. Pode-se ser acusado de abuso infantil ou coisa pior. (Eis por que uma professora chamou os policiais para algemarem uma criança de seis anos.) Expulsão? Suspensão? Que nada. Na escola moderna, o aluno é rei. Como ensinou Paulo Freire, aluno e professor, professor e aluno, é tudo a mesma coisa, fazem parte de um mesmo coletivo social. Mas não são só os professores: nem mesmo os pais podem punir as crianças, ou terminarão presos. Diversos psicólogos advertem sobre os terríveis traumas que as palmadas causariam às crianças (Uma chega a comparar as palmadascom o estupro).

Nelson Rodrigues falou certa vez sobre a tirania do jovem. É o que vivemos hoje, com a diferença que agora todos somos "jovens"Todos somos perpétuos adolescentes, do começo ao fim da vida. Todos. Eu inclusive. Queremos tudo, emprego, saúde, roupa lavada, casamento gay, direitos humanos. Responsabilidade? Autoridade? Limites? Castigo? Limitação do desejo por questões morais, financeiras ou de ordem social? Ora, vá se catar.

Só que, pouco a pouco, a sociedade vai se desintegrando, e ninguém consegue entende por quê.

Talvez precisemos de um pouco menos de "liberdade", e um pouco mais de disciplina.


Disciplina é importante.

Um comentário:

Stenio Guilherme Vernasque da Silva disse...

Amigo...
Fiquei impressionado!
Excelente dissertação.
Exemplifica, o que para nós parece óbvio, para outros é puro "pluralismo!.
As regras existem desde que há vida humana em comunidade.
Mas desvios morais e de caráter existem aos montes.
Aí o relativismo joga tudo no mesmo saco: e bingo!
Prabéns pelo post!
abraços

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".