Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

PARA ONDE CAMINHA A SOCIEDADE BRASILEIRA

HEITOR DE PAOLA

Abel F. Costa

Mais uma vez o brasileiro foi convocado compulsoriamente a participar do processo democrático de escolha de seus governantes, onde a vedete principal tem sido a urna eletrônica e seu expresso método de apuração eleitoral, bastando um período de apenas três horas para que o resultado final seja conhecido.

A impressão predominante é a que alcançamos um elevado estágio de desenvolvimento cibernético, onde já se acha disponível para uso a identificação biométrica através de impressões digitais, o que a propaganda institucional apregoa como o mais avançado e seguro sistema de apuração eleitoral, não fosse por um pequeno e insignificante detalhe, que é a impossibilidade de impressão do comprovante de votação. Interessante no caso é que o Congresso acaba de aprovar uma Lei que obriga as empresas a adotarem nos sistemas de controle eletrônico de frequência, equipamentos que imprimam comprovantes do registro de entrada e saída, assim como das horas extras porventura realizadas.

O eleitor brasileiro é levado a concluir que o sistema de votação adotado no país é rápido, seguro e eficiente, desde que não seja obrigado a emitir um comprovante do ato processado, pois o que se passa entre o fim da apuração, a retirada do chip da máquina e a transmissão desses dados até o TSE é tão nebuloso quanto a contabilidade da PETROBRAS.

Por que o eleitor não recebe um comprovante de sua opção eleitoral? Por que o processo eleitoral se realiza basicamente nas escolas se o mesmo poderia ser utilizado nas salas de atendimento das agências bancárias que estão fechadas aos domingos e ainda poderia usar o sistema de transmissão de dados para acionar diretamente o TSE e assim o eleitor, comparado a um cliente de banco, poderia votar em qualquer lugar do território nacional, não precisando mais justificar ausência e nem necessitar se cadastrar previamente para votar em trânsito.

Reparem que na segunda-feira seguinte ao pleito, as salas de aulas não estão em condições de receber os alunos devido às eleições ali realizadas, enquanto as agências bancárias continuam fechadas até as dez horas desse mesmo dia, sem prejuízo para seus correntistas. Talvez o sistema financeiro seja mais importante para o país do que o sistema educacional e, assim, se justifica a posição do Brasil quando comparado a outros países com relação a educação e conhecimentos.

Passada a euforia dos vencedores e a apatia dos vencidos, vejamos o que podemos garimpar dessa etapa cívica que, nos moldes existentes, cada vez mais afasta o eleitor de seus eleitos, não forma consciência política em seus cidadãos e apenas os mantem presos ao cabresto da participação obrigatória.

Os eleitos para as funções legislativas municipais, estaduais e federal, ao se diplomarem para suas funções, se tornam infiéis e fisiológicos, pactuam da forma mais torpe com seus financiadores de campanha e se aglutinam em bancadas espúrias aos interesses de seus eleitores, passam a defender apenas seus interesses pessoais em detrimento das propostas que deixaram como promessas em suas campanhas.

Os eleitos para Prefeito se intitulam chefe do poder municipal mas, em muitos casos como por exemplo em nossa cidade do Rio de Janeiro, não tem autonomia para governar na sua plenitude, visto que uma grande parte do município segue suas próprias leis, de modo que o Prefeito não consegue administrar os transportes públicos, não exerce poder nas comunidades, não tem poder sobre o trânsito e suas sequelas, onde os motoristas tem mais respeito aos flanelinhas do que à determinação palaciana, a desordem urbana se manifesta imperiosamente pelos camelôs nas calçadas, os estacionamentos impróprios, as obras irregulares e não autorizadas, a sujeira é de uma agressividade calamitosa, a saúde com suas UPP e Clínicas de Família continuam fazendo suas vítimas por descaso, falta de recursos e de matérias e, até mesmo, por falta de decisão, ocorrem óbitos enquanto se discute se a tarefa é municipal ou estadual.

Pelo menos nosso querido prefeito é uma pessoa inteligente e ao perceber que o cargo que almejou era bem aquém do que imaginou, agarrou-se ao governados como um carrapicho se prende ao tecido de uma calça e, assim, passou a mostrar notoriedade e provar que ainda existe, caso contrário não lembraríamos que tinha um prefeito na cidade dos jogos olímpicos de 2016 (que por sinal não deverá ser ele, ou será?).

Os eleitos para Governador, ao tomarem posse, procuram logo rever o orçamento e preparar licitações que venham a atender os interesses das empreiteiras que lhes financiou a campanha eleitoral e, logo surgem pontes que ligam nada a lugar nenhum, estradas são asfaltadas com material que parece barro, pois nas primeiras chuvas já estão se deteriorando, hospitais são reformados e os pacientes são transferidos por que alas são interditadas, equipamentos estão inoperantes, faltam médicos e, quando existem, se descobrem são acadêmicos contratados por seus colegas mais velhos, ambulâncias não possuem motoristas e outras coisas do gênero.

Na segurança temos um capítulo à parte, onde a PMERJ depois de duzentos anos de criação, atingiu um nível tal de corrupção que não existe um único tipo de crime ocorrido onde não haja envolvido um policial ou ex-policial. Se existe irregularidade no desmanche de carros roubados, lá estará um PM, se há conivência entre a recuperação de carros roubados e as seguradoras, lá estará um ou mais PMs, se os flanelinhas estão atuando em determinada área da cidade, lá estará um PM, se existe milícia numa comunidade, lá estarão mais PMs, se o depósito de gás é irregular, lá estará um PM, se o carro cai num canal e seu motorista desaparece, lá estará um PM, se o transporte alternativo é feito ilegalmente lá estarão os PMs.

Ainda bem que o nosso governador (carregando o prefeito agarrado) descobriu uma nova forma de implantar segurança em nosso estado, montando as UPP em várias comunidades com efetivo de policiais militares recrutados em Marte, Júpiter, Saturno, Vênus e Netuno. A Secretaria de Segurança Pública jura que estes são diferentes dos outros e que não degeneram com o passar do tempo, só não dá para entender é como ainda mantem os outros se estes são tão bons. Talvez haja uma esperança de que os atuais consigam melhorar os anteriores, embora a sociedade tenha a desconfiança de que os anteriores venham a contaminar os atuais.

Já a eleição para presidente não traduz muita novidade, pois se o país já acumula a experiência de ter escolhido um metalúrgico sem instrução, julgado incapaz até para ingressar no quadro de garis da COMLURB (nosso presidente seria considerado não apto a preencher o cargo por não possuir grau de instrução necessário), qual seria o inconveniente de escolher um candidato que nunca concorreu a nada não é mesmo? Afinal para esse cargo no Brasil qualquer um que se candidate serve.

Vamos continuar comprando carros importados, brinquedos, roupas, vinhos e trigo do exterior, vamos continuar vendendo aviões e utilizando aeronaves estrangeiras em nossas empresas e no transporte do governo, vamos viajar em trens coreanos e chineses e continuar plantando soja, cana e extraindo e exportando minérios e importando aço para construção de navios, vamos extrair petróleo do pré-sal para dar e vender e continuar importando óleo diesel para movimentar caminhões, ônibus e tratores, vamos comprar dólares que o banco central americano emite e que os investidores trazem para o nosso país varonil para receber 10,75%, enquanto nosso banco central aplica em títulos do tesouro americano sendo remunerado em 0,25%.

Somos jovens com nossos cinco séculos de existência e teremos muito chão pela frente, afinal assim caminha a nossa sociedade.

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".