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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A espantosa colisão entre o boné de Benicio e o neurônio solitário, por Celso Arnaldo

AUGUSTO NUNES
18/09/2010 às 20:13 \ Direto ao Ponto



O resumo do encontro entre Benicio Del Toro e Dilma Rousseff, um dos grandes momentos de Celso Arnaldo e um dos piores da saga latino-americana, mostra o que acontece quando um boné tenta dialogar com um neurônio solitário. Pelo que conta o caçador de cretinices e pelo que o vídeo mostra, pode ter nascido um novo tipo de comédia que só dá vontade de chorar. Ou de sumir, quando se pensa que a atriz de quinta categoria ameaça ficar na tela quatro anos. Confira:
Não o culpe por ter aceitado o convite. Se você fosse Benicio Del Toro, Dilma Rousseff seria um ícone. Mulher, latina, ex-guerrilheira e na bica para ser presidente do país onde vigora – na feliz expressão do Reinaldo – o bolivarianismo com samba, suor e cachaça, receita irresistível para a facção hollywoodiana descrita nas páginas do “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”, de Plínio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Alvaro Vargas Llosa, filho de Mario.
O perfil do tipo traçado pelos autores é complexo, mas isto o define bem: “O idiota latino-americano não lê da esquerda para a direita como os ocidentais, nem da direita para esquerda, como os orientais. Dá um jeito para ler da esquerda para a esquerda. Pratica a endogamia e o incesto ideológico.”
Certo. Benicio Del Toro deve ter lido, da esquerda para a esquerda, a última edição da revista Gloss, onde Dilma revela, entre suores, que Che Guevara era seu símbolo sexual nos anos de chumbo. Por isso, o intérprete de Che no recente filme homônimo de Steven Soderbergh não deve ter estranhado o convite dos coordenadores da campanha petista: um pacote Chez Dilma, vip, personalizado, que incluiu passagem área em primeira classe, hotel cinco estrelas, uma balada privé em São Paulo e, noblesse oblige, um comício petista, uma visita a uma escola do MST e, é claro, um encontro exclusivo com a candidata que ficava saliente quando Che lhe vinha à cabeça.
E Benicio chegou a caráter para o encontro com Dilma: paletó surrado, boné enterrado na cabeça, cavanhaque Ho Chi Minh, cabelo de sem-terra sem-teto sem-barbeiro. Parecia mesmo ter sobrevivido a uma temporada na aldeia de La Higuera, no sertão da Bolívia. E não se importou de ir a Campinas – onde Dilma tinha programação hoje – para, como informou o site oficial, “reunir-se” com a candidata num café da manhã.
Resumo do script? “Os dois conversaram por cerca de 30 minutos sobre cinema, eleições e a importância política da América Latina e do Caribe.”
Um vídeo dessa conversa seria hit instantâneo no Youtube. Del Toro é bilíngue perfeito – nasceu em Porto Rico, foi educado em inglês, fala os dois idiomas sem o sotaque de seus personagens. Dilma, como todos sabem, é monoglota convicta – e em dilmês, língua de um só usuário, ela própria. Se a conversa foi sobre “cinema, eleições e a importância política da América Latina e do Caribe”, faltou conversa – porque Dilma desconhece completamente os três assuntos.
O que Benicio falou também não se sabe – é provável que tenha repetido sua vergonhosa performance diante da jornalista Marlen Gonzalez, do Canal 41 Notícias de Miami, quando lhe faltaram palavras diante de perguntas incômodas da repórter sobre o sanguinário regime castrista. Desta vez, deve ter ficado atônito com o papo furado de Dilma.
Mas vamos deixar que a própria Dilma nos conte como foi seu encontro com Che Del Toro?
“Eu, eu achei assim ótimo, né, porque (risos) ele de fato é um, um, um, ator excelente, né, um ator excepcional. Álem disso, sem sombra de dúvida, ele é muito bonito”.
Terá Benicio interpretado alguma cena no café da manhã com Dilma? Fez um Che expresso, capuccino? Ela o achou um ator “excelente, excepcional” durante o encontro? Tudo indica que pintou um clima – como informam o “álem”, em vez de além, o “sem sombra de dúvida”, um de seus clichês para sublinhar os feitos de Lula, seu atual símbolo sexual, e a ênfase no “mmmmuito” bonito.
“Obviamente ele tem uma simpatia, por isso que ele pediu a reunião”.
Explicado: Benicio Del Toro pediu a reunião para mostrar a Dilma que é simpático, para pedir uma chance. É namoro ou amizade?
Mas qual foi o papo que rolou?
“Foi mais uma cunversa assim mais fluída, sobre cinema, sobre a importância da América Latina, sobre a importância da América caribenha, de como aquele mapa que apareceu na revista Deconomist (sic), em que tá a América Latina prá cima, né, Caribe e América Latina prá cima, e a América do Norte prá baixo, faz todo sentido histórico, porque né, tão crescendo, estão, estão, a América Latina hoje ela tem uma perspectiva que no passado ela não tinha. Então tudo isso, né, foi tocado ali”
Tomando por base esse relato de Dilma, a “cunversa” deve ter feito Del Toro rever todos os seus conceitos sobre a latinidad, abrindo mão dela e assumindo sua porção norte-americana, como cidadão de Porto Rico. E se o editor da revista The Economist ouvisse antes a futura presidente do Brasil explicando desse jeito o tal mapa mundi invertido, que ainda está nas bancas, teria jogado a capa no lixo.
Que frase linda é “a América Latina tem uma perspectiva que no passado ela não tinha”. Seria o caso de dizer, usando o título de um recente filme de Woody Allen: “Igual a tudo na vida”.
Que mais, presidente?
“O problema do cinema. É… Também como eles são amigos do Óliver Istône (sic), falaro sobre o lançamento daqui a dois dia (sic) de Rol striti 2, né (sic). Foi uma cunversa muito, muito boa”.
De fato, ótima. Um dos próximos projetos de Benicio Del Toro no cinema tem tudo a ver com o papel que ele desempenhou nesse tour com Dilma: ele está escalado para viver Moe, o mais esperto dos Três Patetas, num filme dirigido pelos irmãos Farrelly, ao lado de Jim Carrey e Sean Penn – este, outro membro honorário do Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".