Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Escolha desgraçada

DIÁRIO DO COMÉRCIO


Olavo de Carvalho
 - 24/5/2010 - 22h15


Desgraçado o país que, na falta de sensibilidade intelectual, escolhe  os seus conselheiros mediante critérios de etiqueta, indumentária e posição social


Dos comentários à coluna de Reinaldo Azevedo de 16 de maio, uma dúzia enfatizava que as notícias recentes, com provas definitivas da cumplicidade do PT com as Farc e outras organizações criminosas, já constavam de meus artigos de 10 ou 15 anos atrás. "É preciso – diz um leitor – fazer justiça ao jornalista  Olavo de Carvalho, que durante anos foi motivo de chacota por denunciar sozinho o Foro de São Paulo."


Outro recorda: "Neste vídeo (
http://www.youtube.com/watch?v=c4taMM83xp8), Olavo de Carvalho já denunciava a ligação das FARC com o PT, CV e PCC." E outro: "Parabéns a Reinaldo,  um dos primeiros a apoiar Olavo de Carvalho, que  já falava disso há anos – o único cientista político honesto do Brasil." E assim por diante.

Nos vinte anos de governo militar, nunca vi um só jornalista ser expulso de toda  a "grande mídia" brasileira  por divulgar algum fato indesejado politicamente. Esse privilégio, que me lisonjeia ao ponto de me corromper a alma, ficou reservado para ser conferido à minha  pessoa no período histórico imediatamente posterior, chamado, por motivos esotéricos, "redemocratização".

Por informar ao público a existência do Foro de São Paulo e os laços mais que íntimos entre partidos políticos e quadrilhas de narcotraficantes e sequestradores, fui chutado do Globo,  Época,  Zero Hora,  Jornal do Brasil e do Jornal da Tarde. O número dos que,  por esses e outros canais, me chamaram de louco, de mentiroso, de desinformante,e teórico da conspiração  e coisas similares conta-se como as estrelas do céu. Excluído do círculo, encontrei um último abrigo neste bravo Diário do Comércio, onde me sinto cinicamente bem entre outros meninos malvados como Moisés Rabinovici, Roberto Fendt e Neil Ferreira. Estou grato aos leitores da Veja pela sua fidelidade à memória dos fatos, mas – confesso – nunca me senti entristecido ou magoado com aqueles indivíduos, oficialmente  profissionais de imprensa, que imaginaram poder destruir minha reputação a pontapés.

As marcas de seus sapatos no meu traseiro desvaneceram-se em questão de segundos, tão logo os enviei, por via postal ou radiofônica, à p. que os p. ou à prática do sexo anal consigo próprios.

A satisfação que esses desabafos me trouxeram foi tão grande, tão sublime, que, em vez de rancor, passei a sentir uma terna gratidão pelos ex-patrões, por terem me dado a  ocasião de viver tão deliciosos momentos. Mais deliciosos ainda  pela certeza de  os destinatários engoliriam tudo calados, fingindo que não era com eles, quando todo mundo sabia que era.

Não há dinheiro que pague uma coisa dessas. Liberto de mágoas pessoais, não posso, no entanto, deixar de sentir tristeza ao ponderar que o curso deplorável tomado pelos fatos, desde há duas décadas, poderia ter sido contornado se algumas pessoas em posição de poder e destaque na sociedade tivessem dado ouvidos à voz deste esfarrapado observador da realidade, em vez de dá-los aos bem-pensantes, bem vestidos e bem barbeados bonecos de ventríloquo da mídia e das universidades.

Quem perdeu com isso não fui eu, foi o Brasil. Desgraçado o país que, na falta de sensibilidade intelectual, escolhe  os seus conselheiros mediante critérios de etiqueta, indumentária e posição social.

Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de Filosofia

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".