HEITOR DE PAOLA
A União Européia ameaça a soberania da América Latina
Don Hank
Se observarmos os regimes do século XX que mais danos causaram (Terceiro Reich, China comunista de Mao, Venezuela sob Chávez, União Soviética), notamos que cada um deles foi um regime socialista (Hitler também era socialista) com tendência a estender sua influência política a outros países.
Hoje em dia quase todo o Oeste encontra-se em uma situação sumamente precária por causa do socialismo crescente e também pela tendência para uma centralização dos governos, ou seja, para um governo internacional único (Nova Ordem Mundial).
Sou o dono (aposentado) de uma agência de tradução técnica e devido a que domino vários idiomas, tenho alguns amigos na Europa, sobretudo na Alemanha e Reino Unido e, segundo eles, a situação lá não é refletida de nenhuma maneira nos meios de comunicação ocidentais. Entretanto, trata-se de uma situação intolerável na qual os povos da Europa perderam sua voz. De fato, os parlamentos dos países individuais não mais executam ordens do Parlamento Europeu. Nem sequer os Membros do Parlamento Europeu, eleitos “democraticamente” por seus povos, têm o poder de propor leis ou de ter um impacto significativo em suas pátrias.
A União Européia (UE) de hoje é, em sua prática, uma ditadura socialista, porém quase ninguém se atreve a dizê-lo em público. Agora, você me perguntará o que a UE tem a ver com a América Latina. É uma boa pergunta e tratarei de responder.
Em primeiro lugar, a UE admite que busca um diálogo tanto econômico quantopolítico com a América Central, e em vista do que fez a UE politicamente na Europa, isso sim, é preocupante.
Minha família e eu nos mudamos dos Estados Unidos para o Panamá em julho de 2009. Desde aquela ocasião, o Panamá tem assistido a umas mudanças bruscas devido à intervenção da União Européia neste país.
Há meses a UE entrou em conversações com os líderes de vários países centro-americanos, supostamente em matéria econômica. Porém, pouco depois essa entidade estava exigindo que este país combatesse melhor seu crime e que os pescadores panamenhos deixem de pescar em certas áreas. Agora podemos admitir que o crime é mau, que há espécies em perigo, e que a intenção de salvar estas espécies é certamente nobre.
Porém, consideremos uma analogia para analisar melhor o que ocorre aqui. Se eu entro em negociações com o vendedor de carros, supostamente com a finalidade de comprar um carro, não seria apropriado que eu lhe impusesse uma condição segundo a qual este vendedor não tem direito de vender carros a mafiosos – embora todos possamos admitir que os mafiosos são maus.
A União Européia começou em 1957 sob o nome inócuo de “Comunidade Econômico Européia”, porém há observadores que afirmam que desde o princípio a intenção não era tanto econômica quanto política, e a meta não tanto a resolução de problemas econômicos quanto a aquisição paulatina do poder sobre todo um continente por uns poucos homens com tendências marxistas – o que comumente se chama de oligarquia.
Agora, o que acontece quando um grupo de elite, nomeados por eles mesmos, tenta usurpar tanto poder e fazer mudanças tão fundamentais como as que se tem visto na Europa? Além das mudanças intencionais, surgem sobretudo as conseqüências não intencionadas.
Um exemplo geral das conseqüências não intencionadas é o grande número de vítimas (estima-se um número ao redor de 100 milhões) dos regimes comunistas do século XX e o fracasso da União Soviética. Como exemplo mais concreto das conseqüências não intencionais pode-se citar a duplicação do preço do marisco e do pescado, e o forte incremento dos preços de verduras e frutas no Panamá, após o início da venda dos produtos correspondentes à União Européia.
Dados os baixos salários dos trabalhadores no Panamá, qualquer subida do preço da cesta-básica é preocupante e impacta a classe média de forma negativa.
Porém, outra conseqüência não intencional é o elevado consumo de combustível pelos aviões que transportam nossos produtos à Europa – enquanto a UE defende da boca para fora os ideais do ambientalismo. Se ela se interessasse de verdade pela ecologia do planeta, trataria de comprar pescado na Europa. Em vez disso, está debilitando a indústria pesqueira européia com suas políticas ambientais.
Se Martinelli quer o bem de seu povo, ele deve considerar muito cuidadosamente as possíveis conseqüências não intencionais de qualquer proposta de colaboração por parte da UE.
Ademais, o mandatário deve rechaçar rotundamente qualquer tentativa da parte da UE de se meter na política interna do Panamá. O recurso mais valioso que o Panamá tem é a sua soberania. Graças a este recurso, o Panamá evitou a queda nessa crise econômica e financeira que ameaça o mundo inteiro – uma crise provocada por políticos internacionalistas na Europa e Estados Unidos, com sonhos do tipo “Robin Hood”, que exigiam que os bancos dessem empréstimos aos insolventes e que brincassem com sua própria solvência empacotando as hipotecas em forma de derivativos tóxicos sem nenhum valor intrínseco e comprando-vendendo os mesmos. Se o Panamá mantiver sua soberania, e se evitar sonhos utopistas, pode continuar sendo cada vez mais próspero.
Todavia, se o governo deste país ceder sua soberania pouco a pouco a uma entidade que quer um Panamá fraco e sem liderança própria, corre o risco de perder tudo o que conseguiu no passado e avançar pouco a pouco para o lixeiro da história onde jazem os restos dos demais sonhadores com complexos de Napoleão.
Tradução: Graça Salgueiro
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