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domingo, 8 de abril de 2012

Por que a cota constitui uma forma de racismo dissimulada?

 

BLOG DO JOSÉ OCTAVIO DETTMANN

DOMINGO, 8 DE ABRIL DE 2012

Um leitor me escreve o seguinte:

A questão das cotas, no Brasil, se deve ao fato de que os negros são os mais prejudicados, por viverem em situação de miséria – por isso, elas se justificam porque a grande maioria não tem acesso a estudo de qualidade. Isso não tem nada tem a ver com racismo.

Eu respondo ao argumento da seguinte forma:

Se a questão fosse tão somente ensino público de qualidade, o problema já teria sido resolvido faz tempo, bastando tão somente vontade política. Mas o começo da solução teria que começar a partir das futuras gerações – e não na geração que foi prejudicada. Pois se você deseja corrigir as injustiças na sociedade, você precisa pensar a longo prazo e não de forma a obter resultados imediatos, para colher nas próximas eleições. E esse é o segredo do estadismo, já que a política nesse ponto é promover a virtude cívica – e isso não se confunde com fisiologismo político, tal qual os nossos políticos, em sua maior parte, fazem.

A situação de miserabilidade não é privilégio exclusivo dos negros: há brancos pobres, há indígenas pobres e mulatos pobres. Por que tão somente os negros teriam esse “privilégio”? Só por que eles são maioria? Dá pra perceber que a questão é puramente populista e demagógica, pois elas se pautam no argumento de que o número governa o mundo, criando uma espécie de ditadura da maioria, quando se usa as tais minorias como bucha de canhão nessa história.

Além disso, a situação ruim do ensino público é mantida assim artificialmente em razão do clientelismo político, tal como me referi acima, já que o regime democrático, infelizmente, se pauta nos números – e esse números, que vão compor a quantidade dos votos, é que vão reger a vida política do País, já que essa é forma que rege a democracia no país. Isso é uma forma imoral de se fazer política; se Vox Populi é Vox Dei, basta plantar um boato, que esse fato se espalhará e esse “Deus” falhará.

A verdadeira política que serve ao povo não está nos números, mas nos motivos determinantes que fazem com que você vote no candidato X e não no Y. X construiu estradas – essas estradas facilitaram o escoamento da produção da cidade, logo essas estradas trouxeram riqueza para o país, e a renda per capita da população aumentou, possibilitando que a economia da cidade se diversificasse, facilitando a integração entre as pessoas e criando mais oportunidades para toda a população e para toda a região onde a cidade se localiza. Y baniu a repetência das escolas – o aluno que não aprende a lição vai acumulando déficit de aprendizagem durante a vida escolar; e quando ele chega à universidade, ele não sabe ler nem escrever. Logo, o diploma não vai traduzir as reais qualidades dessa pessoa, já que a universidade acabou virando fábrica de diploma, já que todo mundo tem direito ao ensino universitário, garantido pelo governo, mas nem todo tem condições de estar na vida universitária.

Se acrescentarmos o fato da cota, você está colocando uma pessoa na universidade só por causa da cor da pele e não por causa das qualidades que ele tem como aluno. E quando ele tiver um diploma na universidade, vai com certeza constar que ele entrou pela vida universitária através da cota e não pelo mérito. Isso estimularia uma subavaliação das reais qualidades profissionais desse recém-formado no mercado do trabalho, tomando-se por base a cor da pele e não o que ele faz, e isso cria uma espécie de distorção que favorece os conflitos na sociedade e não a integração entre as pessoas – e isso, sim, é uma forma dissimulada de racismo e de exclusão da pessoa do mercado de trabalho que o governo promove, já que a lógica do petismo é forjar a luta de classes, de modo a desestabilizar a democracia e implantar uma ditadura totalitária no país.

Para você chegar a isso que eu falei, é preciso pensar com lógica, no que vai acontecer a longo prazo, em 15 ou 20 anos. Isso que eu falo é um raciocínio fundado na prognose, nas consequências daquilo que está sendo plantado no país. Se você planta o caos, você vai colher tempestade – nada mais do que isso. Se você serve ordem e justiça no país, a ordem te servirá – e isso que Santo Agostinho dizia, pois a promoção da política, de forma justa e organizada, é a promoção da caridade, uma das formas de capitalização moral que promovem o verdadeiro progresso no país, fundada no sentido de se tomar o país como se fosse o seu lar (a chamada nacionidade).

Eis a resposta!

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".