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terça-feira, 27 de julho de 2010

OS NÚMEROS DO DATAFOLHA E O JORNALISMO COMO MASSA DE MANOBRA. E AINDA: O SAPO BARBUDO DE DEUS

REINALDO AZEVEDO

24/07/2010
 às 16:44


Olá! Não escrevo desde terça-feira, mas é claro que andei dando uma lida no noticiário, não é? “Longe” é um lugar perto demais no mundo moderno. Só a razão continua a ser um país distante, cuja língua é incompreensível para muitos, especialmente no jornalismo político. A Folha deste sábado traz a pesquisa Datafolha. Foram ouvidas 10.905 pessoas em 379 municípios. A disputa entre o tucano José Serra (37%) e a petista Dilma Rousseff (36%) segue empatada, como vocês viram, com variação dentro da margem de erro. O instituto Vox Populi aponta Dilma com uma vantagem de 8 pontos. O chefão desse instituto, Marcos Coimbra, é colunista da revista petista Carta Capital. Sua empresa faz pesquisas para o PT. Você escolhe, leitor: confia mais no Datafolha, que não trabalha para partidos, com um universo de quase 11 mil entrevistados, ou no Vox Populi, com meros 3 mil, mais o PT, o Mino Carta e o Marcos Coimbra? Se eles próprios tivessem de investir dinheiro numa aposta, certamente escolheriam o Datafolha…  Não, essa gente não rasga dinheiro. Não escrevo este texto para tratar de números ou do viés desse ou daquele. Vocês já sabem disso tudo. O que me importa aqui é o papelão protagonizado por alguns coleguinhas, que se comportam como repassadores de uma droga de que alguns petistas são grandes traficantes: A MENTIRA. A que me refiro?
Acompanhei ao longo da semana uma verdadeira blitz de notas e supostas apurações de bastidores dando conta de que Dilma estaria sete ou oito pontos à frente de Serra segundo uma suposta pesquisa feita pelo PT - coincide com os números “independentes” do Vox Populi! Alguém está surpreso? No mais das vezes, a numerália vinha embalada numa versão: seria o “Efeito Índio”. O nexo estabelecido pelo vice de Serra entre o PT e as Farc teria sido desastroso para a oposição e prejudicado a candidatura tucana. E, como sempre, Lula estaria muito satisfeito com os números. Na opinião do presidente, Índio teria cometido o tal erro etc e tal…
Em pesquisas registradas, sempre se sabe quando os institutos estão em campo porque essa é uma informação pública, encontrável no site do TSE. A versão plantada pelo PT, e por muitos comprada, tinha três objetivos: dois táticos e um estratégico:
1 - influenciar o resultado do Datafolha: nesse caso, busca-se menos interferir na opinião dos entrevistados do que em eventuais ajustes feitos pelo entrevistador. Imaginem: alguma apreensão há no Datafolha quando se chega a um resultado tão distinto de outro instituto. Por que não o contrário? Porque a máquina de difamação só atua de um lado, certo?
2 - Os petistas sabem, claro, que o resultado por eles alardeado é falso. Contam, na imprensa, com a boa-vontade dos ingênuos e com a má fé dos petralhas para espalhar a mentira. Pra quê? Para lançar uma sombra de suspeição sobre os números do Datafolha. Para eles, é útil a falácia de que cada partido tem o “seu” instituto. É como se dissessem: “Ora, se o Vox Populi é nosso porque traz números positivos para nós, então o Datafolha, que é bom para eles, é deles”. Pois é… Ocorre que não é o número a que se chega que torna um instituto mais independente ou menos, mas seus métodos…
Objetivo estratégico. Ou: “Tirem as Farc dos jornais”3 - O terceiro objetivo já é de natureza estratégica. O PT, na verdade, teme alguns temas mais políticos da campanha - e um deles é sua vinculação com grupos de extrema esquerda dentro e fora do país. Volta e meia, Dilma Rousseff faz, por exemplo, sua profissão de fé contra as invasões de terra, e isso ganha espaço nobre na imprensa, ainda que, no dia seguinte, possa meter na cabeça o boné do MST e acusar o adversário de satanizar os movimentos sociais. Fala, a cada hora, para uma platéia. Mas a tentativa de se mostrar descolada dos sem-terra existe. Afinal, trata-se do mais impopular “movimento social” do país.
Ao plantar a história furada de que Dilma estaria muito à frente de Serra e de que isso seria o “efeito Farc”, o PT tenta, a todo custo, tirar esse tema do noticiário, alimentando a mentira de que tal assunto, se levado para a campanha, seria negativo para Serra.  É claro que se trata de outra formidável mentira. Pouca gente sabe dos laços políticos entre o PT e as Farc: entre os que sabem, há quem os aprecie e quem os repudie.
Entendo que a massa também deve saber. Gostaria de ver na televisão aquele ofício assinado pela presidenciável Dilma Rousseff solicitando os préstimos da mulher de um terrorista ao lado do e-mail em que o próprio conta a seu chefe que tal contratação faz parte de uma operação política. E que tal exibir aqueles e-mails em que os facínoras relatam quais são seus aliados no governo federal? Será que o PT realmente acredita que o assunto “Farc” é positivo para Dillma e que isso foi uma flechada no próprio pé dada por Índio da Costa? Ora…
ConcluindoOs jornalistas que não estão apenas a serviço do PT, cumprindo tarefa remunerada - ainda que seja remuneração ideológica, digamos assim - devem constatar, a esta altura, que serviram de massa de manobra de uma estratégia eleitoral. A questão é saber se cairão de novo, pela enésima vez.  Farão o mesmo na semana que vem? Continuarão a divulgar as “pesquisas internas” do PT dando conta do  espantoso avanço de Dilma? Convenham: começa a ficar difícil distinguir a ingenuidade da má fé em casos assim. Afinal, ingenuidade não pode ser um vício, né?
PS - Ah, sim, li que Lula se comparou a Cristo. Repetirei o que costumo escrever sempre que alguém a tanto se atreve: ENTÃO VAMOS COMEÇAR PELA CRUCIFICAÇÃO. Lula não pode ficar só com o bem-bom da divindade. Se é o cordeiro de Deus, então que vá para o sacrifício, certo? Brizola diria: “Que cordeiro, nada, tchê! É o Sapo Barbudo de Deus!” É…
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Volto para o meu calor e para os pensamentos incendiados de sol…
Por Reinaldo Azevedo

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".