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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Inocentes úteis e companheiros de viagem, expressões banidas nas eleições de 2010

INSTITUTO PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA
13, julho, 2010



Um jornalista do Washington Post escreveu que um desses dois tem a convicção que o outro é um idiota útil... Adivinha quem é?
Péricles Capanema
Inocente útil e companheiro de viagem são duas expressões atualmente enxotadas do debate político. São como duas velhotas, saíram de moda, ninguém fala nelas. É uma injustiça, as duas têm personalidade irradiante, são gente boa. É pena terem sido tiradas aos empurrões da sala.
De outro jeito, essas duas expressões, de forma resumida e simples, revelam muito. Desvelam num jato só o que antes estava velado a muita gente. Tem mais: a realidade que põem a nu está cada vez mais importante.
Por isso foram escorraçadas do debate. Estão banidas. Ficaram politicamente incorretas. As patrulhas ideológicas as puseram para correr. O objetivo final não é apenas bani-las, é de que sumam da memória popular.
O inocente útil é o que, sem se dar conta ─ pelo menos é mais caridoso pensar assim ─ facilita a execução do programa, do qual ele é suposta ou realmente adversário. Ajuda a tomada do poder por alguém que, no futuro, vai trucidá-lo, moral ou fisicamente.
O companheiro de viagem é o que caminha junto até um ponto da estrada. Ajuda o parceiro a chegar a um ponto determinado de seu programa. Neste ponto, o que quer continuar, descarta o que pretende parar, pois este ficou inútil ou virou um trambolho. O descarte aqui pode significar desde mandar para casa até fuzilar.
O exemplo histórico mais impressionante é o do duque de Orleans (o Filipe Igualdade). Apoiou a Revolução Francesa, votou a morte do primo, Luís XVI, e depois foi guilhotinado, quando não mais servia aos objetivos revolucionários. Ficou a lição trágica, infelizmente pouco aproveitada. Situações parecidas se repetiram largamente na Europa Oriental nos anos posteriores à 2ª Guerra Mundial, em que o comunismo teve a colaboração de inocentes úteis e companheiros de viagem para tomar o poder e se consolidar nele. Depois, ele torceu o pescoço de seus antigos aliados. A sorte reservada a esses infelizes foi o ostracismo, a cadeia ou a forca.
A língua espanhola é mais rombuda que a portuguesa ao qualificar o inocente útil. Chama-o de tonto útil. O mesmo se dá no inglês: useful idiot, idiota útil. Esta expressão ainda é usada nos Estados Unidos. Não pôde ainda ser totalmente escorraçada. O norte-americano está menos acostumado às mordaças que nós. Lá, a reação contra as patrulhas é bem maior que no Brasil.
Só um exemplo. Tem relação conosco. Semanas atrás, 6 de maio, Jackson Diehl, jornalista do Washington Post, escreveu que Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, tem a convicção que o presidente Lula é um idiota útil, ajudando o iraniano em seus planos de ter a bomba atômica, Com suas trapalhadas diplomáticas, chamadas por Jackson Diehl de vaidade diplomática de Lula, o Brasil só obteria o adiamento das sanções que poderiam ser a última chance de impedir, pela via pacífica, que o Irã tenha a bomba atômica e desequilibre o Oriente Médio, ameaçando a paz mundial.
* * *
Sei bem como é duro ser escorraçado sem motivo. Pois então, como reparação, vou convidar as duas velhotas a retomar seu lugar de merecido destaque na sala dos debates. Estavam no quintal, escondidas, acorrentadas e amordaçadas. Fui lá libertá-las. Elas merecem. Nada fizeram que desmerecesse sua relevância antiga. E, para lhes fazer mais fácil o retorno à normalidade, alguns exemplos logo abaixo indicarão como andaram fazendo falta. Sejam bem-vindas!
No Brasil temos milhões de inocentes úteis e companheiros de viagens. Contudo, o mais conhecido exemplo do inocente útil da atual quadra da política brasileira é o vice-presidente José Alencar. Empresário e fazendeiro bilionário, homem de família, foi presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). Sua inscrição no PL foi coerente com sua posição: defesa da propriedade privada e da livre iniciativa. Chegou ao Senado. Ali foi pinçado pelo PT para compor a chapa com Lula. Achou bom, ficou feliz. Representava um Estado, o de Minas Gerais, com o segundo maior contingente eleitoral do Brasil. Era alguma coisa. A razão principal, porém, nunca foi essa. O motivo determinante era ser a caução, o avalista de um programa que confessadamente tinha como objetivo fazer no futuro, do Brasil, um país socialista. Nestes oito anos, o PT aparelhou o Estado, perseguiu opositores na sociedade civil, encheu o Supremo de esquerdistas debandados, favoreceu o MST e as invasões e preparou um programa ditatorial e coletivista (PNDH-3, em sua versão autêntica) que aplicará tão logo asfixie as resistências. José Alencar, o bilionário, homem de família, durante todos esses anos, foi a grande caução. Um dia seus herdeiros certamente chorarão a atitude do antepassado ilustre. Como tantos familiares de inocentes úteis choraram na Europa Oriental e alhures.
Outro exemplo, e tomando o gancho da presidência da entidade de classe dos industriais. Acima, foi a FIEMG, presidida anos atrás por Zé Alencar. Agora, a FIESP, mais poderosa e influente, presidida por Paulo Skaf. É candidato a governador de São Paulo pelo PSB. Ou seja, de outro modo, o PSB acha que Paulo Skaf favorece seus objetivos. Se não ajudasse, não o colocaria como candidato a governador de São Paulo. Vamos ver o que o programa do PSB coloca como meta: “O objetivo do Partido, no terreno econômico é a transformação da estrutura da sociedade, incluída a gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que procurará realizar na medida em que as condições do País a exigirem”. Logo abaixo, para não deixar dúvidas: “A socialização realizar-se-á gradativamente, até a transferência, ao domínio social, de todos os bens passíveis de criar riquezas”. Em outras palavras, o PSB declara pública e inequivocamente que, de forma gradual, trabalhará pela socialização dos meios de produção. De outro jeito, pela coletivização das fábricas, fazendas, lojas etc. Seu candidato é o presidente da FIESP, a entidade que agrupa as pessoas que detém no terreno industrial os meios de produção. O presidente da FIESP aceita ser participante na tarefa de matar com asfixia gradual a classe da qual é representante.É outro inocente útil.
Qual o maior exemplo de companheiro de viagem e inocente útil das últimas décadas? A CNBB. Ninguém mais que a CNBB foi companheira de viagem e inocente útil do programa de fazer do Brasil um país libertário e coletivista. Ela apoiou todas as correntes de esquerda nas suas tentativas de tomar o poder no Estado e agrilhoar a sociedade. As comunidades de base, com apoio maciço no Episcopado, ajudaram a formar o PT. Agora, que o programa das esquerdas (sempre foi assim) comporta a aplicação do laicismo intolerante e a expulsão de Cristo das escolas, e de qualquer manifestação pública, ela choraminga. Está contra a abolição dos Crucifixos nas salas de aula e nas repartições públicas, o fim das aulas de religião, a generalização do aborto. É ótimo que esteja. Mas ela, como obstinada inocente útil, colaborou para que o Brasil chegasse até as bordas do ateísmo militante. Com sua ajuda, fortaleceu os que agora querem de novo crucificar Jesus Cristo.
Três exemplos. Poderiam ser centenas de milhares. Ou mais. É a maior praga da vida pública brasileira, a presença obsedante dos inocentes uteis e dos companheiros de viagem. Infelicita-a de alto a baixo, por dentro e por fora. Mas sobre ela não se pode dizer uma só palavra. As patrulhas ideológicas proíbem.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".