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quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Retrato de um Desastre

ADOLFO SACHSIDA
SEGUNDA-FEIRA, 26 DE JULHO DE 2010

Peço aos leitores desse blog que arquivem esta postagem. Peço também que a divulguem em suas listas de e-mail e amigos.

A crise americana assustou o mundo. Mas parece que o Brasil não aprendeu a lição. Tudo que deu errado nos Estados Unidos no passado recente está sendo posto em prática pelas autoridades brasileiras. Expansão do crédito acima da capacidade da economia, crédito abundante para pessoas com capacidade de pagamento duvidosa, operações financeiras que alavancavam o desastre, mudança nas garantias de empréstimo das empresas, juros subsidiados, e uma política monetária frouxa para estimular o crescimento do setor imobiliário. Tudo isso está sendo feito no Brasil.

Vamos começar pela seguinte matéria: “Em janeiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou as estatais federais a incluir ativos reais (como terrenos e prédios) nas garantias, dispensando os serviços das seguradoras. No mês passado, o CMN anunciou uma medida similar. Os fundos de pensão que integram as SPE foram autorizados a oferecer garantias em obras de infraestrutura. Anteriormente, os fundos eram proibidos de contribuir com as garantias, e as ofertas tinham de ser cobertas pelos demais sócios do projeto”. Pergunto: quem impedirá as estatais de inflar o valor das garantias? Veja agora que temos aqui um fato curioso: o mercado quer o dinheiro das estatais, as estatais querem investir, e o governo que deveria fiscalizar a operação é parte interessada no aumento dos empréstimos. Notaram? Todos os entes envolvidos têm estímulo para inflar a garantia. Com as garantias infladas projetos que antes não seriam economicamente viáveis tornam-se agora artificialmente viáveis. Dando uma noção equivocada da eficiência econômica, estes projetos alocam erradamente os recursos distorcendo e diminuindo a produtividade da economia.

Segunda matéria: “A securitização consiste na transformação da carteira de crédito em um ativo financeiro. A instituição divide a carteira em partes e as vende como títulos no mercado”. Os recursos para financiamento da casa própria estão acabando. Qual a solução do governo? Aumentar ainda mais o crédito para pessoas com dificuldade de pagamento. O que a Caixa Econômica Federal está fazendo é muito similar ao lançamento dos títulossub-prime nos Estados Unidos. Nada contra uma empresa privada financiar a compra de imóveis para pessoas com capacidade de pagamento duvidosa. Isso é mercado, arrisca-se nessa operação quem quiser. O problema aqui é que essas operações estão sendo feitas por um banco que tem garantia de solvência dada pelo Tesouro Nacional. Ou seja, esta conta inevitavelmente será paga pelo contribuinte brasileiro.

Por fim, a pérola: “De um lado, o Banco Central deverá reduzir os depósitos compulsórios incidentes sobre a caderneta de poupança. De outro, o Ministério da Fazenda dará isenção do Imposto de Renda nas aplicações realizadas por pessoas jurídicas em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI)”. Notem que a remuneração desses títulos já está entre 7,5% e 11% mais IGP-M, exatamente por que o governo acredita que precisa estimular ainda mais esse mercado? Temos aqui a união da política monetária com a política fiscal para estimular um mercado que já está extremamente aquecido. A conseqüência óbvia disso é a explosão de preços no mercado imobiliário.

Para o desastre ficar ainda maior, e atingir também o setor financeiro como um todo, só faltam duas medidas: a) o governo autorizar que o setor financeiro receba Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) como garantia de empréstimos. Ao fazer isso o governo estará autorizando empresas a investirem em CRI para os usarem como garantias na aquisição de empréstimos (devolvendo assim o CRI para dentro do setor financeiro); e b) a CEF dar garantias de recompra automática de CRI.

Quando esta bomba estourar, não adianta dizer que foi a ganância do mercado a responsável. O governo brasileiro é quem está conduzindo nossa nação para o precipício. A idéia do governo é boa: ajudar a população carente a ter casa própria. Contudo, os instrumentos adotados para tanto estão completamente equivocados.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".