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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Aqueles de quem tudo se tolera

MÍDIA SEM MÁSCARA
PERCIVAL PUGGINA | 25 JULHO 2010 

O que de fato surpreende no que disse Índio Costa é a constatação de que algo conhecido, sabido e consabido, possa causar espanto quando na boca de um candidato a vice-presidente. No país da mentira, da enrolation, da mistificação assumida como prática de Estado, isso dá causa a muxoxos e narizes torcidos.
Na última quarta-feira, participando de um programa de debates na Rádio Bandeirantes aqui em Porto Alegre, saí em defesa de Índio Costa quando veio à baila o que ele havia dito a respeito das relações entre o PT e as FARC/PCC. Minha posição causou alvoroço no estúdio porque, a todos, aquelas afirmações pareceram fora de contexto e prejudiciais à candidatura de José Serra. Quando passei a relatar as tantas evidências em que se fundamentara o candidato a vice-presidente na coligação PSDB/DEM, percebi que os demais participantes do programa tinham na lembrança os fatos que mencionei. Mas todos haviam ficado negativamente surpresos quando o assunto foi tratado publicamente por um candidato à vice-presidência.
É muito estranho isso. Na política brasileira, o único partido que pode atacar seus adversários é o PT. Aos petistas é dado o direito de investir contra a honra e infernizar por mil modos a vida daqueles a quem se opõem. No contra-fluxo, todo revide é apontado conduta inadequada, deselegância e causa enfado. "Isso vai prejudicar a campanha do Serra", alertam alguns, desatentos para o fato de que a campanha do Serra está prejudicada por muitos outros motivos, entre os quais a máquina publicitária do governo e o coronelismo oficializado, que troca comida por voto. Ou haverá alguém, no Brasil, que argumente de modo consistente contra essa afirmação?
O que de fato surpreende no que disse Índio Costa é a constatação de que algo conhecido, sabido e consabido, possa causar espanto quando na boca de um candidato a vice-presidente. No país da mentira, da enrolation, da mistificação assumida como prática de Estado, isso dá causa a muxoxos e narizes torcidos. Você já percebeu, leitor, que o nome do candidato virou motivo de gozação, servindo à mais vulgar ironia? Prestando-se para coisas assim, inteligentes e criativas, como menções a Funai, tanga, apito e cara pintada? Mas isso pode, porque na origem do desrespeito estão aqueles de quem tudo se tolera.
Tolera-se que Lula desatenda candente apelo da Colômbia, feito pessoalmente pelo presidente Uribe, em 2003, no sentido de que o Brasil declarasse as FARC como organização terrorista (coisa que elas são). Aceita-se que Lula cometa essa grosseria em nome de uma alegada intenção de "servir como mediador no conflito colombiano". O então ministro do Interior daquele país, Fernando Lodoño, comentou a inusitada situação dizendo que o presidente do Brasil se oferecia para uma tarefa à qual "ninguém o designou e nem está na lista das possibilidades" (Folha Online, 27/02/2003). Qualquer governo com um mínimo de seriedade, ao contrário do que fez o governo petista, deveria conceder total apoio a Uribe no enfrentamento que faz às FARC porque não existe na América do Sul - sob o ponto de vista político, social, moral e institucional - algo mais nocivo, nem mais nutritivo para o crime. E o PCC é um braço bem armado das mesmas FARC no Brasil.
O governo brasileiro, no entanto, acolhe os membros daquela organização, troca afagos ("na Venezuela tem democracia até demais, disse Lula") com o companheiro Chávez, que dá guarida às FARC em seu território. Ao mesmo tempo, somos obrigados a ler nos jornais, periodicamente, que esses bandidos usam, também, a Amazônia Brasileira como local de refúgio e fazem do Brasil através do PCC e outras organizações, uma de suas principais rotas de destino e trânsito para a droga que comercializam. Mas errado, reprovável, injurioso, incompatível com a seriedade de uma boa e reta campanha eleitoral, conforme os elevados padrões requeridos pelo TSE, foi o deputado Índio da Costa, ao trazer essa irrelevante pauta para a campanha eleitoral.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".