Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

CARGA TRIBUTÁRIA ELEVADA E BUROCRACIA: PARA QUÊ?

HEITOR DE PAOLA
25/07/2010


Muito se tem escrito sobre estes fenômenos que crescem assustadoramente em todo o mundo, particularmente no nosso País, onde a carga tributária atinge algo em torno de 40% e a burocracia emperra todas as tentativas de abrir um negócio – ou, pior ainda, de fechá-lo. São necessários mais de 100 documentos, cada um com dúzias de carimbos, e um gasto absurdo em dinheiro. Além disto, o tempo de espera é enorme e freqüentemente são feitas novas exigências, e novos custos. O governo combate o chamado comércio ilegal. Ora, qual a diferença entre comércio legal e ilegal? Os primeiros pagam impostos, só isto! A população é iludida para se sentir protegida se compra mercadorias ‘legais’, com ‘controle de qualidade’ governamental, ’prazos de validade’ - rótulos ou embalagens que podem facilmente ser trocados e por um passe de mágica passam a ter mais validade! Os brasileiros, acostumados desde o Império, aos rígidos controles de suas vidas e à derrama, aplaudem a cada nova regulamentação e até pedem mais, como aconteceu recentemente com a tal ‘lei ficha limpa’ (ou suja, sei lá!), através da qual os eleitores entregam seu direito inalienável de escolher os governantes a um grupo de cidadãos, supostamente mais honestos do que os políticos, os Desembargadores que mais embargam do que desembargam, e os Procuradores que só encontram o que lhes interessa. E lá vem mais: a lei das cadeirinhas para crianças, a ditadura da ‘alimentação sadia’ e o rígido controle sobre medicamentos.

As discussões a respeito dos tributos e da burocracia se limitam, via de regra, a intermináveis discussões econômicas, eventualmente aspectos políticos são abordados. Mas o problema não é econômico, nem político, nem social: é ideológico. Quando a população acredita que vai acabar com a corrupção dando mais poder aos poderosos – como no caso da tal lei – está cavando mais fundo a sepultura de sua própria liberdade, pois a única possibilidade de diminuir a corrupção é diminuir o poder e tamanho do Estado. A cada novo acréscimo de poder, mais próximos do estado totalitário desenhado por Marx e seguidores.

Discutir este assunto sem saber qual é verdadeira meta do Estado é correr o risco de ficar andando em círculos. Ao definir a passagem do Estado Socialista para o futuro Estado Comunista, Marx ressaltou que a diferença fundamental seria passar de um Estado em que imperasse a cada um de acordo com seu trabalho, para outro mais desejável no qual imperaria a cada um segundo suas necessidades. Enquanto o primeiro inclui necessariamente algum esforço, o segundo acena com um estado de coisas paradisíaco ou nirvânico no qual todos terão suas necessidades atendidas. Este estado já foi atingido pelos próprios detentores do poder: os mais iguais entre os ‘iguais’ (apud Orwell).

Para eles a teoria marxista deu certo! Conseguiram recriar o estado aristocrático de parasitas tão indolentes quanto inúteis! Constituem o verdadeiro fim a que se propõe a ideologia e a práxis comunista: a constituição de uma Nova Classe. Como bem o disse Milovan Djilas: “Em contraste com as antigas revoluções, a comunista, feita em nome da extinção das classes, resultou na mais completa autoridade de uma nova e única classe”. Alegando construir, “um mundo melhor possível”, uma sociedade nova, ideal, mais justa, “construíram-na para si mesmos do melhor modo que puderam”. A Nova Classe “se interessa pelo proletariado e pelos pobres apenas na medida em que eles lhes são necessários para o aumento da produção (...) o monopólio que, em nome da classe trabalhadora, se estabelece sobre toda a sociedade, é exercido principalmente sobre esta mesma classe trabalhadora”. A Nova Classe se apropria de todos os bens pela nacionalização e estatização, tornando-se uma classe exploradora.

Bruno Rizzi, dentro de ponto de vista ainda marxista, mostra que “os exploradores não se apropriam da mais-valia diretamente, como o faz o capitalista quando embolsa os dividendos de sua empresa. Fazem-no indiretamente através do Estado, que embolsa a mais-valia nacional e a distribui, então, aos seus funcionários”. Estes funcionários constituem a Nomenklatura (apud Voslensky): uma classe de exploradores e de privilegiados. Foi o poder que lhe permitiu ascender à riqueza e não a riqueza que lhes proporcionou o poder.

É claro que é preciso continuar iludindo a população de que estamos construindo a ‘democracia’ e a ‘cidadania’ (seja lá o que for que isto signifique!) e que comunismo é outra coisa, aquele mundo horrível conduzido por Stalin com mão de ferro. Já estamos nele hoje, não é uma promessa de futuro. Esta nova classe inclui os funcionários dos três poderes, das estatais, os grandes empresários metacapitalistas que vivem das tetas estatais e toda a burocracia estadual e municipal.

E para acabar com isto não há solução nas próximas eleições: todos os candidatos, sem exceção, pertencem à Nova Classe e vão fortalecê-la ainda mais, não se iludam.

Artigo para ser publicado no Jornal Inconfidência, Belo Horizonte, MG

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".