A OEA contra a Colômbia
Graça Salgueiro
No último dia 22 a Assembléia Permanente da OEA reuniu-se extraordinariamente, a pedido da Colômbia, para denunciar a Venezuela de abrigar em seu território 1.500 terroristas das FARC e ELN, além de mais de 80 acampamentos fixos. O embaixador colombiano ante a OEA, Luis Alfonso Hoyos, apresentou provas em fotos, vídeos, mapas, depoimentos de desmobilizados, além de correspondências comprometedoras encontradas em computadores de guerrilheiros abatidos (Vejam mais detalhes aqui). Ao finalizar sua exposição, Hoyos disse que não se tratava de uma “guerra política” mas que seu país apenas desejava a cooperação da Venezuela no combate ao narco-terrorismo, sugerindo que se criasse uma comissão internacional para visitar os locais assinalados e averiguar se procediam as acusações.
As provas são insofismáveis e fartas, entretanto, o embaixador venezuelano ante esse organismo, Roy Chaderton, não tendo como contra-argumentar limitou-se ao deboche, ao escárnio, afirmando que nada daquele material constitua-se de provas e que foram “montagens” feitas pelos militares colombianos. Ato contínuo, Chávez oficializou o rompimento de relações diplomáticas com a Colômbia, o que, a meu juízo e de todos os analistas sérios, ele apenas confirmou o que se denunciava sobre ele. Se de fato as denúncias eram improcedentes, qualquer pessoa naquela situação mais que depressa ofereceria o local à visitação a fim de se livrar da acusação.
Durante a sessão, como era de se esperar, os países membros da ALBA defenderam a Venezuela, o Brasil não se manifestou publicamente mas apóia Chávez, e os países de quem se esperava um apoio mais efetivo por partilharem da mesma política (Peru, México, Estados Unidos, Costa Rica, Panamá, Chile, El Salvador e Canadá), limitaram-se a repetir que “só com o diálogo” se poderia resolver essa questão tão delicada. Ora, se até os países aliados caíram nesse conto idiota do “diálogo” em vez de uma ação afetiva e uma rigorosa sansão contra a Venezuela, não vejo muita esperança de que a proposta da Colômbia obtenha grandes resultados.
O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, J. P. Crowley,afirmou hoje (24.07) que seu país apóia a criação de uma comissão de investigação, acrescentando: “Cremos que a Venezuela tem a responsabilidade de responder com celeridade à importante informação apresentada ontem pela Colômbia. Acreditamos que seria útil a participação internacional nessa investigação que pode ser feita por várias vias”. E concluiu enfático: “Esperamos uma resposta mais construtiva da Venezuela a esta reunião de ontem, porém, se a Venezuela não coopera, os Estados Unidos e outros países tomarão nota disto”.
Caracas, por sua vez, rechaça as acusações e a possibilidade dessa comissão internacional visitar seu território com essa finalidade. O que piora as coisas é que, segundo as normas da OEA, só se pode enviar uma comissão desta naturezase o país a ser visitado concordar. Todos lamentaram o rompimento das relações diplomáticas anunciada por Chávez mas não houve um só país a cobrar de Chávez o rompimento com os bandos narco-terroristas, pois este foi o objetivo precípuo da solicitação colombiana. Faltou contundência e coragem de todos os países para enfrentar Chávez de cabeça erguida. É como se todos temessem os arroubos despóticos deste ditador golpista e ficassem colocando panos mornos.
Ao mesmo tempo, no Brasil, o candidato a vice-presidente de José Serra, Índio da Costa, resolveu jogar no ventilador as ligações arqui-conhecidas do PT com as FARC, sendo em seguida endossado pelo próprio Serra. Como em 2002, quando ameaçou Boris Casoy, Lula voltou a engrossar a voz afirmando que “nem mesmo Serra acredita nessas tolices”. Entretanto, em matéria publicada hoje pelo jornalABC da Espanha, Lula disse o seguinte: “As pessoas podem não gostar do PT, podem ter divergências com o PT, porém acreditar que o PT tem nexos com as FARC é não conhecer a história do Foro de São Paulo, que coordenamos por mais de dez anos e no qual as FARC nunca tiveram participação”.
Lula sempre negou a existência do Foro de São Paulo mas agora ele já existe e foi presidido pelo PT. Entretanto, a farsa de que as FARC nunca foram parte desta organização criminosa persiste. Será mesmo? Então leiam o que disse sobre o Encontro de 2008, que ocorreu em Montevidéu, o site do Partido Comunista Catalão, referindo-se aos participantes mais antigos e fundadores: “A Frente Ampla, anfitriã deste evento, é fundadora do Foro de São Paulo junto com o Partido dos Trabalhadores do Brasil (seu promotor), a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FFFMLN), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC),... e outras organizações de esquerda latino-americanas”.
O Secretário-Geral da OEA, José Miguel Insulza, pertence ao Partido Comunista chileno, que é membro do Foro de São Paulo, assim como o PT de Lula e o PSUV de Chávez. Por isso a OEA não fará nada contra seus aliados e em favor da Colômbia.
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