26 DE JULHO DE 2010
Dramáticas evidências apresentadas pela Colômbia na reunião da OEA, na última quinta-feira, em Washington, colocam Hugo Chávez sentado no banco dos réus.
Quando a Colômbia lançou um ataque em março de 2008 contra um acampamento de terroristas um pouco mais de sua fronteira com o Equador, o mais forte protesto não veio de Quito, mas de Caracas. Hugo Chávez lamentou a morte do homem forte das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (Farc), do comandante Raúl Reyes, a quem chamou de “um bom revolucionário”. Ele também gritou pela violação da soberania equatoriana e ordenou que 10 batalhões de tanques venezuelanos fossem enviados para a fronteira de seu país com a Colômbia. “Não penses em fazer isto por aqui", advertiu ao presidente colombiano Álvaro Uribe, "porque seria muito grave, seria motivo de guerra". Wall Street Journal ( Mary Anastasia O'Grady )
Na quinta-feira, a Colômbia se explicou – ainda que indiretamente - por que o senhor Chávez colocou uma espuma sobre essa incursão de 2008. Em uma apresentação de duas horas ante o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos, OEA, o embaixador colombiano Luis Alfonso Hoyos apresentou uma série de fotos, vídeos, mapas, imagens de satélites e documentos de computador que segundo alega a Colômbia mostram os rebeldes usando a Venezuela como um cofre de refugio da mesma forma que eles estavam usando o Equador.
Hoyos também acusou que a Venezuela sabe dos acampamentos da guerrilha - alguns dos quais estão por lá há muito – e não faz nada a respeito. Na verdade, a Guarda Nacional Venezuelana faz consortes com os rebeldes, afirmou Hoyos.
Perante esta nova informação, a reação de Chávez pela incursão da Colômbia no Equador em 2008 agora parece lógica. Bogotá justificou o ataque à base, alegando que seus apelos a Quito para perseguir às Farc, que tinha descanso e relaxamento em seu território, não tinham dado em nada. Agora nós sabemos que Chávez tinha razões para acreditar que ele seria o próximo. Mas Uribe lançou um tipo diferente de ofensiva na quinta-feira. Ao invés de uma operação militar, incluiu novas informações da inteligência sobre os postos avançados das Farc na Venezuela, e deixou cair como uma bomba no Conselho Permanente da OEA.
Os fatos não foram nenhuma surpresa. Durante anos, Bogotá tem se queixado –sem escassez de prova - sobre o tratamento cordial que a Venezuela dá a guerrilha. Mas pela embalagem e entrega das novas provas, como o fez, Uribe colocou Chávez, publicamente, na cena. Mais importante ainda, ele forçou a questão com seus homólogos do hemisfério.
Hoyos disse à OEA que existem cerca de 1.500 rebeldes do outro lado da fronteira e mais de 75 acampamentos. Lá eles se reagrupam, se organizam, treinam e prepararam os explosivos. Este estatuto de refúgio seguro, explicou ele, produz mais seqüestros e tráfico de drogas em ambos os lados da fronteira. E matam mais pessoas na Colômbia: as fotos das vítimas dos rebeldes passavam na tela, enquanto ele falava.
Hoyos não pediu sanções contra a Venezuela. Ao invés disso, pediu uma comissão internacional para verificar as afirmações da Colômbia. Ele prometeu que seu governo poderia fornecer as precisas “coordenadas” dos locais onde os rebeldes estão instalados. "Se o que existe é apenas uma pequena escola e humildes camponeses, não haveria nenhum problema com uma comissão internacional para verificar se a acusação da Colômbia não é verdadeira", argumentou Hoyos.
Isso soa bastante razoável. Mas a reunião da OEA nem sequer tinha terminado quando Chávez, incapaz de conter sua frustração ao ser descoberto de novo na arena política de Uribe, rompeu as relações diplomáticas com a Colômbia. Foi coisa a certa a fazer, justificou, por uma questão de “dignidade”. Infelizmente para os venezuelanos, no entanto, se seu governo já teve alguma dignidade, isto faz muito tempo. Os dados da Colômbia são apenas a mais recente humilhação que a credibilidade de Chávez sofreu no cenário mundial.
No entanto, apesar do que parecia ser um grande receio chavista, é provável que tenha sido também de seus aliados da região que viram tudo vir abaixo. Na quarta-feira, o embaixador do Equador, na OEA, que assumiu a presidência rotativa do Conselho Permanente, renunciou. Ele disse que tinha de fazê-lo porque ele não foi capaz de cumprir o pedido de seu governo para bloquear a apresentação da Colômbia. O ministro de Relações Exteriores equatoriano, Ricardo Patiño, um aliado próximo da Venezuela, que é aparentemente totalmente familiarizado com a noção das regras institucionais, passou a sexta-feira castigando o Secretário Geral da OEA, José Miguel Insulza, por permitir que a Colômbia invocasse seu direito na OEA para apresentar seu caso.
O Departamento de Estados dos EUA disse que a decisão de Chávez de romper com a Colômbia foi petulante e felizmente também afirmou que irá “apoiar as propostas da Colômbia”. Isso ajudará as chances de uma comissão de verificação no âmbito da OEA. Também explica por que o Equador e a Argentina (e Lula) manifestaram interesse em levar o assunto para a Unasul, onde Uribe seria superado em número pelos tiranos de esquerda.
Mesmo que a comissão de verificação da OEA não chegue a se concretizar, a Colômbia não deixa de ter opções. Poderia pedir ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para invocar a Resolução 1373, que proíbe os membros de abrigar ou ajudar os terroristas.
E na semana passada, o fiscal geral da Colômbia, sugeriu que o assunto poderia ir para a Corte Penal Internacional de Haia.
A multidão pró-Chávez está fingindo preocupação pela guerra. Mas se a Venezuela está dando o refúgio seguro às Farc, é porque já está envolvida em agressão contra seu vizinho. Isso é uma verdade incômoda que é difícil de evitar.
Titulo original - Where the FARC goes to fatten up – Venezuela – WSJ – Tradução do FiladaSopa (Arthur)
Titulo original - Where the FARC goes to fatten up – Venezuela – WSJ – Tradução do FiladaSopa (Arthur)
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