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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Prisão de Gallina e do “ex-obrigado-a-ajudar-as-FARC” Mondragón traz à tona esquema de corrupção no Iases

 

“…e acabei parando nas Farc (Forças Armadas Colombianas). Eles me obrigavam a catar folhas de maconha, era um trabalho escravo…”  (fonte)

 

SECULO DIÁRIO

Conforme denunciado com exclusividade por Século Diário, esquema foi iniciado em 2006, quando Gerardo Mondragon era apenas consultor da autarquia

José Rabelo

17/08/2012 12:35 - Atualizado em 17/08/2012 12:54

As dezenas de reportagens publicas por Século Diário, entre os anos de 2011 e 2012, finalmente foram investigadas e transformadas em denúncias. O juiz titular da Vara da Central de Inquéritos Criminais de Vitória, Marcelo Loureiro, responsável pelas investigações, foi quem pediu as prisões da diretora-presidente do Instituto de Atendimento Socioeducaivo do Espírito Santo (Iases), Silvana Gallina e do presidente do Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (Acadis), Gerardo Bohorquez Mondragón. 

Há informações, ainda não oficiais, de que o diretor socioeducativo da unidade da Acadis de Linhares, Ricardo Rocha, também teria sido detido. A Polícia Civil, que efetua os mandados de prisão e busca e apreensão desde as primeiras horas da manhã desta sexta-feira (17), confirmou diligências na casa do deputado estadual Josias da Vitória (PDT) e dos familiares dele em Colatina. 

Também como publicado com exclusividade por Século Diário, pelo nos três empresas da família do deputado, em nome de sua irmã e de sua mulher, passaram a estabelecer contratos com a Acadis Linhares, logo após o deputado, que é candidato a prefeito de Colatina, movimentar um engenhoso lobby para promover Mondragón no Estado, que até a interferência de Da Vitória era um consultor anônimo do Iases. 

Motivos da prisões

Para entender as prisões de Gallina e Mondragon é preciso voltar ao ano de 2006, quando o ex-frei colombiano aportou no Estado a convite da Silvana Gallina. Em outubro do mesmo ano, Gallina celebrou um contrato de consultoria, sem licitação, com Mondragón no valor de R$ 115 mil por cinco meses de trabalho, que foi sendo renovado sucessivamente. A missão do ex-frei era construir o plano de ocupação e de atendimento pedagógico do Centro Socioeducativo de Cariacica (CSE), unidade que só seria inaugurada em janeiro de 2009. O consultor ficaria encarregado também de definir os critérios de seleção, recrutamento, treinamento e capacitação dos funcionários que trabalhariam na nova unidade, que mais tarde seria entregue a ele mesmo. A partir daí, o colombiano passa a ter a faca e o “gordo queijo” do Iases na mão. 

Enquanto a proposta pedagógica e a unidade eram construídas, Gallina precisou se desdobrar para promover o nome do colombiano em solo capixaba. Para isso, contou com a ajuda de alguns colaboradores determinados em transformar o ex-frei em “papa no assunto ressocialização” de adolescentes em conflito com a lei. 

O deputado Josias da Vitória (PDT), que à época exercia seu primeiro mandato na Assembleia, foi um dos que aceitaram a empreitada de ser “promoter” do colombiano, que se dizia “idealizador” do Modelo Pedagógico Contextualizado – método que na verdade fora copiado dos Religiosos Terciários Capuchinhos Amigonianos. 

O deputado da Vitória não poupou esforços para promover o agora amigo colombiano. A estratégia era tornar o ex-frei uma referência no trabalho com adolescentes privados de liberdade. Da Vitória promoveu eventos, audiências públicas, seminários e debates para divulgar o Modelo Pedagógico Contextualizado (MPC), surrupiado Amigonianos. Conseguiu também espaço na imprensa corporativa capixaba para divulgar o nome de Mondragón. Deu certo. Veja algumas manchetes veiculadas pelo jornal A Gazeta da época, o mesmo que agora se apressa para publicar a prisão do colombiano: "Ex-infrator colombiano, Gerardo Bohorquez Mondragón lança livro no Tribunal de Justiça"; "Educador Gerardo Mondragón mostra que é possível recuperar dependente químico"; "Ele esteve no mundo do crime e hoje resgata os infratores". Mesmo após as denúncias publicadas por Século Diário envolvendo o colombiano, o jornal não se preocupou em ir atrás dos fatos e levar a verdade para seus leitores. 

No final de 2010, depois de viajar à Espanha a convite de Mondragón, o deputado voltou para o Espírito Santo cheio de “boas ideia”. Emplacou, assim que chegou, um artigo no jornal A Gazeta para relatar a experiência exitosa de sua viagem à Espanha com o companheiro colombiano e aproveitou para mandar um recado ao então governador eleito Renato Casagrande, que estava prestes a assumir o comando do Estado. Avisou: “(...) E é por isso que sou defensor da implantação, em terras capixabas, de um projeto de ressocialização similar ao espanhol, e farei esta sugestão ao próximo governador [Casagrande], que, tenho certeza, será sensível a essa proposta”, registrou em seu artigo.

A essa altura, fazia um ano que Mondragón havia se tornado presidente da recém-criada Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (Acadis). Menos de seis meses depois da fundação da nova entidade, Mondragón já havia assumido a gestão do Centro Socioeducativo de Cariacica (CSE), como fora premeditado por ele e Gallina ainda em 2006, quando o ex-frei era ainda consultor do Iases. 

Da Vitória, durante todo o ano passado e início deste ano, fez lobby para consolidar o nome de Mondragón como referência no trabalho com adolescentes em conflito com a lei no Estado, já pensando no novo contrato que a Acadis fecharia com o Iases para gerir a unidade de Linhares, já sob o governo de Renato Casagrande.

Às vésperas do Iases fechar o novo contrato com a Acadis, que assumiria a gestão da recém-inaugurada Unidade Socioeducativa de Linhares, Da Vitória se valeu da sua influência de deputado para abrir mais espaço para o colombiano. 

No primeiro semestre de 2011, o pedetista promoveu uma audiência pública em seu reduto eleitoral, Colatina, para o ex-frei pôr à prova toda a sua "sabedoria" sobre o projeto “Escola para Família Co-Dependente”. Depois de Mondragón, foi a vez do juiz da 9ª Vara Criminal de Vitória, Alexandre Farina – que também viajou para a Espanha na companhia de Da Vitória e Mondragón -, discursar sobre o projeto “Começar de Novo”.

Quase um ano antes da audiência em Colatina, Da Vitória articulou uma reunião com a Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa, da qual era membro efetivo, para o amigo Gerardo Mondragón apresentar aos deputados o trabalho da Acadis no CSE e o Modelo Pedagógico Contextualizado (MPC). Com o objetivo de matar a cobra e mostrar o pau, Mondragón levou um dos adolescentes do CSE para fazer um relato. Disse o adolescente, repetindo um texto bem decorado: “O Centro Socioeducativo transformou a minha vida. Hoje estou trabalhando e estudando. Quero agradecer a Silvana Gallina e ao Gerardo pela oportunidade e quero pedir que a sociedade acredite neste projeto”. 

O projeto de fortalecimento do nome Gerardo Mondragón não para por ai. No dia 6 dezembro de 2010, preocupado em deixar uma boa imagem do companheiro para o novo governo que chegava, Da Vitória coroou seu trabalho de relações públicas ao conseguir o título de cidadão espírito-santense ao ex-frei. A justificativa para conceder o título ao colombiano foi atribuída aos resultados “extraordinários” obtidos pelo CSE em menos de dois anos. O texto lido em público rasga elogios ao presidente da Acadis e beira o exagero: “(...) [o trabalho da Acadis] trouxe mudanças significativas para toda a sociedade capixaba”.


Mas Da vitória percebeu que poderia levar Mondragón ainda mais longe. O agora cidadão espírito-santense se sentaria ao lado da maior autoridade do Estado, o governador Renato Casagrande, no evento de lançamento do livro “Modelo Pedagógico Contextualizado (MPC)”, que aconteceu no Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Na mesa, além do governador, o desembargador Manoel Alves Rabelo; o deputado Da Vitória, é claro; a juíza da Infância e Juventude da Serra, Janete Pantaleão; a diretora-presidente do Iases, Silvana Gallina; e o gerente de meio ambiente e comunicação da ArcelorMittal Tubarão, Sidemberg Rodrigues - empresa parceira no projeto do MPC, que foi plagiado dos amigonianos -, validaram de vez o nome do colombiano e o seu método revolucionário.

Após esse evento, que aconteceu no início de maio de 2011, o trabalho de Da Vitória fora finalizado com louvor. Agora chegava o momento de o deputado colher os merecidos frutos, que viriam em forma de contratos milionários, pois havia toda uma cadeia para ser alimentada. 

Contratos

Com um novo contrato de mais de R$ 10 milhões anuais para gerir a unidade de Linhares até, pelo menos, dezembro de 2013, Mondragón usou o dinheiro público ilicitamente para entregar quatro contratos a empresas de familiares do deputado Josias Vitória, como paga por todo o lobby que o pedetista movimentou em prol do colombiano. 

Com a Capixaba Vigilância e Segurança - empresa que tem entre os sócios a irmã do deputado, Delza Auxiliadora da Vitória – a Acadis fechou um contrato de R$ 939.859,20 anuais. O contrato prevê o fornecimento de serviços de vigilância armada e desarmada para a unidade de Linhares. Detalhe, a mulher do deputado, Luciana Tozato da Vitória, aparece como sócia da empresa até 2006. Luciana saiu da sociedade, provavelmente, para “liberar” a empresa para contratar com o governo ou com organizações sociais como a Acadis, sem expor o deputado. 

Além dos serviços de vigilância, outra empresa em nome da irmã do deputado mantém mais três contratos com a Acadis Linhares. A Capixaba Assessoria Empresarial LTDA fornece para a unidade mão de obra de jardineiro (2), artífice (2), auxiliar de serviços gerais (7) e um encarregado. Para dispor dos serviços dos 12 profissionais a Acadis paga anualmente à empresa de Delza da Vitória R$ 293.960,40. Cada auxiliar de serviços gerais, por exemplo, que deve ganhar pouco mais do que um salário mínimo (cerca de R$ 600) custa à Acadis, ou melhor, aos cofres públicos, R$ 2.076,22. 

Os 11 motoristas que dirigem os carros da Acadis Linhares também são contratados da Capixaba Assessoria Empresarial LTDA. Por ano, a entidade paga à empresa R$ 465.843,12.

Pertence também à Capixaba Assessoria Empresarial LTDA o contrato de fornecimento de mão de obra de profissionais da área de saúde. A empresa de Colatina, reduto eleitoral do deputado Da Vitória, recebe mais R$ 132.643,32 anuais da Acadis para manter um enfermeiro e dois técnicos de enfermagem na Unidade de Linhares. 

Ao todo, o governo do Estado paga, por meio do convênio de terceirização com a Acadis, R$ 1.832.306,00 anuais pelos quatro contratos às duas empresas da irmã do deputado. Todos, evidentemente, sem licitação, tabelas referenciais ou mapas comparativos de preços, como estabelece a legislação para entidades que contratam com dinheiro público. 

Embora o deputado tenha se precavido ao tirar Luciana da composição societária da Capixaba Vigilância e Segurança e da Capixaba Assessoria Empresarial LTDA, a informação que corre em Colatina, sede das duas empresas, é de que a esposa do deputado continua vinculada às empresas. 

O informativo de dezembro de 2010 do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Espírito Santo (Seaces), do qual a Capixaba Assessoria Empresarial LTDA é associada, parabeniza os aniversariantes do mês. Na seção, Luciana Tozato da Vitória é identificada como representante da Capixaba Assessoria Empresarial LTDA. 

Não bastassem os contratos milionários, Gerardo Mondragón também beneficia o deputado empregando na unidade alguns “afilhados” do pedetista. Por meio da folha de pagamento da Acadis Linhares de julho de 2011 que beira a casa dos R$ 150 mil mensais, identificamos pelo menos duas funcionárias que têm o mesmo sobrenome do deputado. Dilene Marins da Vitória, assistente social contratada em dezembro de 2010, recebe R$ 2.379,00 mensais da entidade. Já Thamires da Vitória, contratada em abril deste ano para exercer a atividade de pedagoga, também recebe os mesmos R$ 2.379,00 da Acadis. 

Um comentário:

Saulo disse...

Procurem saber da passagem do citado por Minas Gerais e as razões de sua saída dos Amigonianos. Me impressionou a Fundação Casa (de São Paulo) o acolher depois da ganância Valeriana que teve em Minas e mais ainda, os Capixabas repetirem o erro.
Enquanto isso, os adolescentes tomam borrachada!

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".