A GAZETA
Agressor de 61 anos teria chegado bêbado em casa e batido no pai com bengalas
12/08/2012 - 22h49 - Atualizado em 12/08/2012 - 22h49
foto: Ricardo Medeiros - NA
“Ele só me chama de desgraça”
Atalino Santana, 88 anos, aposentado
Patricia Maciel
pmaciel@redegazeta.com.br
Da Redação Multimídia
Foi com feridas no rosto e dores no corpo que o aposentado Atalino Santana, 88 anos, passou o Dia dos Pais. Ele foi espancado com as próprias bengalas pelo filho na véspera da comemoração, no bairro Vale Encantado, em Vila Velha. O acusado é o mecânico Ubirajara Santana, 61 anos.
"Eu me levantei para procurar alguma coisa para comer, pois havia dois dias que eu não me alimentava. Quando está na bebedeira, meu filho não compra e nem faz comida. Quando
foto: Ricardo Medeiros
Seu Atalino ficou com o rosto e o corpo feridos após ser espancado por Ubirajara, que ficou preso
ele chegou, eu estava comendo um pedaço de pão que achei no armário. Ele disse que eu estava roubando a comida, pegou as bengalas e começou a me bater", contou o idoso, que sofre de epilepsia, anda e fala com dificuldade.
Mesmo com os gritos do pai, o mecânico não interrompeu a agressão. Vizinhos ouviram os gritos do idoso e chamaram uma mulher que mora no primeiro andar da residência. "Tentei subir, mas o portão estava trancado. Então, peguei uma escada emprestada e pulei o muro. Quando consegui entrar na casa, ele parou de bater", contou a agente penitenciária Ana Angélica Magalhães, filha da proprietária da casa onde pai e filho moram.
Antes que a vizinha conseguisse entrar na casa, o acusado tirou e escondeu as roupas do pai, para não deixar provas do crime. "Encontrei ele nu", completou a vizinha.
Para surpresa dos vizinhos, o idoso revelou que sempre apanha do filho. "Ele chega em casa bêbado e me bate. Isso acontece há uns três anos", disse Atalino, mostrando as marcas de agressões anteriores.
"Nunca desconfiamos que ele batia no pai. Eu sempre ouvi seu Atalino gritando, mas o filho dizia que ele era louco e sofria de epilepsia", justificou Ana Angélica. Após a agressão de sábado, policiais militares foram ao local e levaram o mecânico preso.
No Departamento de Polícia Judiciária de Vila Velha, ele foi autuado por lesão corporal e negou as agressões. O idoso foi atendido em um hospital da região, mas foi liberado.
Decepcionado com a atitude do filho, o aposentado Atalino Santana, 88 anos, disse que o mecânico planejava a morte dele.
Família não sabia das agressões
A dona de casa Tânia Queiroz Braga, 44 anos, filha do aposentado Atalino Santana, 88, disse não saber que o pai apanhava do irmão dela. “Ubirajara é alcoólatra. Que ele vivia na cachaça, todo mundo sabia. Mas nunca desconfiamos que ele batia no meu pai. Ele escondia isso da gente”, explicou Tânia. Atalino tem oito filhos.
A dona de casa também contou que o idoso morou com ela por dois anos, mas o próprio aposentado teria pedido para ir morar com o filho. “Ninguém quer tomar conta dele, porque todo mundo trabalha. Então, tentamos revezar. Fiquei com meu pai por dois anos aqui em casa, mas ele mesmo pediu para ir morar com meu irmão, porque disse que gostava dele. Quando chegávamos lá, parecia que estava tudo bem”, afirmou.
Na manhã de ontem, Tânia esteve na casa do irmão e levou o pai para a casa dela. “Estávamos preparando um monte de comida para o almoço do Dia dos Pais. Iríamos comemorar a data lá, junto deles”, disse a mulher.
Inconformada, a família quer que o mecânico pague pelo que fez. “Quero que ele fique na cadeia para aprender o que é um pai. Nunca bati nos meus filhos, nem nos meus pais”, desabafou o idoso.
Tristeza
“Ele só me chama de desgraça”
Atalino Santana, 88 anos, aposentado
Decepcionado com a atitude do filho, o aposentado Atalino Santana, 88 anos, disse que o mecânico planejava a morte dele.
O que aconteceu com o senhor?
Foi meu filho que me machucou.
Ele sempre faz isso?
Sempre me agride. Ontem (sábado), ele me machucou tanto que o chão da casa ficou lavado de sangue.
Há quanto tempo ele bate no senhor?
Há três anos, desde que viemos do Rio de Janeiro. Uma vez, ele chutou minha bacia e afundou minha platina, que tive que colocar por causa de uma queda. Outra vez, arrancou a pele do meu braço com as unhas. Uma noite, me deu um soco tão forte no ouvido que chegou a sair sangue dos meus olhos.
Como o senhor se sente depois desta agressão?
Não ensinei isso a ele. Só dei carinho. Também nunca gostei que falassem palavrão em casa. Mesmo assim, ele só me chama de miséria e desgraça.
Seu filho trabalha?
Ele é mecânico, mas quase nunca trabalha. Ele pega meu dinheiro no banco e vai beber. Acho que ele até cheira alguma coisa. Ele disse que estava tratando com dois traficantes de me jogar de cima da ponte.
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