Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Hidrovias: quando cresceremos?

MÍDIA A MAIS
por Geraldo Luis Lino em 10 de novembro de 2010


Hidrovia Tietê-Paraná. Imenso potencial de um importante meio de transporte ignorado pelos governantes
Éde conhecimento geral que o transporte hidroviário é, historicamente, o mais barato e eficiente para a movimentação de cargas a longas distâncias. Por isso, os países que dispõem de redes hidrográficas de porte costumam empenhar-se no seu pleno aproveitamento, que lhes confere importantes vantagens comparativas para o transporte da sua produção física. A União Europeia tem 37 mil km de hidrovias; os EUA, 47 mil km; a China, 124 mil km; e até mesmo a Rússia, onde os rigorosos invernos reduzem a temporada de navegação a não mais de 220 dias por ano, explora mais de 100 mil km dos seus rios.
 
O Brasil dispõe de 29 mil km de rios naturalmente navegáveis, aos quais, com melhoramentos e obras adequadas, podem ser acrescentados outros 15 mil km – perfazendo uma significativo potencial hidroviário de 44 mil km.
 
Ademais, as dimensões continentais do País e o seu relevo pouco acidentado na maior parte do território (97% dele em altitudes inferiores a 900 m), por si só, sugerem que o nosso sistema de transportes pode e deve basear-se nas modalidades mais eficientes e de menores custos, para distâncias médias e longas, a hidroviária e a também negligenciada rede ferroviária.
 
Desafortunadamente, apenas 8.500 km de hidrovias se encontram em uso comercial regular, dos quais 5.700 km na Amazônia. A utilização do restante é inviabilizada pela inexistência da necessária infraestrutura, como estações intermodais para a transferência de cargas, balizamento, sinalização, cartas de navegação adequadas e, sobretudo, eclusas para permitir a transposição de trechos encachoeirados ou das barragens das muitas usinas hidrelétricas construídas sem qualquer consideração pela importância de se preservar a navegabilidade dos rios.
 
O problema é antigo e tem sido objeto de uma acirrada disputa entre autoridades e técnicos preocupados unicamente no aumento da oferta de energia hidrelétrica – quesito no qual o Brasil se destaca no cenário mundial – e os defensores do transporte hidroviários, que têm sido sistematicamente derrotados em suas reivindicações. E elas se apóiam no elementar bom senso: não se deveriam construir barragens em rios navegáveis sem incluir em seus projetos as eclusas para a navegação. Infelizmente, bom senso vem sendo um artigo raro no planejamento da utilização dos rios nacionais, sendo ainda desconhecido na prática o conceito de usos múltiplos deles, implementado há décadas nos países mais avançados. Órgãos como a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) têm se empenhado para implementar esse requisito fundamental no planejamento das políticas setoriais, mas até agora sem muito sucesso.
 
Grandes usinas hidrelétricas, como Jirau e Santo Antonio, no rio Madeira, Belo Monte, no Xingu, e outras, estão sendo construídas e planejadas sem eclusas, em descuidadas repetições de casos como os das usinas de Itaipu e Tucuruí. Este último caso é exemplar: o projeto original incluía as eclusas, mas a usina foi inaugurada em 1975 sem elas, que só começaram a ser construídas em 1981 e até hoje não foram concluídas.
 
Em geral, o custo das eclusas e canais de navegação, se construídos simultaneamente com as barragens – como deveria ser o caso para todos os rios navegáveis -, é da ordem de 5-7% do montante da obra. Se for deixado para depois, como em Tucuruí, os gastos podem aumentar por um fator de três ou superior.
 
A economia de custos de transporte é enorme. Nos EUA, onde mais de 60% da produção de soja são transportados pelos rios (contra pouco mais de 5% no Brasil), o custo do frete do produto é da ordem de 15 dólares por tonelada; no Brasil, chega a 35 dólares. Na hidrovia Tietê-Paraná, uma das raras em funcionamento no País, um comboio típico para o transporte de soja equivale a 135 caminhões, o que permite vislumbrar as vantagens em termos de economia de combustível, desgaste de veículos e estradas, tempo de carregamento e muitas outras.
 
Em setembro último, a ANA lançou um edital para a contratação de consultoria para para avaliar e sistematizar alternativas de arranjos de eclusas e canais de navegação previstos em empreendimentos hidrelétricos, visando, especificamente, incluir tais critérios nos projetos das usinas previstas para os rios Madeira e Teles Pires-Tapajós. A iniciativa, mesmo com atraso, sinaliza que ainda há esperanças para a implantação da hidrovia Teles Pires-Tapajós, considerada estratégica para a logística de transporte do Centro-Oeste e Norte brasileiros.
 
Há mais de meio século, entra governo e sai governo, mas permanece essa predatória querela intestina entre “barrageiros” e “hidroviaristas”. Por isso mesmo, a anunciada construção de usinas na bacia do Tapajós oferece uma ótima oportunidade para que este círculo perverso seja interrompido de uma vez por todas, em nome da harmonia dos interesses nacionais. Torçamos de dedos cruzados.
 
Nota Redação M@Mleia também Trem-Bala ou "Trem-Mala"?
 
O autor e geólogo, diretor do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) e co-autor do livro A hora das hidrovias: estradas para o futuro do Brasil (Capax Dei, 2008).

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".