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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O PT OPTA PELO TERRORISMO ELEITORAL. É UM ENSAIO PARA 2010

REINALDO AZEVEDO
Quara-feira, Outubro 15, 2008

Leiam o texto até o fim. Vou parar lá em 2010...

Mesmo algumas pessoas não-identificadas com o petismo me perguntam às vezes se, como é mesmo?, não pego “um pouco pesado” com o PT. Não! Nunca!
A minha tese é que você jamais será severo demais com o partido. A única chance de ser injusto é supor que os petistas acatam, como acatamos nós, os liberais, os valores da democracia. Seria uma mentira estúpida. Por isso mesmo, a primeira frase do livro O País dos Petralhas é esta: “Tudo o que é bom para o PT é ruim para o Brasil”. E explico as razões da afirmação no artigo que a contém. Perguntou-me outro dia um repórter: “Mas o petróleo do pré-sal não é bom para o PT e para o Brasil?” Não! O petróleo do pré-sal é bom para o Brasil. Bom para o PT é manipular politicamente o petróleo que está enterrado lá, como se fosse uma conquista partidária, de Lula. Assim, a mentira a respeito dó óleo é boa para o PT — e, sendo boa para o PT, é ruim para o Brasil.

Não creio, como sabem e deixo evidenciado sempre neste blog, como está no livro, que o petismo tenha aderido pra valer aos valores democráticos. Sua adesão é apenas tática. Se pudessem, dariam um golpe. Não podendo, tentam enrijecer a democracia, torná-la mais discricionária, subordiná-la às necessidades do próprio partido. Alguns lembram que Lula, na campanha eleitoral de 2002 e na campanha (re)eleitoral de 2006, for bastante “soft”. Ora... Nas duas, esteve o tempo todo na liderança. Na primeira, tinha de falar manso para não assustar; tinha de negar a sua própria trajetória. Na segunda, precisava caracterizar-se como aquele que estava sendo perseguido por uma oposição implacável, o que era falso. Mas nós vimos o que aconteceu quando ficou claro que haveria segundo turno. A civilidade foi para o brejo, e o PT lançou a campanha mentirosa, asquerosa, falsa, pilantra, segundo a qual Geraldo Alckmin, se vitorioso, iria privatizar o Banco do Brasil e a Petrobras. E os tucanos não souberam sair da armadilha.

O que ficava evidente ali? Que o partido tem uma ética elástica o bastante — na verdade, nesse terreno, não tem limites — para acatar qualquer tipo de campanha. Se preciso, o petismo recorre a fatos que estão fora da alçada da política e os “politiza”, lançando mão, como se vê em São Paulo, de hordas de militantes e cabos eleitorais pagos para a prática do terrorismo eleitoral.

Derrubar Lula e partos de mulheres negras 
Um dos panfletos que os petistas distribuem cidade afora afirma, imaginem só, que o prefeito Gilberto Kassab quer “derrubar” o presidente Lula — quando, de fato, o prefeito exalta a parceria entre os dois. Indagada a respeito, como reagiu Marta? “Deus me livre! Eu não sabia disso”. E, como de hábito, disse não ter nada a ver com a safadeza.

Outro folheto cita supostos dados da ONG Nossa São Paulo — que vocês conhecem bem — para sustentar que caiu o número de partos de mulheres negras nas unidades de saúde da Prefeitura. Alguém, em sã consciência, supõe que a Prefeitura possa ter tomado medidas — quais seriam elas? — para esse tipo de discriminação? O que é de causar engulhos é que esta ONG, chamada de "independente" pela imprensa, é, na verdade, uma braço do próprio PT. O manda-chuva de lá é Oded Grajew, ex-assessor especial de Lula e ex-dono de uma fábrica de brinquedos. Agora ele brinca de fabricar factóides.

O mais famoso e estúpido deles, já denunciado aqui, sustenta que a gestão Kassab investe mais em bairros ricos do que na periferia. Pois bem: afirmo aqui com todas as letras, e vamos ver se Oded vai me processar: a ONG PETISTA ESTÁ MENTINDO. Os números têm como base apenas a verba da Secretaria de Subprefeituras, que corresponde a menos de 4% do Orçamento. Considerados os outros 96%, o investimento na periferia é muito maior. Relato essa história em detalhes aqui. Também essa mentira da turma de Oded foi parar no programa eleitoral de Marta. A ONG “Nossa São Paulo”, com efeito, é uma São Paulo “deles”.

Quem faz isso faz mais o quê?
O “marqueteiro” genial que bolou a estratégia da dita libertária Marta Suplicy — se o Conselho Regional de Psicologia tiver vergonha na cara impõe a esta senhora, quando menos, uma reprimenda pública — queria que acontecesse com o adversário Gilberto Kassab o que aconteceu na sabatina da Folha. Fizeram-lhe a pergunta até certo ponto fatal, dado o conjunto da obra: “O Sr. é homossexual?” Ele respondeu que não. A aposta do petismo é que tanto a pergunta como a resposta integrem o arsenal de desgaste de Kassab — e não custa lembrar que Marta usou os homossexuais como massa de manobra na sua carreira política. É evidente que as perguntas levadas ao ar — se é casado e tem filhos — buscaram criar uma sombra de suspeição sobre a sua vida privada. A canalhice continua, diga-se: “O que mais ele esconde?”.

Temas como esse não podem nunca comparecer ao debate político? Podem, claro. Fosse Kassab um homossexual e fosse conhecido por, vá lá, sua homofobia, a questão pública tornaria certamente relevante a questão privada, e isso seria, sim, matéria de política. Mas o que PT faz é tão-somente lançar a suspeição sobre alguém que a cidade inteira sabe ser solteiro e sem filhos. Não há, na atuação pública do prefeito, a sombra da intolerância com qualquer das chamadas “minorias”. A pergunta busca gerar a pecha, o preconceito, a onda de ignorância e obscurantismo que, na cabeça dos petistas, teria poder para tirar de Kassab uma eleição certa. E há vagabundos que pensam: "É o preço a pagar para termos um resultado progressista".

Eis então o PT? quando o partido está na frente, como estava nas duas eleições de Lula e no início da campanha de Marta, há até a chance de se fazer uma campanha civilizada. Mas basta que se anuncie o contratempo (como o segundo turno de 2006) ou a evidência da derrota, como neste 2008, e eles abolem a vida privada, o discurso da tolerância e, antes de tudo, qualquer compromisso com a verdade. Oh, claro, o PT tentou ganhar honestamente. Não deu. Então eles não ligam de ganhar desonestamente mesmo.

Será que esse partido acata mesmo a democracia?
Será que esse partido acata mesmo as regras do jogo?
Será que esse partido acata mesmo a alternância no poder?

É o partido que tentou, com o mensalão, fraudar a democracia comprando o Congresso.
É o partido que tentou, com um dossiê falso, fraudar a eleição para o governo de São Paulo em 2006.
É o partido que tentou, com o dossiê elaborado na Casa Civil, de Dilma Rousseff, fraudar uma CPI.
É o partido que, agora, está fazendo consultar para propor, imaginem só!, uma Assembléia Nacional Constituinte.

Agora 2010 
Estamos vivendo agora, acreditem, uma prévia de 2010 — e não estou me referindo aos eventuais ganhadores e perdedores da disputa. Estou falando de método. Lula vai tentar, a todo custo, fazer o seu sucessor. Na eleição presidencial, não sejamos ingênuos, vai transferir mais votos do que na municipal — que, com efeito, tem outras variáveis. Os petistas é que criaram a ilusão de que bastaria o Apedeuta mandar, que o Mané eleitor apertaria o botão.

Pois bem. Se o ungido ou a ungida de Lula (ainda acho que será um homem, vamos ver) largar bem na corrida, com chances reais de vitória, assistiremos ao espetáculo do crescimento do passado, claro!, com o Babalorixá exaltando os seus feitos e prometendo que seu candidato fará ainda muito mais e tal... Sim, haverá, sub-reptícia, a idéia de que uma eventual vitória da oposição porá tudo a perder. Seria, assim, um terrorismo light. Mas vocês verão o Deus-nos-acuda se o PT vislumbrar a chance da derrota. Teremos uma campanha ao estilo Marta Suplicy, só que algumas vezes multiplicada. E não poupará nada nem ninguém. E pouco importa que a primeira vítima seja a verdade e a segunda, o decoro.

Não! Eles não têm escrúpulos. Não, eles não têm medidas. Não, eles não têm qualquer compromisso — nem com o próprio passado. O petismo inaugurou, já disse tantas vezes, o presente eterno na política. E, dado o presente eterno, tudo pode no partido de Celso Daniel e do Toninho do PT.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".