Boletim Eletrônico de Atualidades - N° 77 - 17/10/2008
Por que condenar os pobres índios à barbárie perpétua? Não têm também eles o direito de progredir na vida e de prosperar em liberdade? Por acaso foram eles criados por Deus para que vegetem sempre num regime coletivista, miserável e primitivo? Vejam o artigo abaixo, de Onofre Ribeiro, Diretor e articulista do Portal e Revista RDM de Cuiabá - MT.
Na semana que passou estive em Brasnorte, na região noroeste de Mato Grosso, a 370 km de Cuiabá, onde assisti ao movimento dos produtores rurais “Marcha a Brasnorte: acorda Brasil, a Amazônia é nossa!”, conduzido pela Federação da Agricultura e Pecuária e com a participação de produtores de todas as regiões do estado. O movimento combate a demarcação e a ampliação indiscriminada de áreas indígenas sobre terras legalmente tituladas. A essência das discussões acaba na insegurança jurídica que o governo federal vem provocando quando expropria áreas legalmente tituladas, contrariando a Constituição Federal, sem consulta, sem indenização e sem respeito aos princípios mínimos da legalidade. Organizações não-governamentais específicas, antropólogos autoritários e as ideologias de esquerda radical de ocupantes de cargos comissionados no governo, da velha guarda radical do Partido dos Trabalhadores, promovem a baderna legal.
Mas gostaria de tratar neste artigo de uma variante paralela do encontro. Estiveram presentes dois caciques da etnia xavante da área indígena de Sangradouro, a 40 quilômetros de Primavera do Leste e 280 de Cuiabá: o cacique Paixão, de 78 anos, e Domingos, de 42. O cacique Domingos fez uma explanação absolutamente didática e perfeitamente articulada. Na verdade, conheço-o há mais de cinco anos quando uma comissão de deputados federais, estaduais de Mato Grosso, membros do Ministério Público Federal e da Funai, estiveram na reserva para discutir uma parceria de produção com os produtores rurais da região.
Na contramão da realidade local, os deputados federais, os membros do Ministério Público Federal e da Funai, apanharam feio dos índios. Os caciques são muito politizados e têm a perfeita consciência de sua realidade. Querem máquinas para produzir, não querem enxadas porque elas não bastam para alimentar as mais de 600 crianças da aldeia. Os índios lidam com cartões magnéticos de bancos, dirigem pick-ups, possuem celular, televisão na aldeia, energia elétrica, muitos têm computadores, a maioria sabe ler e falar em português e aspiram tudo que os não-índios também aspiram. Os deputados federais escutaram , mas na calada da burocracia em Brasília, votaram contra qualquer aproximação com os não-índios. Tempo perdido. A realidade é mais real do que as ideologias de velhos antropólogos esquerdistas que sonham com uma impossível segregação étnica.
Em Brasnorte o cacique Domingos repetiu a performance, quando disse que “a Funai não ajuda os índios, mas insufla contra os fazendeiros. Existem 36 municípios do estado em risco de serem transformado em áreas indígenas por iniciativa da Funai”. Para ele, existe o risco de confronto dos fazendeiros e os técnicos da Funai. Não por parte dos índios, que raramente são os provocadores das ampliações e das demarcações de áreas sobre terras tituladas.
“Não são necessárias mais áreas, disse. Os índios precisam de assistência às suas causas para saírem da pobreza, da miséria e acabar com a fome nas aldeias. Os índios querem trabalhar, não querem ampliação de áreas”. A sua defesa foi pela auto-sustentação e contrário à guerra”.
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