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sexta-feira, 23 de março de 2012

As mentiras que Veríssimo conta

 

PORTA FIDEI

22 mar 2012 quinta-feira

Posted by portadafe in Igreja, Moral, Notícias

 

Conheci o escritor Luis Fernando Veríssimo em meados de 2008, quando interpretei a peça “As mentiras que os homens contam” no Colégio onde estudava. O título da peça era uma alusão ao livro homônimo do autor, no qual ele aborda uma série de situações corriqueiras em que os homens recorrem à mentira para se sanarem de apuros e momentos embaraçosos. Hoje pela manhã, ao ler a coluna de Veríssimo na Gazeta do Povo, fiquei com a impressão de ter lido apenas mais um capítulo da sua obra que encenei.

Luís Fernando Veríssimo, ao comentar em sua coluna a polêmica dos crucifixos em locais públicos, demonstrou todo o desprezo do laicismo pelo patrimônio cultural brasileiro. Através de um discurso de pseudo neutralidade, o autor acusa a Igreja de ser prepotente e impor valores “atrasados, como nas questões do aborto e dos preservativos”, ao Estado. Segundo Veríssimo,  ”a retirada dos crucifixos das paredes também é uma declaração, no caso de liberdade”.

O autor, durante o artigo “Territórios livres”, faz uma analogia entre o caso Galileu e um “Galileu moderno” em um tribunal secular. Para o escritor, o Galileu moderno sentiria-se “desanimado” ao deparar-se com um crucifixo na parede de um Tribunal que deveria, por princípio, ser “neutro”. O objeto cristão, de acordo com as proposições de Veríssimo, é uma “declaração” e remete aos Tribunais do Santo Ofício e ao poder da Igreja. Tê-lo ali é uma “desobediência, mitigada pelo hábito”.

É inimaginável que um Galileu moderno se sinta acuado pela simples visão do símbolo cristão na parede atrás do juiz, mesmo porque a Igreja demorou, mas aceitou a teoria heliocêntrica de Copérnico e ninguém mais é queimado por heresia. Mas a questão não é esta, a questão é o nosso hipotético e escaldado Galileu poder encontrar de preferência no Poder Judiciário, um território livre de qualquer religião, ou lembrança de religião (grifos meus)

Neste parágrafo, Veríssimo confessa que a questão da retirada dos crucifixos não é de ordem objetiva e lógica, mas apenas um capricho de grupos intolerantes à fé. Ora, submeter as diretrizes de um Estado às vontades de um cidadão “desconfortável” perante um  símbolo religioso é dar concessões e privilégios a uma minoria em detrimento de todo um patrimônio histórico, religioso e cultural de uma sociedade.

Assim, como o “Galileu moderno” pode se sentir ofendido perante uma cruz, os frades Agostinhos modernos podem se sentir ofendidos perante uma foice e um martelo que recorda a Guerra Civil Espanhola. Se um crucifixo na parede de um local público remete à Inquisição, uma parede vazia de um local público remete aos Gulags da ateia ex-União Soviética. A parede vazia de um Tribunal também é uma declaração, no caso, de ateísmo.

A população brasileira não é ateia. É maciçamente católica. E isso não fere em nada a separação entre Igreja e Estado. A liberdade de consciência deve estar presente em todos os âmbitos, principalmente no público. É um direito humano!

A herança cristã permeia todos os campos de nossa sociedade, desde os hábitos  à cultura, seja na forma de música ou arte. Os nomes das cidades, as esculturas de Aleijadinho, os Sermões de Padre Vieira, as catequeses do Beato José de Anchieta.  A constituição que inicia com as bençãos de Deus. Tudo isso faz parte da história do Brasil e da consciência humana da sociedade. É inadmissível rejeitar a própria cultura a pretexto de uma pseudo neutralidade. Até porque, o que seria do Corcovado sem o Cristo Redentor?

Veríssimo parece acreditar que a religiosidade é um fator privado que deve ser exercido somente em casa. A única digna de habitar o espaço público é a fé no nada do ateísmo. Por isso as paredes dos Tribunais devem estar adornadas do “nada”, do sem sentido, tal como as decisões deletérias que condenam a fé e a cultura de todo um país ao canto do cisne. Isso, Sr. Veríssimo, também é uma imposição de valores atrasados que remontam o século XVIII da Revolução Francesa e da matança de cristãos. Para um Cristão moderno, a parede vazia de um Tribunal também pode ser chocante.

O Brasil além de ser laico, é um país democrático e livre. O crucifixo, como lembra Bento XVI no livro-entrevista “Luz do mundo”, é um símbolo do amor de Deus. Desde quando o amor ofende? A cruz representa o significado de justiça, o nada não significa nada. O que se espera de um Tribunal é que ali se faça o justo, não “nada”. Em um país em que a maioria é católica, a intolerância ateia não pode sobrepujar a fé dos demais.

Os homens contam muitas mentiras. Nesse caso, Veríssimo, o homem da história é você.

(Obs: Não encontrei o texto de Luis Fernando Veríssimo na Versão online da Gazeta, somente no Portal Vermelho. Clique aqui para lê-lo)

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".