Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sábado, 5 de junho de 2010

Invasão vertical dos bárbaros

SHRUGGED

12 de outubro de 2009

"A História nos relata que houve muitas invasões HORIZONTAIS de bárbaros; ou seja, invasões que se processaram com maior lentidão ou não, maior rapidez ou não, e que consistiram na penetração pacífica ou violenta dos povos, que se deslocavam para as regiões habitadas por outros, impondo-lhes o seu poder ou pelo menos os seus costumes. Mas só se pode falar em invasão de bárbaros, quando essa se processa no território que corresponde à civilização. Não foram essas invasões tão cruentas como muitas vezes são descritas, pois as que se processaram no antigo Império Romano, sobretudo no período final, processaram-se gradualmente, e muitas vezes com o apoio interno dos próprios civilizados, já barbarizados em muitos dos seus costumes.

Na verdade, a invasão que é a penetração gradual e ampla dos bárbaros não só se processa HORIZONTALMENTE pela penetração no território civilizado, mas também VERTICALMENTE, que é a que penetra pela cultura, solapando os seus fundamentos, e preparando o caminho à corrupção mais fácil do ciclo cultural, como aconteceu no fim do império romano, e como começa a acontecer agora entre nós."

Livro A Invasão Vertical dos Bárbaros
Pelo filósofo Mário Ferrreira dos Santos1967




Um texto ruim. No entanto, uma boa luz que revela, no palco, um cenário verdadeiramente incrível. Mas, de fato, o texto é ruim. Poder-se-ia tomar refúgio nos clássicos. “Mas os clássicos são ininteligíveis”, expressaria descontente um ser mais obtuso, que tampouco entenderia se os lesse. E por não entender, acreditaria que a sua imbecilidade se propaga no infinito. Entretanto, nos referimos a um imbecil consciente que, por isso, de forma bem natural, passa a julgar saber as coisas através da própria ignorância, e isto, pitorescamente, lhe traz a certeza de um delirante complexo de superioridade. Esta é a razão pela qual se subestima o público, dando-lhe sempre o que há de pior.
Não se têm o que dizer. Muito menos o que ensinar. Mas se tem o espaço, a verba pública, um teatro restaurado através da obra super-faturada e… ah, uma boa luz que revela, no palco, um cenário verdadeiramente incrível. Já que o texto é ruim, a intenção é chocar com vulgaridades que já não chocam mais ninguém. Pois ainda há quem fique chocado com palavras infames e pessoas nuas? O texto é ruim, mas não faria diferença se fosse bom. Já que nada entendem, resolvem se expressar tirando as roupas. Às vezes, menos ousados, contentam-se em pintar o nariz e fazer malabarismos.
Talvez fosse isso que Rousseau considerava quando proclamou que o efeito do desenvolvimento das ciências e das artes não seria positivo à humanidade. Ao contrário, transformar-se-ia num processo de degeneração do homem. Abstraindo toda aquela maluquice do bom selvagem, podemos considerar que o diagnóstico do suíço parece ter algum sentido se invertemos o significado do que seja a arte. Atualmente, o que se convém chamar de arte, não é arte de forma alguma. A idéia mesma de fazer o homem elevar-se procriando o belo, para tornar-se melhor desejando perpetuamente o bem e a verdade, foi substituída pela massificação do homem vulgar que degenera a si mesmo, e junto a inteligência humana. É um engenhoso empenho para nos tornar animais, onde o instinto mais selvagem subrepuja a razão e a felicidade resume-se no pleno gozo do prazer. Mas em algum momento o filho do relojoeiro suíço tenta esclarecer as coisas:
“Todo artista quer ser aplaudido. Os elogios dos seus contemporâneos constituem a parte mais preciosa de suas recompensas. Que fará, pois, para os obter, se tem a desgraça de ter nascido no seio de um povo e nos tempos em que os sábios em moda puseram uma juventude frívola em estado de dar o tom; em que os homens sacrificaram seu gosto aos tiranos de sua liberdade.” *

Liberdade. Mas alguém ousaria vociferar a favor da tirania? No entanto, tornou-se comum o aprisionamento na vulgaridade que sempre exige uma baixeza em servir de forma miserável a uma tirania coletiva. Aí a liberdade pertencente ao indivíduo já está extinta, e já não se pode mais decidir o próprio destino. De qualquer forma ele prefere se entregar, curvar-se por algo que sequer sabe o que é — e deseja ardentemente este desconhecido. Expõe-se ao ridículo, age de forma repugnante, aceita crueldades, torturas psicológicas; jura estar buscando a liberdade plena.
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Rousseau, Jean-Jacques. Discurso sobre as Ciências e as Artes, 1749.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".