SEGUNDA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2010
Por Polan Lacki
É necessário recomeçar tudo ou quase tudo de novo na educação brasileira.Estamos sofrendo, antigas, muito dolorosas e crescentes, consequências de um fator de anti-desenvolvimento, que está demonstrando ter uma extraordinária força para frear e até mesmo anular os esforços que os cidadãos, as instituições, as empresas e os governos estão realizando para promover o desenvolvimento econômico e social do nosso país.
Refiro-me à péssima qualidade de nossa educação e muito particularmente à incongruência existente entre o que e como nosso anacrônico sistema de educação primária, secundária e terciária está ensinando e o que e como deveria ensinar para que os educandos possam melhorar seus princípios, valores, atitudes, conhecimentos e competências (...) não existem motivos nem justificativas para aceitar que todos os cidadãos, direta ou indiretamente, continuem sendo afetados e penalizados por uma educação disfuncional que insiste em ensinar conteúdos descontextualizados irrelevantes e pouco utilizáveis (...)
¿Reformas cosméticas para "manter as aparências" ou reformas profundas para mudar de verdade? As autoridades educativas devem abandonar, de uma vez por todas, as inócuas reformas cosméticas que vem realizando, ano após ano, durante as últimas décadas (...) enganando os educandos e condenando-os ao desemprego e ao fracasso como pessoas, como pais de família, como trabalhadores, como empreendedores e como membros de suas comunidades.
Se queremos erradicar a pobreza não podemos continuar formando cidadãos passivos e dependentes dos simplistas programas paternalistas de dar dinheiro aos pobres; porque são pobres financeiramente porque são pobres em conhecimentos (...) Estes paliativos populistas estão destruindo a dignidade dos pobres e condenando-os ao fatalismo, à passividade, à ociosidade, aos vícios e conduzindo-os a uma miséria que, com a "ajuda" do ganhar sem trabalhar, levas a uma pobreza irreversível.
O sistema de educação deve formar uma nova geração de cidadãos que possuam os princípios, os valores, as atitudes, os conhecimentos e as competências necessárias para que eles mesmos possam evitar/corrigir/eliminar os erros e ineficiências, principais responsáveis de seu próprio subdesenvolvimento.
Uma educação funcional e de boa qualidade deve ter como objetivo e estratégia convertê-los em cidadãos mais honrados, mais honestos, mais responsáveis, mais conscientes de seus deveres, mais criativos, mais produtivos, mais empreendedores, mais solidários e mais ativos e eficientes protagonistas na solução de seus problemas pessoais, familiares, profissionais e comunitários.
Os ministros e secretários de educação devem ter "currículos" que os recomendem por uma questão de coerência Os postos de ministros e de secretários estaduais e municipais de educação não podem continuar sendo atribuídos aos oportunistas de plantão como retribuição por terem ajudado a eleger o governo de turno. Devem ser ocupados pelos mais competentes educadores do país e de cada estado e município. Nas instituições educativas, muitíssimo mais que em qualquer outro organismo ou empresa, a meritocracia tem que ser um princípio irrenunciável e inegociável.
Uma missão com tão elevada importância estratégica, econômica e social não pode continuar sendo atribuída aos maus políticos e muito menos aos maus sindicalistas da educação, porque estes estão cada vez menos preocupados em educar e cada vez mais dedicados a fazer proselitismo político e a catequizar ideologicamente os estudantes. A educação deve ser política e ideologicamente neutra.
Por mais adversas que sejam suas condições trabalhistas e salariais, os professores podem fazer muito para reverter a baixa qualidade da educação. Muitas das atuais ineficiências são tão elementares, de fácil correção e de tão baixo custo que podem ser evitadas, corrigidas ou eliminadas pelos próprios professores, independentemente do que façam ou deixem de fazer os ministros e secretários da educação, os reitores das universidades e os docentes e diretores das faculdades e escolas nos três níveis.
Os professores podem esperar muito pouco dos seus debilitados e endividados governos, é necessário que façam um esforço adicional e assumam um maior protagonismo na correção das profundas ineficiências, debilidades e disfuncionalidades das instituições educativas. É para que eles tenham uma incidência eficiente e produtiva na mencionada correção, que todos os cidadãos do país através de seus impostos (inclusive dos contribuintes muito pobres que coincidentemente são os mais castigados pela baixa qualidade da educação), financiaram a formação acadêmica dos professores e estão pagando, mesmo que em muitos casos muito mal, os seus salários.
Críticas e contribuições para melhorar esta abordagem serão bem-vindas através dos e-mails:
- Polan.Lacki@onda.com.br
- Polan.Lacki@uol.com.br
O resumo da trajetória profissional e outros artigos do autor estão disponíveis na página:
- http://www.polanlacki.com.br
(Artigo em versão reduzida, com autorização do autor).
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