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quarta-feira, 23 de junho de 2010

O valor do silêncio em um mundo barulhento

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Nossos momentos de quietude podem criar ruído aos demais
 
 
DWIGHT GARNER
 
 
Existe dignidade nas coisas silenciosas e nas pessoas silenciosas, e a gravidade se intensifica nas atividades que costumamos desempenhar em silêncio: ler, rezar, olhar quadros, andar na floresta. Nós associamos os ruídos fortes à violência. Sem alto-falantes, Hitler observou, os nazistas não teriam conquistado a Alemanha. É difícil imaginar Gandhi montado em uma Harley.

Gostaríamos de pensar, a maioria de nós, que somos essencialmente silenciosos; isto é, temos consideração pelos outros humanos sem sermos tímidos, frágeis e desinteressantes.

Mas não vamos nos apressar. Devemos tomar cuidado para não traçar fáceis "analogias morais entre ruído e mal, silêncio e bem", escreve Garret Keizer em seu novo livro "The Unwanted Sound of Everything We Want: A Book About Noise" (O som indesejável de tudo o que queremos: um livro sobre o barulho; ed. Public Affairs). Afinal, o criminoso nazista Adolf Eichmann e o assassino serial Ted Bundy também foram sujeitos silenciosos.

O preço de nossos momentos de silêncio geralmente é o clamor em ouvidos alheios. Árvores são cortadas, o papel é transformado em polpa e as impressoras rodam para fazer livros e jornais. Para frequentar um retiro de meditação é preciso pegar um avião. O som de uma pessoa é o cá-bum de outra.

Nosso mundo está ficando mais ruidoso, um fato de esmagar os ossos e que é explorado, em uma convergência assustadora, em três novos livros -além do de Keizer, há "Zero Decibels: The Quest for Absolute Silence" (Zero decibéis: a busca pelo silêncio absoluto), de George Michelsen Foy (ed. Scribner), e "In Pursuit of Silence: Listening for Meaning in a World of Noise" (Em busca do silêncio: escutando o significado em um mundo de ruído), de George Prochnik (ed. Doubleday).

Há mais aviões cruzando o céu e mais carros zunindo em mais estradas, observam esses autores. Mais BlackBerrys estrilando. Eliminamos tudo isso com o que talvez seja o som mais prejudicial de todos, o que pulsa dos fones do iPod.

Eu leio todos esses livros com a consciência de por que meus próprios nervos estão cada vez mais dilacerados e de por que eu geralmente escrevo (e com frequência leio) usando protetores de ouvido desajeitados, do tipo que um funcionário de pista de aeroporto colocaria na cabeça em 1961.

Se esses livros aprofundaram minha consciência do ruído, porém, eles também a complicaram. Como indica Keizer, o barulho é uma das questões de classe mais espinhosas de nosso tempo, e tendemos a ignorar seus significados.

Você pode julgar a importância de uma pessoa -sua posição social e política- observando quanto tumulto ela tem de suportar regularmente. Os que não têm silêncio em suas vidas tendem a ser politicamente fracos, sejam os pobres (banqueiros não moram ao lado de aeroportos) ou trabalhadores, soldados ou prisioneiros.

Ao gerar ruído com que os outros têm de conviver, demonstramos desprezo pelos mais fracos. Ouçam-nos troar; engulam nosso cano de escape.

Não há dúvida de como esse estrépito é prejudicial. Estudos mostram que ele leva não apenas à perda de audição mas também a doenças cardíacas, alta pressão sanguínea e tempo de vida reduzido.

Enquanto leio esses três livros, os ruídos que me cercam se separaram e se tornaram dolorosamente distintos, tanto os grandes -meus filhos, os cachorros e as galinhas, minha mulher cuidando de seus afazeres- quanto aqueles que me nocauteiam: o martelar de uma equipe de construção próxima, as motocicletas, helicópteros voando baixo. Escutar de verdade é como girar o botão de um rádio: em parte é estática, em parte é felicidade.

Lendo esses livros também fui lembrado daquele fenômeno que ocorre quando você está dirigindo e, de repente, percebe que se perdeu. Para se reorientar, desliga o rádio. Tenta ficar no maior silêncio possível.
 
 
New York Times – Tradução da Folha de São Paulo

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".