25, junho, 2010
Aguinaldo Ramos
O fortalecimento do Estado em detrimento da economia privada vem obtendo resultados desastrosos. Os resultados apresentados neste site sobre astoneladas de alimentos que se perderam na Venezuela se somam à intenção do governo venezuelano de condenar os latifúndios, mesmo os produtivos.
No Brasil o fortalecimento do Estado contempla inclusive o enfraquecimento da classe média via impostos escorchantes. Os governantes de mentalidade marxista só aparentam recuo diante de sólida resistência da opinião pública.
O aparente recuo na re-elaboração do PNDH-3 constitui estratégia velha e conhecida da conquista do poder comunista. A “tática do salame”, levada a efeito por Matías Rákosi, Secretário Geral do Partido Comunista, no governo da Hungria, em 1953, alegando querer fazer algumas reformas superficiais para evitar uma crise geral, preconizava a destruição do adversário por “fatias” sucessivas.
Com a firme convicção de que a ingestão dessas fatias não causaria nunca problemas de digestão… Ninguém consegue engolir um salame inteiro. Esta técnica é descrita com maestria pelo Prof. Plínio Correa de Oliveira na “Folha de S. Paulo” em 14 de fevereiro de 1971 no artigo “Farsa, salame e herói”.
Entretanto, o PNDH-3 mantém sua radicalidade pois visa “garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profissionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão”. Por Lei, a prostituição deixa de ser um vício moral e se eleva a condição de profissão. O mesmo PNDH-3 visa “apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo”, e estabelece “configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com base na desconstrução da heteronormatividade”.
Ou seja, a união heterossexual entre homem e mulher, deixa de ser norma única de configuração da unidade familiar. Qualquer estratégia de recuo cosmético nestas propostas constitui a divisão do salame em fatias para ser comido lentamente.
A desconstrução de valores cristãos na vida social proposto pelo PNDH-3 reflete a posição de um Estado fundamentalista-ateu e impõe ao católico um posicionamento coerente com o ensino dos Papas para a vida do leigo em sociedade. Neste sentido, o Papa Pio XII em célebre Alocução aos participantes do II Congresso Mundial para o Apostolado dos Leigos, em 5 de outubro de 1957 diz: “As relações entre a Igreja e o mundo exigem a intervenção dos apóstolos leigos”.
A ‘consecratio mundi’ [sacralização do mundo] é, no essencial, obra dos próprios leigos, de homens que estão intimamente entremeados à vida econômica e social, que participam do governo e das assembléias legislativas” (Alocução aos participantes do II Congresso Mundial para o Apostolado dos Leigos, Documentos pontifícios, no. 127, Vozes, Petrópolis, 1960, 2ª ed., p.18).
No mesmo sentido fala o Concílio Vaticano II: “A obra de redenção de Cristo, enquanto tende por si a salvar os homens, propõe-se também à restauração de toda a ordem temporal. Por isso, a missão da Igreja não é apenas anunciar a mensagem de Cristo e sua graça aos homens, mas também impregnar e aperfeiçoar toda a ordem temporal com o espírito evangélico.
Em conseqüência, os leigos, ao realizarem essa missão, exercem seu apostolado tanto no mundo como na Igreja, tanto na ordem espiritual como na temporal. … O leigo, que é ao mesmo tempo fiel e cidadão, deve sempre conduzir-se, em ambas as ordens, com a mesma consciência cristã.
É preciso que os leigos tomem a restauração da ordem temporal como sua função própria, e que, conduzidos nisso pela luz do Evangelho e pela mente da Igreja, e movidos pela caridade cristã, atuem diretamente e de forma concreta; que os cidadãos cooperem uns com os outros, com sua competência específica e com sua responsabilidade própria; e que em todas as partes e em tudo busquem a justiça do reino de Deus.
A ordem temporal deve ser restaurada de tal forma que, observadas integralmente suas próprias leis, esteja conforme aos mais altos princípios da vida cristã, adaptada às várias circunstâncias de lugares, tempos e povos” (Apostolicam Actuositatem no.s 5 e 7). *
* cfr. Plínio Correa de Oliveira, Guerreiros da Virgem, a Réplica da Autenticidade. Ed. Vera cruz, São Paulo, 1985, p 112.
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