A ALMA DOS ELEITORES
22 de fevereiro de 2010
O fracasso político-eleitoral das idéias liberais em todo o mundo é patente. O discurso sobre o liberalismo tende a encantar certo tipo de platéia de intelectuais e acadêmicos. Acredito que no Brasil essa platéia não encheria um ônibus, incapaz portanto de encontrar nomes passíveis de empolgar a opinião pública.
O discurso liberal, centrado na exaltação da propriedade privada e da liberdade (e da igualdade, a mesma que está na boca dos socialistas) não tem apelo algum e sofre concorrência direta da alternativa socialista. Do ponto de vista da lógica do coração o discurso socialista esmaga o discurso liberal e o mantra da distribuição de renda por meio de políticas públicas (elevação de impostos, de um lado, e gastos públicos, do outro) parece ter capacidade superior de comunicação.
Todos sabem que o discurso falso dos socialistas esconde patranhas óbvias. Os políticos socialistas, embora busquem implantar suas propostas, sabem que não podem dispensar o núcleo científico das idéias liberais em matéria de economia. Depois das eleições tornam-se “conservadores” em matéria de política econômica, como foi o caso do primeiro governo Lula.
Seria o liberalismo bom para governar e ruim para conquistar o poder, dentro da ordem democrática? De certa maneira, sim, porque seu núcleo científico é insuperável. Especialmente em situações de crise éimpossível que o governante não tenha a seu lado bons economistas treinados em escolas de clara tendência liberal, como são os economistas oriundos da Escola de Chicago.
Os liberais não têm como enfrentar o discurso político-eleitoral com a liderança socialista e a história mostra que sua derrota nas urnas é sempre previsão certa.
E os conservadores? Como vimos no fenômeno do Tea Party, eles falam também a lógica do coração, portanto são capazes de mobilizar as multidões. Os conservadores têm a vantagem de não precisar usar do expediente da mentira, pois falam a verdade da alma e apelam para a história do tempo em que os socialistas não haviam chegado ao poder, quando a ordem era estável e os valores superiores reconhecidos. Falam em nome da tradição. Têm automaticamente a seu lado o núcleo científico da economia liberal. Conservadores e liberais, nos bancos de escolas de economistas, são praticamente uma única e mesma coisa.
Em resumo, a única força política capaz de enfrentar a marcha vitoriosa dos partidos socialistas pelo mundo são os conservadores, que precisam se organizar politicamente e usar integralmente o seu discurso, pois este tem apelo capaz de falar ao coração do povo e tem a seu favor a verdade perene de todos os tempos. Nas verdadeiras situações de crise e para além da questão econômica, apenas os conservadores poderão implantar políticas capazes de resolver as graves situações criadas pelos socialistas no poder e, ao mesmo tempo, ter apoio popular.
O Brasil precisa urgentemente organizar um partido conservador de massas, genuíno, para fazer contraponto ao PT e ao arco socialista que se abriga ao seu redor. Ganhará as multidões com muita rapidez. Se o que eu imagino vai acontecer, o continuísmo do PT e o agravamento da crise mundial, com imediatos desdobramentos internos, é imperativo de urgência que a tarefa de organização de algo assim seja levada à frente.
Não adianta esperar pelos velhos caciques, que se confundem com o patrimonialismo político e acabaram aderindo covarde e sonsamente à nova ordem petista. Esses homens e mulheres não são conservadores, não passam de oportunistas. A renovação política terá que ser integral. A grande questão é: quem começa? Quem organiza? Teremos que esperar a combustão espontânea das ruas, como o Tea Party nos EUA? Tudo está em aberto, mas, aconteça o que acontecer, o campo conservador terá que ser ocupado por quem de direito. Os liberais estão fora desse processo, não têm discurso e não têm quadros. Já os conservadores têm seus núcleos operantes onde sempre tiveram, em torno de empresários, igrejas, operários e todos aqueles insatisfeitos com a deformação do sistema jurídico pelos socialistas no poder.
O conservadorismo é a força política dormente que deverá emergir em breve espaço de tempo. A alma dos eleitores é naturalmente conservadora. O discurso socialista é uma falsificação que precisa ser denunciada e derrotada.
3 comentários:
Existem forças que não podem ser identificadas. Há sempre uma incógnita.
Mas o fato é que as urnas decidem, e do jeito que as coisas são, atualmente, elas decidirão para um mal maior ou um mal menor.
Forças desconhecidas decidem com maior poder, e elas decidem tanto pelas urnas como pela força. Nada depende do eleitor, basta ver as duas peças que estão no páreo.
Pelo que vemos, sofrerão muito os pequenos brasileiros para a glória de poucos.
Até lá.
A questão não é tão simples. Se as coisas não vão bem, mas ninguém sabe, é fácil controlar. Mas, na era da informação, todos ficam sabendo do que anda mal e do que precisa mudar. "Conservar" significando manter como está, ou, pior, desejar impor modelos anacrônicos, medievais de relação social. Os conservadores acabam por perder todo tipo de apoio. O conservadorismo não pode desejar um lugar ao sol invocando modelos arcaicos. As "revoluções" mais importantes são de natureza tecnológica e o ludismo conservador não tem como controlá-las. O que o senhor chama de conservar, na verdade, é retorno ao passado, um passado romântico, da era das trevas. Isso é inconcebível. Vejo, por exemplo, nesse blog, um apelo às instituições medievais, a rituais e a ligações metafísicas incompatíveis com o nosso momento. Apesar de acreditar que os senhores estão bem intencionados, falta-lhes visão global do mundo em seu tempo. Estão fragmentados, apegados a crendices e a preconceitos.
Everardo, é uma piada? Como pode alguém acreditar que "na era da informação" isto signifique que as pessoas saibam o que está acontecendo? Só para citar um exemplo, "na era da informação" ninguém sabe que Lula é parceiro das FARC no FORO DE SÃO PAULO. E que, portanto, crack e cocaína chegam ao Brasil com o "aval" do presidente.
Não venha de novo com Lenin, "acuse-os do que você quer e de ser o que você é". Quem quer voltar ao passado abolindo a Lei Áurea é o Socialismo/Comunismo.
E nenhuma conservador é burro o bastante para achar que seja possível manter o que quer que seja estático. Conservadorismo significa em português bem simples que as mudanças necessárias precisam ser postas em prática com "muito cuidado", depois de muito estudo, depois de um projeto "no papel", e sempre com a possibilidade de se voltar atrás quando não dá certo.
E de fato, aí você acerta, estou bem longe de ser um ícone do movimento. Eles são Olavo de Carvalho, Heitor de Paola, Graça Salgueiro, Arlindo Montenegro, Nivaldo Cordeiro, Percival Puggina, dentre outros, que publico.
Postar um comentário