SÉCULO DIÁRIO
Até o pescoço
Da Vitória faz feio ao tentar justificar o injustificável sobre esquema na Acadis
Manaira Medeiros
18/08/2012 13:36 - Atualizado em 18/08/2012 16:37
O deputado estadual Da Vitória (PDT/foto) está perdendo tempo em tentar justificar o injustificável sobre seu envolvimento nos episódios de corrupção no Iases/Acadis. As declarações dele na imprensa corporativa, além de não terem qualquer consistência, chegam a subestimar a inteligência da população. A questão não se resume ao fato de Da Vitória ou sua mulher serem ou não sócios das empresas envolvidas no esquema. Mas sim na movimentação do deputado estadual em fazer lobby para o projeto do colombiano Gerardo Bohórquez Mondragón, desde o primeiro mandato que exerceu na Assembleia, recebendo, em troca, contratos milionários e sem licitação para empresas em nome de seus familiares na Acadis Linhares, onde o deputado também emprega “afilhados”. Todos esses indícios, com provas mais do que evidentes, seriam singelas coincidências? Não brinca, deputado.
Até o pescoço II
Já diz a expressão popular: na falta do que dizer, é melhor ficar quieto. Pois esse deveria ter sido o comportamento adotado por Da Vitória. A tentativa do deputado de levar a questão para o campo político, atribuindo a citação de seu nome nas investigações ao crescimento na intenção de votos a favor de sua candidatura a prefeito em Colatina (noroeste do Estado), chega a ser cômica. Mostra desespero.
Até o pescoço III
O deputado, pelo visto, já tenta arrumar uma desculpa para a provável derrota que sofrerá no pleito. Até mesmo porque, em Colatina, todo mundo está careca de saber que a família de Da Vitória responde pelas empresas investigadas, inclusive sua mulher. E mais ainda: que o deputado mudou de vida. E como!
Números
Para o leitor ter noção do montante, é bom detalhar. Das empresas de familiares do pedetista na Acadis Linhares, a Capixaba Vigilância e Segurança recebe por ano 1.832.306,00, referentes a quatro contratos de terceirização. Já a Capixaba Assessoria Empresarial LTDA fica com R$ 293.960,40, para fornecer mão de obra de serviços à unidade. Tudo sem licitação, com aditivos que garantem a manutenção das empresas no esquema pelo prazo máximo permitido: cinco anos.
Mesma prática
Quem entra no contexto em expediente semelhante é o juiz Alexandre Farina, que também viajou para a Espanha na companhia de Da Vitória e Mondragón, e ajudou a promover o colombiano no Estado. Assim como o deputado, Farina não responde pelo Grupo Fibra (empresas Fibra e Garra), também investigado, e sim seu irmão Cláudio Farina. A empresa de segurança, até dezembro de 2011, detinha contratos pomposos com a Acadis.
Mesma prática II
O juiz Alexandre Farina, aliás, é bem conhecido pelo período em que atuou no município de Aracruz (norte do Estado), em favor da Aracruz Celulose (Fibria), no conflito com índios e quilombolas. Época em que um braço do grupo, a empresa Garra, ganhou um dos maiores contratos na área da transnacional.
Piada pronta
O secretário de Estado de Justiça, Ângelo Roncalli, ter a coragem de falar que foi pego de surpresa pela operação que comprovou a fraude milionária, é realmente demais. Uma afronta.
Estratégia
E as cabeças entregues para o sacrifício começam a rolar. Os peixes pequenos, presos nessa sexta-feira (17), foram exonerados. Mas os tubarões continuam à solta.
Silêncio
E como de costume, a classe política capixaba se cala diante de mais um escândalo.
140 toques
"A casa caiu". (Senador Ricardo Ferraço – PMDB – no Twitter)
PENSAMENTO:
“Quem se compraz em ser adulado é digno do adulador”. William Shakespeare
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