Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Índio pode virar o jogo

MÍDIA SEM MÁSCARA

Só quem nada estudou da mentalidade revolucionária pode imaginar que, nela, haja alguma contradição entre ideais pomposos e crimes hediondos. Foi a fusão indissolúvel desses dois elementos que a criou e que hoje, como sempre, a define.
Se o PT insistir nessa fanfarronada de processar o candidato vice-presidencial Índio da Costa, o acusado poderá sem a mínima dificuldade virar o jogo, imputando ao acusador a prática manifesta, patente, claríssima, de litigância de má-fé. Na mesma semana em que trombeteava aos quatro ventos a ameaça de processo, o partido do sr. Presidente da República fez publicar em seu site oficial o rascunho do Documento-Base do XVI Encontro do Foro de São Paulo (a realizar-se em Buenos Aires de 10 a 20 de agosto), onde, entre lágrimas de crocodilo jorrando em catadupas, clamava contra "a cruenta agressão armada de tropas colombianas, respaldadas pela tecnologia e pelos serviços de inteligência dos EUA, em território ecuatoriano, em Sucumbios, no dia 1º de março de 2008". Ou seja: no instante mesmo em que acusava de calúnia quem mencionara sua ligação com os narcoguerrilheiros colombianos, o PT se irmanava com eles para protestar contra a liquidação do chefe da quadrilha, o célebre Raul Reyes, tão íntimo da liderança petista. Negar ligações, depois disso, é explicar uma mancha de batom na cuéca como obra de arte comprada na Sotheby's.
O protesto não só vem naquela linguagem entre melosa e truculenta que se tornou clássica da oratória comunista, mas é típico também pela inversão de sujeito e objeto, uma das regras fundamentais da lógica revolucionária. Agressão, segundo o documento, não é abrigar em território equatoriano os terroristas que dali partiam, em segurança, para atacar a Colômbia. Agressão é tirá-los de lá à força para revelar ao mundo o crime praticado por eles em conluio com o governo do Equador.
Leia o documento do PT em http://www.pt.org.br/portalpt/dados/bancoimg/100728161714borradorversion3paradeliberaciondelGT.doc e diga se é possível duas ou mais organizações, legais ou ilegais, conceberem uma proposta dessas sem ter ligação nenhuma, nem projeto em comum, nem estratégia conjunta.
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Em artigo valiosíssimo publicado dias atrás, o prof. Denis Rosenfield desmascara o cacoete mental, de amplo uso nas altas esferas federais e na mídia, que apresenta as Farc como um grupo de idealistas revolucionários tardiamente "degenerado" em quadrilha de narcotraficantes. Não existe, diz ele, essa antinomia. Bem ao contrário, revolução e narcotráfico são irmãos siameses, unidos desde sempre e para sempre. Ele cita a "guerra do ópio" empreendida por Mao Dzedong contra várias províncias chinesas. Esse exemplo fala por si: foi o primeiro caso registrado na História em que um poder político organizado viciou deliberadamente a população do seu próprio país, para enfraquecê-la, explorá-la e dominá-la.
Mas há um exemplo mais próximo de nós. Não sei se o prof. Rosenfield o conhece, mas tem aí uma comprovação da sua tese em grau superlativo. O grande narcotráfico latino-americano não surgiu como puro negócio ilícito, só mais tarde articulado com a luta revolucionária. Até os anos 50, o comércio de drogas no continente era um problema policial controlável. Não cresceu espontaneamente. Quem lhe deu a estrutura organizacional que haveria de transformá-lo num monstro capaz de atemorizar Estados e exércitos foi o governo soviético, através de "medidas ativas" do seu serviço de inteligência. A operação, lenta e sorrateira - até hoje ignorada pela "grande mídia" --, teve dois objetivos: usar as drogas como arma de guerra psicológica, para enfraquecer as nações capitalistas, e criar ao mesmo tempo uma fonte local de dinheiro para os movimentos revolucionários latino-americanos, cujo financiamento estava saindo caro demais para os soviéticos. Os meios utilizados para isso foram bem simples: de um lado, infiltrar agentes nas várias quadrilhas de narcotraficantes, para que as controlassem; de outro, enviar à URSS os traficantes já cooptados e leais, para que aprendessem técnicas avançadas de organização, inteligência, guerrilha urbana etc. A operação foi descrita em detalhes por um de seus próprios mentores e comandantes, o general tcheco Jan Sejna, em depoimento ao escritor inglês Joseph D. Douglass, que a publicou no livro Red Cocaine: Drugging the Americas and the West (London, Edward Harle, 1999).
Ante o desenrolar subseqüente dos acontecimentos, é impossível negar que as duas metas visadas pelos soviéticos foram atingidas. Sem as drogas, jamais teria sido possível corromper a juventude universitária dos EUA ao ponto de fazer dela o principal instrumento de boicote ao esforço de guerra no Vietnã e, desde então, a toda iniciativa anticomunista do governo americano. Sem as drogas, teria sido impossível transformar as frustradas guerrilhas latino-americanas dos anos 60 na tremenda força político-militar-criminal que hoje, sob a proteção do Foro de São Paulo, espalha o terror no continente.
Só quem nada estudou da mentalidade revolucionária pode imaginar que, nela, haja alguma contradição entre ideais pomposos e crimes hediondos. Foi a fusão indissolúvel desses dois elementos que a criou e que hoje, como sempre, a define.
O livro de Joseph D. Douglass é leitura indispensável a quem deseje sinceramente compreender o que está se passando na América Latina.
***
No filme A Batalha da Inglaterra, um capitão do serviço de informações está com os nervos em frangalhos de tanto ver suas análises acertadíssimas serem sistematicamente rejeitadas pelos oficiais superiores, mesmo com risco para o país. Então ele vai chorar as mágoas a um coronel mais compreensivo e o coronel lhe explica:
-- O problema é que achamos você mais inteligente que nós e isso nos deixa inseguros.
Depois de ter cometido tantas vezes o pecado de acertar quando todo mundo em volta errava, começo a desconfiar que o problema do capitão é o mesmo que eu, menos inteligente que ele, tenho com os líderes empresariais, políticos e militares deste país: quando me ouvem eles se sentem burros. Só que, em vez de entender que isso é um sinal de que não são tão burros assim, preferem tapar os ouvidos, tornando-se então, por decisão própria, tão burros quanto se imaginaram.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meus parabéns ao Professor
e ao Cavaleiro. Irretocável!

James Patrick

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".