Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O fim da democracia?

BLOG DO MR. X
sexta-feira, 23 de julho de 2010

Churchill famosamente observou que a democracia era a pior forma de governo, com exceção de todas as outras. Ele tinha razão. Porém, no momento em que vivemos, há muita raiva, aqui e ali, contra a classe política, que talvez termine se traduzindo em raiva contra todo o sistema democrático. 


Bell é uma cidadezinha californiana de 38 mil habitantes, a maioria de origem mexicana. A média salarial é de 29 mil dólares anuais, baixo para os padrões americanos. Mas os salários de seus funcionários públicos? Bem, um ganhava 800 mil dólares anuais. Outro, meros 457 mil. Já o prefeito tinha umlaboratório de produção de drogas em sua casa. 

Corrupção a níveis brasileiros, ou vá lá, mexicanos, já que os envolvidos eram de origem latina também. 

É um caso menor, mas representativo da crescente desconexão existente entre a classe política e o povo, à qual aludi no post anterior. Na pesquisa que mencionei informa-se que 54% dos políticos acreditam que o país está indo em uma boa direção, contra apenas 24% da população. O povo confia cada vez menos nos políticos, e estes cada vez menos representam o desejo da população.

Gasto do dinheiro público, corrupção, nepotismo, políticos que dizem uma coisa e fazem outra. Soa familiar? 

A diferença é que, enquanto os brasileiros reagem reelegendo o PT, muitos americanos estão em polvorosa pré-revolucionária. E não é apenas contra os Democratas, não. O fato é que os Republicanos não são lá muito melhores do que os Democratas: também aumentam os gastos públicos, tampouco controlam a imigração, também são corruptos, etcétera. São apenas a opção menos pior. 

Este artigo de Angelo Codevilla que é longo e complicado e em inglês, é no entanto a melhor análise sobre a política americana recente, e em especial sobre o curioso fenômeno do surgimento de uma nova classe social, uma elite burocrática que se considera a nova aristocracia. Como toda aristocracia que abusa de seus poderes, isto pode terminar em guilhotina e revolução. 

A pergunta que fica é a seguinte: será que a democracia é mesmo a melhor forma de governo? Ou é apenas uma fase transitória, intermediária entre duas tiranias? 

A Democracia, afinal, tem inúmeras desvantagens. O político, dependendo do voto do público, mente sem parar. O crescimento do Estado torna-se inevitável: políticos vendem benefícios, e os eleitores querem mamatas. Com isso, uma porção cada vez menor da população termina sempre sustentando uma outra parte cada vez maior. No Brasil, já é mais de metade da população que depende do Governo para seu sustento.  

Na Venezuela, a mudança de democracia para demodura já aconteceu. No Brasil, quando vai ser? E nos EUA? 

"A Republic, ma'am, if you can keep it," disse Benjamim Franklin sobre o sistema de governo americano, que de acordo com o vídeo do link não seria uma Democracia, mas uma República. Democracia, afinal, é apenas a tirania da maioria sobre a minoria.

E a Monarquia? Recentemente houve discussões aqui no blog sobre a antiga monarquia brasileira, alguns contra, outros a favor. A vantagem da monarquia como sistema é que o governante, não dependendo de eleições a cada quatro anos, pode se concentrar em projetos de longo prazo. A desvantagem é a mesma: um mau governante não pode ser retirado do poder em meros quatro anos. 

Uma monarquia pode ser tão ou mais corrupta do que uma democracia, isso é certo, portanto nesse quesito tampouco vejo vantagem alguma. Uma possível vantagem da monarquia seria a maior identificação popular. Ainda hoje, histórias de reis e príncipes e princesas interessam mais ao povão do que histórias de deputados e senadores.  

Que outra opção há? Um governo não-eleito de tecnocratas? No Brasil, há quem tenha saudade da ditadura militar, observando que naquele período havia crescimento econômico e bem menos violência urbana. É verdade, mas as razões são outras, provavelmente pouco relacionadas com o sistema de governo. 

Uma comissão de sábios? Um rei-filósofo, como queria Platão? Mas quem é que vai decidir quem é o sábio que merece governar?  

É, não tem jeito. Ficamos com a democracia mesmo. Mas será que ela vai sobreviver aos novos populismos do século 21? 


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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".