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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A MAIS RECENTE PESQUISA IBOPE E OS ELEITORES REAIS QUE OS NÚMEROS ESCONDEM

REINALDO AZEVEDO
31/07/2010 às 17:23


Excitada, a petralhada resolveu cobrar: “Não vai escrever sobre a pesquisa Ibope? Só fala sobre o Datafolha?” Ora, é claro que escrevo. Por que não escreveria? Interrompo o meu verão, já nos finalmentes, para fazer a vontade dos meus leitores — os que me lêem porque gostam e os que o fazem para saber onde pôr seu ódio. Segundo a mais recente pesquisa Ibope, a petista Dilma Rousseff aparece com 5 pontos à frente do tucano José Serra: 34% a 39%. No segundo turno, a diferença seria de 6 a favor dela: 46% a 40%. O Ibope ouviu 2.506 pessoas entre os dias 26 e 29 de julho. Uma semana antes, entre 20 e 22, o Datafolha entrevistou 10.905 pessoas — uma amostra 3,3 vezes maior — e chegou a números bem distintos: empate técnico de 37% a 36%, com o tucano numericamente na frente no primeiro turno, e 46% (Dilma) a 45% (Serra) no segundo.
Em pesquisas, as tais margens de erro tendem a esconder oceanos de pessoas. O que quero dizer com isso? São 135,8 milhões os eleitores brasileiros. Segundo o Datafolha, Serra teria, na hipótese mais provável, 1,358 milhão de votos a mais do que Dilma no primeiro turno; em uma semana, assegura o Ibope, é Dilma quem tem 6,79 milhões de eleitores a mais. O que aconteceu nesses dias para tamanha mudança de humor dos eleitores? A resposta: nada! Os ditos “especialistas” não falam, então falo eu: um dos dois deve estar errado. Em quem confiar?
Não tenho motivos para desconfiar nem do Datafolha nem do Ibope. Então escolho o que o trabalha com a amostra maior — e bem maior: o Datafolha. Desde que se sigam os critérios técnicos corretos, uma pesquisa será tão mais confiável quanto maior for a amostragem. Os “especialistas” sabem disso. Silenciam a respeito porque, afinal de contas, o Ibope está mais de acordo com as previsões que fazem há dois anos.
Discrepância nas regiõesQuando se cotejam os números dos dois institutos por região, sobra espaço para algumas estranhezas. Na Sul, por exemplo, Serra lidera com 45% a 32% (Datafolha) e 46% a 31% (Ibope). No Norte/Centro-Oeste, Dilma está na frente: 41% a 33% no Datafolha e 40% a 33% no Ibope. Como vocês podem notar, os números coincidem dentro da margem de erro.
Na região Nordeste, a coisa muda de figura. No Datafolha, a petista lidera com 41% a 29% — 12 pontos de vantagem. No Ibope, a diferença salta para 24 pontos — 49% a 25%: o dobro. No Sudeste, as coisas se complicam também: o tucano lidera, segundo o Datafolha, por sete pontos: 40% a 33%, mas empata com a petista, numericamente atrás, no Ibope: 35% a 37% para ela. Estivessem certos os dois institutos, uma semana teria sido o suficiente para Serra perder cinco pontos e para Dilma ganhar 4. Por quê? Que ocorrência justificaria tamanha mudança?
Como explicar que Ibope e Datafolha cheguem ao mesmo lugar no sul e Centro-Oeste e a posições tão distintas no Nordeste e no Sudeste? Estando todo mundo certo, seria forçoso constatar que os eleitores destas duas últimas regiões seriam mais inconstantes do que os demais. Alguém aposta nisso?
Há institutos nos quais não confiaria a minha carteira, mesmo tão modesta, e há aqueles de que não tenho motivos para desconfiar. Até onde sei, o Ibope exibe o que apura. Mesmo na hipótese de estar todo mundo certo e de ter havido essa grande movimentação do eleitorado do Sudeste e do Nordeste em uma semana, convém constatar que a série histórica do Ibope não autoriza a euforia dos petistas. Na apuração do instituto, o eleitorado é bastante inconstante. Vejam: no dia 3 de junho, os dois candidatos estavam empatados em 37%; no dia 21, a diferença era de 6 pontos a favor de Dilma (32% a 38%); nove dias depois, eles estavam novamente empatados (36%); passado um mês, a diferença voltou a ser de cinco pontos para a petista.
Pesquisas não decidem eleições, mas influenciam, sim, o processo eleitoral — direi como no post abaixo deste. E servem para criar correntes de opinião, de pressão e, como não poderia deixar de ser, para embates ideológicos.
Por Reinaldo Azevedo

3 comentários:

Frederico Pissarra disse...

Essas porcarias de "pesquisas de opinião", ou "intenção" como os pulhas gostam de chamar, nunca quiseram dizer nada. Atente para o fato de que apenas 2500 pessoas foram consultadas. Ou seja, dos cerca de 135 milhões de eleitores registrados, representam (muito mal, por sinal) nem 0.0019% (2500 / 135000000).

Cavaleiro do Templo disse...

Reforço a opinião de meu amigo Frederico, estou acompanhando o "andar" dA lula pelo Brasil no site dela, não existem centenas de pessoas batendo palminhas para ela por onde passa, nem mesmo no Nordeste, onde teríamos muita gente desocupada (bolsas brasileiras) podendo ficar atrás da pessoa. Apesar disto, não vejo aí (pouca gente nos eventos) muita vantagem pois o pessoal PODERIA estar em casa fazendo nada mas já com o voto certo para a ogra. Brasileiro é tão FDP que é capaz disto: nem mesmo ir lá agradecer a esmola para que as fotos tenham um montão de gente.

Alex disse...

É sempre assim. Fetejar os números favoráveis das pesquisas e desqualificar os números negativos. Ciência e paixão andam mesmo separadas. No entanto, você tem razão em um ponto: a Dilma deveria estar melhor posicionada, já que ela é apoiada pelo presidente mais popular da história. Mas, isso será confirmado quando iniciar a propaganda na TV.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".