Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Outra vez Venecuba ou Cubanuela

FILADASOPA
1 DE AGOSTO DE 2010


Em Santa Clara, na cerimônia de 26 de julho passado, ouviu-se os hinos de Cuba e Venezuela. Todo um símbolo. Outra vez Cubazuela ou Venecuba. Chávez e Fidel, com a aceitação relutante de um Raul que carece de poder para opor-se, ainda que esteja convencido de que Chávez é um cretino meio louco, e que não há explicação para seu irmão o amar, retomaram a idéia de unir os países em uma espécie de federação. A hipótese de ambos, de Hugo e de Fidel, é que as duas revoluções se necessitam mutuamente para sobreviver.

Por Carlos Alberto Montaner

Para Chávez, Cuba é uma fonte inesgotável de inteligência policialesca, controle político e modelo administrativo. Nem mesmo tem que se esforçar para elaborar um discurso retórico, porque já o fabricaram em Havana há muitos anos sobre um velho script marxista-leninista: a agressiva rapina do império yanqui, o horror da ganância dos capitalistas, a miserável indiferença ante a pobreza que mostra o mercado, a luta dos oprimidos do mundo contra as oligarquias e o resto das idiotices ideológicas típicas da tribo.

A estas alturas, Chávez está ciente de que Cuba é um desastre econômico e absoluto do qual escapa todo aquele que pode, mas esse “pequeno” detalhe pesa muito menos que a imensa capacidade de sobrevivência que lhe aporta esse regime. O que lhe interessa é eternizar-se no poder e essa fórmula não há dúvida de que os Castros a possuem. O fato do empobrecimento progressivo de seu país carece de importância se ele conseguir envelhecer na poltrona presidencial. Afinal de contas, Fidel também construiu uma estratégia infalível para enfrentar a catástrofe material: negá-la, por um lado, enquanto por outro louva a frugalidade e condena o consumismo. Basta fechar os olhos e instalar-se comodamente em um discurso benevolente sobre as crianças que são educadas e os doentes que são curados, fustigando ao mesmo tempo a cobiça dos países que consomem os escassos recursos do planeta. De repente, ser e viver como um mendigo converte-se em uma virtude exemplar.

Para Fidel, Hugo Chávez e a Venezuela são a garantia de que a revolução cubana irá perdurar depois de sua morte. Fidel não confia nas condições de Raúl. Sabe que ele é leal e competente, mas incapaz de sonhar grande. Raúl não é um visionário. Não tem visões grandiosas nem ouve as vozes da história. Falta-lhe esse glorioso toque megalomaníaco, com acentos paranóicos, que caracteriza os grandes revolucionários. Raúl não quer mudar o mundo, senão as vacas. Pretende coisas tão simples como que as crianças possam ter acesso a um copo de leite, depois de sete anos. Puras ordinarices

Além disso, é claro, está o argumento dos petrodólares. A Venezuela, assim como a URSS, serve para custear a ineficiência do sistema. O regime hoje pode seguir sendo minuciosamente improdutivo, porque essa incapacidade é subsidiada pelos venezuelanos de várias maneiras: enviando petróleo que não é cobrado nunca, pagando quantias astronômicas por serviços não prestados, ou que são mal prestados, menos os policialescos, e utilizando Cuba para triangular as compras. A Venezuela, por exemplo, necessita de uma perfuradora para extrair petróleo ou de um milhão de quilos de leite, e faz o pedido às companhias-fantasmas cubanas a um preço descomunal. Essas empresas, por sua vez, adquirem os produtos no mercado internacional a um custo razoável e deixam os imensos ganhos na ilha. Em quase todos os países do mundo isto se chama fraude. Para Chávez e para Fidel são apenas exemplos de solidariedade internacional pagas pelos sofridos venezuelanos.

O interessante dessa fusão progressiva entre os dois países é que ambos também duplicam as zonas de risco. Os cubanos sabem que o esgotado regime dos Castros pende e depende de um tênue fio biológico que sustenta os dois anciãos valetudinários, enquanto os venezuelanos não ignoram que Chávez só tem o apoio firme de uns 30% da população e a crescente rejeição do resto do país, relação de forças que pode desembocar em sua saída do poder. Qualquer dos dois governos que entre em crise vai arrastar o outro para a destruição. Seguro.

– Tradução do FiladaSopa (Arthur)

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".