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quinta-feira, 18 de março de 2010

A ‘DECEPÇÃO’ DE MONTANER

A ‘DECEPÇÃO’ DE MONTANER  


HEITOR DE PAOLA









Num artigo publicado em Português pelo Estado de São Paulo em 12/03/2010, A decepção internacional com Lula (versão original em Espanhol e em Inglês) Carlos Alberto Montaner se diz decepcionado com Lula porque este adotou, cruelmente, o ponto de vista de seu amigo Fidel Castro’. Segundo ele a decepção é geral na diplomacia internacional, pois segundo lhe assegurou ‘um presidente latino-americano que o conhece bem (ao Lula)"Parecia que Lula, com sua simpatia e pelo bom momento que seu país atravessa, converteria o Brasil na grande potência latino-americana. Falso. Ele destruiu essa possibilidade ao se alinhar com os Castros, Chávez e Ahmadinejad. Nenhum país sério confia mais no Brasil".


A leitura atenta do texto mostra uma enorme incoerência. Ora Montaner diz que Lula adotou o ponto de vista de Fidel – sem dizer quando, fica parecendo que foi recentemente quando esteve em Cuba -, ora diz que‘o comportamento de Lula não é surpreendente’ e passa a dissertar pela primeira vez sobre o Foro de São Paulo como se fosse autoridade no assunto - que, até então, negava peremptoriamente -, para adotar, no final, o ponto de vista do tal presidente que conhece Lula bem, de que este padece de uma ‘penosa fragilidade intelectual’, sendo apenas ‘um sindicalista preso à superstição da luta de classes’ e por isto ‘aceita a análise dos marxistas radicais que lhe explicaram a realidade como um combate entre bons e maus’. Arrisca ainda o palpite de um ex-embaixador americano de que ‘Lula é um inimigo contumaz do Ocidente e, muito especialmente, dos EUA, embora trate de dissimulá-lo’.


O autor não se decide: quem é Lula? Um comunista aliado há 20 anos  de Fidel? Um homem de intelecto frágil, joguete de marxistas radicais? Alguém que até a pouco seguia o bom caminho e era admirado pelo autor e por todo mundo e, subitamente tomou o caminho do mal? Esta indecisão fez com que eu mudasse meu ponto de vista com relação a Montaner. Inicialmente, por motivos que já vou esclarecer, pensei em tratá-lo como hipócrita e mentiroso. Depois me dei conta de que até a visita a Cuba, incluindo o episódio Zelaya, Montaner ainda acreditava na teoria elaborada por Stephen Jonhson [[1]], da Heritage Foundation, sobre a existência na Iberoamérica de duas esquerdas: a ‘carnívora’,representada por Chávez, e a ‘vegetariana’, representada por Lula. Creio, portanto, que Montaner não é apenas um hipócrita, mas também um ‘perfeito idiota latino-americano’, versão Século XXI.  


Em maio de 2005 quando, numa Mesa Redonda sobre A Freedom Agenda for the Americas do Atlas Liberty Forum em Miami, após defender a agenda baseada numa esquerda, então chamada moderada, para fazer frente à outra esquerda, então chamada radical, saiu-se com esta pérola: “Yo creo que José Dirceu hizo un cambio ideológico”. Tendo eu e outros brasileiros atônitos abordado Montaner privadamente após a reunião, caiu a máscara da empáfia e o peremptório “creo” transmutou-se num simples “a mi, por lo menos, me parece que sea”, saindo de fininho logo depois. Este episódio está narrado com mais detalhes no meu artigo Os Três Patetas. Desde então escrevi diversos artigos e juntamente com Graça Salgueiro, Carlos Azambuja, Villamarin Pulido, Armando Valladares, Alejandro Esclusa – sem falar dos incontáveis textos de Olavo de Carvalho e a denúncia original do Professor Constantine Menges – grande parte dos quais foram enviados para Montaner, sendo recebidos com absoluto silêncio.


Pelo contrário, o esforço para a ocultação de Lula vai a ponto de num artigo de 12/08/07, Montaner (“Lula, o senhor de escravos”),&nbspao comentar a entrega de Lula a Fidel dos atletas cubanos que queriam asilo, disse que “o próprio Fidel Castro, que é o proprietário destes rapazes, se comunicou com Lula da Silva e exigiu que ele colaborasse com a imediata devolução da mercadoria. Lula, que entende a lógica dos senhores de escravos, se compadeceu do velho e enfermo ditador. (...) Os negros eram seus. E prossegue: “O difícil de entender é a vil colaboração do presidente Lula da Silva com esta infâmia moral. Não se presume que estamos diante do primeiro presidente latino-americano que provém da classe operária, o primeiro que poderia entender melhor que ninguém a tragédia dos oprimidos? Pensaria que a liberdade destes dois pobres boxeadores negros não tem a menor importância? Pode ser. Assim pensavam os senhores de escravos".


E isto é o pior: Montaner, segundo seu próprio site, é lido por mais de seis milhões de pessoas, pai e filho Vargas Llosa provavelmente por outro tanto, ou ainda mais. A Heritage Foundation teve enorme ascendência sobre o Departamento de Estado no segundo mandato de George W. Bush, orientando a formulação da política para a América Latina com estas esdrúxulas idéias. Não admira que Jeb Bush, ex-governador da Flórida tenha dito a Montaner que ‘seu irmão George, então presidente dos EUA, tinha uma relação magnífica com Lula e estava convencido de que ele era um aliado leal’.


Para evitar me repetir, vão abaixo alguns dos artigos que Montaner certamente recebeu – se leu, não sei dizer – e um interessante vídeo sobre mentirosos.








De Armando  Valladares: A DECADÊNCIA DA DIPLOMACIA BRASILEIRA







[1] Ex-funcionário do Departamento de Estado e Analista Político Senior para a América Latina do Instituto de Estudos Internacionais Kathryn and Shelby Cullom Davis, da Heritage Foundation.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".