Por Alejandro Peña Esclusa, ex-candidato à presidência da Venezuela em 06/08/2008
Segunda-feira passada, Evo Morales garantiu que no referendo de domingo "não iria votar-se por mudanças de pessoas em diversos cargos, mas por um modelo econômico, que será aplicado nos próximos 40 ou 50 anos". Nós, que vivemos na Venezuela, já escutamos essas palavras antes, mas na boca de Hugo Chávez. Toda vez que há uma eleição em nosso país, Chávez diz que não se está votando no que diz a cédula, mas numa visão global, com ótica comunista.
Ironicamente, Chávez não se atreve a submeter o modelo castro-comunista em votação, porque sabe que mais de 90% dos venezuelanos o rechaçam, mas arbitrariamente extrapola em qualquer eleição para ajustá-la a esse modelo.
Se a votação favorece Chávez – o que ocorre muitas vezes, porque ele recorre à fraude -, então ele aproveita a inércia para impor medidas que vão muito além do ponto submetido à votação. O que importa não é a vontade popular, mas o ato eleitoral, para assim justificar suas imposições. Em outras palavras, materializa-se um golpe de Estado.
Baseado nessa experiência, atrevo-me a recomendar aos bolivianos que se preparem porque, se perder o referendo, Evo Morales não reconhecerá os resultados e, se ganhar, a partir da próxima segunda iniciará uma investida feroz contra a democracia.
O primeiro passo será, com certeza, pôr em plena vigência aquela constituição ilegítima que foi aprovada às pressas, sem a presença da oposição, mas com a presença dos fuzis.
Só há uma forma de impedir que o filhotinho de ditador se dê bem, e é protestando pacificamente nas ruas, para fazer valer a vontade popular. Porém, é de se esperar que o governo desate a violência, como, aliás, já está ocorrendo no momento em que escrevo estas linhas.
A comunidade internacional deve abrir os olhos, porque Evo Morales está preparando um golpe de Estado.
Tradução: Rodrigo Garcia
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