VITÓRIA DO PT NAS ELEIÇÕES DE 2002 ANIMOU A GUERRILHA
OS LAÇOS DO BRASIL-FARC
Reportagem Especial do Jornal Zero Hora
Reportagem Especial do Jornal Zero Hora
Por Fábio Schaffner e Léo Gerchmann
A vitória do PT nas eleições de 2002 entusiasmou os principais dirigentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Com a chegada ao poder de um partido que simpatizava com as causas do movimento, líderes da guerrilha tentaram angariar apoio político à resistência na selva colombiana.
— Em vários momentos fomos procurados por representantes das Farc com pedidos de ajuda. Às vezes eles sequer se identificavam como integrantes da guerrilha, mas a posição do PT sempre foi de absoluta divergência com os métodos praticados pelo grupo. Nunca houve cooperação — afirma o tesoureiro nacional do PT e ex-secretário de Relações Institucionais do partido, o gaúcho Paulo Ferreira.
A suposta resistência do partido, contudo, não impediu o governo brasileiro de atuar em favor da guerrilha. No final de 2005, o também gaúcho Selvino Heck foi procurado por interlocutores das Farc. Assessor especial da Presidência da República, Heck recebeu de pessoas ligadas a movimentos de defesa dos direitos humanos um pedido de ajuda para o padre Olivério Medina, representante dos narcoguerrilheiros no Brasil. Preso pela Polícia Federal a pedido do governo da Colômbia, Medina estaria recolhido em condições insalubres no Presídio da Papuda, em Brasília.
— Me disseram que ele estava correndo risco de vida. Comuniquei o caso ao Gilberto Carvalho (chefe de gabinete do presidente Lula) e à Secretaria de Direitos Humanos. Essa foi minha única participação no episódio — resume Heck.
Um e-mail encontrado pelo exército colombiano na caixa-postal do computador de Reyes relata o auxílio de Heck. Na correspondência, com data de 23 de dezembro de 2006, Medina diz a Reyes que enviou como retribuição ao gaúcho e a Carvalho um cartaz das Farc. Medina comenta ainda um possível encontro com Heck. "É possível que me visite um assessor especial de Lula chamado Selvino Heck, que junto com Gilberto Carvalho tem sido outro que tem nos ajudado bastante", registra o e-mail.
PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO DA COLÔMBIA FOI IGNORADO
Após o pedido de Heck, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos enviou um emissário à Papuda, onde Medina estaria doente e sem direito a banho de sol. O órgão, contudo, não elaborou um relatório da visita, como exige a prática da secretaria, sob alegação de que um advogado havia conseguido soltar Medina. Num e-mail anterior, de 25 de setembro de 2006, Medina cita uma suposta comemoração de Lula pela liberdade adquirida pelo guerrilheiro.
Segundo Medina, Lula teria telefonado para o advogado Ulises Riedel e "lhe felicitara pelo êxito jurídico em sua brilhante defesa em favor de meu refúgio". Medina se referia à decisão judicial que havia transferido o guerrilheiro para prisão domiciliar, à espera de uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de extradição impetrado pelo governo boliviano.
Além da ajuda jurídica, o PT também teria conseguido um emprego para a mulher de Medina, a pedagoga paranaense Angela Maria Slongo. Funcionária de carreira da Secretaria de Educação do Paraná, Angela foi contratada pelo Ministério da Pesca em 29 de dezembro de 2006. Ocupando o posto de oficial de gabinete II, Angela recebe cerca de R$ 1,5 mil mensais e coordena programas de alfabetização de pescadores do ministério. Sua transferência para o governo federal foi solicitada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao governador Roberto Requião.
— Esse pedido da ministra é uma imposição da burocracia. É a Casa Civil quem pede as cedências. Angela foi contratada por causa do excelente currículo que apresentou, e não houve qualquer pistolão ou carteiraço — afirma o ex-secretário-executivo do ministério Dirceu Lopes, responsável pela contratação de Angela.
— Em vários momentos fomos procurados por representantes das Farc com pedidos de ajuda. Às vezes eles sequer se identificavam como integrantes da guerrilha, mas a posição do PT sempre foi de absoluta divergência com os métodos praticados pelo grupo. Nunca houve cooperação — afirma o tesoureiro nacional do PT e ex-secretário de Relações Institucionais do partido, o gaúcho Paulo Ferreira.
A suposta resistência do partido, contudo, não impediu o governo brasileiro de atuar em favor da guerrilha. No final de 2005, o também gaúcho Selvino Heck foi procurado por interlocutores das Farc. Assessor especial da Presidência da República, Heck recebeu de pessoas ligadas a movimentos de defesa dos direitos humanos um pedido de ajuda para o padre Olivério Medina, representante dos narcoguerrilheiros no Brasil. Preso pela Polícia Federal a pedido do governo da Colômbia, Medina estaria recolhido em condições insalubres no Presídio da Papuda, em Brasília.
— Me disseram que ele estava correndo risco de vida. Comuniquei o caso ao Gilberto Carvalho (chefe de gabinete do presidente Lula) e à Secretaria de Direitos Humanos. Essa foi minha única participação no episódio — resume Heck.
Um e-mail encontrado pelo exército colombiano na caixa-postal do computador de Reyes relata o auxílio de Heck. Na correspondência, com data de 23 de dezembro de 2006, Medina diz a Reyes que enviou como retribuição ao gaúcho e a Carvalho um cartaz das Farc. Medina comenta ainda um possível encontro com Heck. "É possível que me visite um assessor especial de Lula chamado Selvino Heck, que junto com Gilberto Carvalho tem sido outro que tem nos ajudado bastante", registra o e-mail.
PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO DA COLÔMBIA FOI IGNORADO
Após o pedido de Heck, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos enviou um emissário à Papuda, onde Medina estaria doente e sem direito a banho de sol. O órgão, contudo, não elaborou um relatório da visita, como exige a prática da secretaria, sob alegação de que um advogado havia conseguido soltar Medina. Num e-mail anterior, de 25 de setembro de 2006, Medina cita uma suposta comemoração de Lula pela liberdade adquirida pelo guerrilheiro.
Segundo Medina, Lula teria telefonado para o advogado Ulises Riedel e "lhe felicitara pelo êxito jurídico em sua brilhante defesa em favor de meu refúgio". Medina se referia à decisão judicial que havia transferido o guerrilheiro para prisão domiciliar, à espera de uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de extradição impetrado pelo governo boliviano.
Além da ajuda jurídica, o PT também teria conseguido um emprego para a mulher de Medina, a pedagoga paranaense Angela Maria Slongo. Funcionária de carreira da Secretaria de Educação do Paraná, Angela foi contratada pelo Ministério da Pesca em 29 de dezembro de 2006. Ocupando o posto de oficial de gabinete II, Angela recebe cerca de R$ 1,5 mil mensais e coordena programas de alfabetização de pescadores do ministério. Sua transferência para o governo federal foi solicitada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao governador Roberto Requião.
— Esse pedido da ministra é uma imposição da burocracia. É a Casa Civil quem pede as cedências. Angela foi contratada por causa do excelente currículo que apresentou, e não houve qualquer pistolão ou carteiraço — afirma o ex-secretário-executivo do ministério Dirceu Lopes, responsável pela contratação de Angela.
Uma constelação de integrantes do governo brasileiro e do PT tem mantido diálogos freqüentes com a maior guerrilha colombiana, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Quem afirma é a revista semanal colombiana Cambio, em edição que chegou às bancas ontem. As conversas incluem promessas de intermediação para que os guerrilheiros consigam status diplomático. material completo aqui
RECEBI UM REPRESENTANTE DAS FARC NO GABINETE
Entrevista: Rui Portanova, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado
O desembargador gaúcho Rui Portanova, 58 anos, se define como "homem de esquerda" e se tornou conhecido como um dos expoentes da chamada Justiça Alternativa. O magistrado soube ontem por Zero Hora que mensagem das Farc o aponta como "amigo nosso" e não demonstrou surpresa.
- Mantive contato durante meses com eles, por e-mail. Tinha curiosidade por saber como vivem - justifica Portanova. Leia material completo aqui
PARA PRESIDENTE DA AJURIS, OPINIÕES DEVEM SER RESPEITADAS
A citação do desembargador gaúcho Rui Portanova na reportagem que aponta conexões das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Brasil provocou reação cautelosa de seus colegas no Judiciário.
Procurado por Zero Hora, o Tribunal de Justiça do Estado, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que não se manifestaria sobre o caso por avaliar que se trata de tema de foro íntimo. O silêncio se repetiu na Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Amigo de desembargador foi surpreendido por notícia - material completo aqui
COMENTÁRIO: Depois, o Marco Aurélio Garcia (Top Top) ainda tem a cara de pau de dizer que a reportagem da Revista colombiana é FANTASIA.
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