05 de agosto de 2008
“Assim como o estado não paga nada por um automóvel roubado e o devolve ao legítimo dono, assim também não pagará nada a vocês, pois as terras foram roubadas dos negros...”.
Milhares de produtores e trabalhadores rurais do Norte do Espírito Santo realizaram, no dia 28 de julho último, uma grande manifestação na cidade de São Mateus, em plena BR 101 e que durou 7 horas e meia.
Esta foi a infeliz ameaça de um diretor do INCRA na região de São Mateus(ES)
Milhares de produtores e trabalhadores rurais do Norte do Espírito Santo realizaram, no dia 28 de julho último, uma grande manifestação na cidade de São Mateus, em plena BR 101 e que durou 7 horas e meia.
Com tratores, caminhões, caminhonetas e automóveis, eles protestaram contra a já conhecida Revolução Quilombola, ao mesmo tempo em que reivindicaram melhorias para a região.
A manifestação contou com o apoio de caminhoneiros.
A idéia do protesto surgiu porque, após uma trégua, o INCRA reiniciou de forma intempestiva, unilateral e truculenta as notificações das propriedades a serem confiscadas para assentamentos de pretensos quilombolas.
De acordo com fontes da Confederação Nacional de Agricultura, as propriedades não serão mais desapropriadas (por preço justo ou, o mais provável, injusto), e também não serão expropriadas (pagando-se apenas as benfeitorias), mas terão suas escrituras anuladas. Em conseqüência, os atuais e legítimos proprietários serão expulsos de suas terras pela força policial.
Foi o que afirmou um dos fanáticos diretores do INCRA do Norte do Espírito Santo, que taxativamente ameaçou os produtores durante uma reunião. Existem propriedades com documentos de há 154 anos, portanto da época do Império. Em razão disto, os agricultores pediram a anulação do decreto 4887 do presidente Lula, que vem permitindo esses inadmissíveis atropelos ao direito de propriedade.
Da pauta de reivindicações dos agricultores constavam: melhorias na infra-estrutura (como asfaltamento da estrada de Boa Esperança, onde vive a maior parte da população negra de São Mateus), a criação de um CEASA Regional, represas para fornecimento de água potável para a cidade e sobra para irrigação.
Num palanque montado em cima de um trio elétrico discursaram os organizadores, Prof. Eliezer Ortolane Nardoto, Dr. Edvaldo Permanhane, do Movimento Paz no Campo de São Mateus, o presidente do Sindicato Rural, Fábio Gama, o Prefeito municipal de São Mateus, Nauriano Zancanella, o deputado Freitas, o ex-deputado federal da bancada ruralista e que também foi prefeito de Nova Venécia, Adelson Salvador.
O pequeno produtor rural afro descendente Orlando Barbosa também falou em nome dos negros que não apóiam a revolução quilombola.
Os membros da Associação dos Fundadores, que participam da Campanha Paz no Campo, de São Paulo, se fizeram presentes distribuindo milhares de impressos em defesa do agronegócio, contra o MST e a revolução quilombola. Por sua vez, o movimente Paz no Campo, de São Mateus, divulgou um documento intitulado “Carta do povo de São Mateus”, com as principais reivindicações dos produtores e agricultores do Espírito Santo.
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