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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Maria do Rosário, por que não ajuda o Anselmo?

ALERTA TOTAL
DOMINGO, 13 DE FEVEREIRO DE 2011

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Jorge Serrão

“Comemora” 70 anos de idade, neste 13 de fevereiro, o sergipano José Anselmo dos Santos. Um presente ele gostaria muito de ganhar da Justiça: um simples documento de identidade. Pode ser até na versão pós-moderna, com chip localizador. José Anselmo apenas sonha em ser ele mesmo, novamente, pela via da prova documental.

O presente é simples e barato. Só o rancor do passado atrapalha que ele seja dado. O governo comete o crime civilmente hediondo de negar a José Anselmo este direito elementar a qualquer cidadão: uma cédula de identidade que comprove que ele é ele mesmo. Para piorar, a turma dos direitos humanos é conivente com o holocausto documental contra José Anselmo dos Santos. Por que a Secretária Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, não colabora para que o governo em que trabalha entregue a carteira de identidade já solicitada e determinada por decisão judicial?

Vamos perguntar de novo. Será que o advogado Luciano Blandy terá de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para que José Anselmo dos Santos tenha o elementar direito de ter de volta uma carteira de identidade? Será que o STF também precisará ser acionado para que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça pare de protelar o julgamento do pedido de anistia feito pelo mesmo José Anselmo – que é um exilado forçado do regime pós-64?

As duas perguntas têm respostas tão elementares que nem deveriam ser feitas. Ainda mais depois que o STF, por 7 votos a 2, sacramentou que a Lei de Anistia, de 1979, é pra valer. Pelo menos para José Anselmo dos Santos, tal lei nunca valeu, e só Deus sabe se valerá ou quando valerá. Não resta dúvida de que a identidade de Anselmo precisa ser restituída imediatamente.

Sua anistia deve ser homologada, sem privilégios. Ele não merece sobreviver como um homem que não existe. Enfim, nem ele - nem ninguém – merece ser vítima da espiral autoritária do silêncio que impede a construção de uma democracia de verdade no Brasil. Anselmo é vítima de erros do passado. E paga caro por isto.

Marinheiro de primeira classe, nos idos pré-64, entrou de gaiato no navio ideológico da história mal contada do Brasil. O comuno-sindicalismo o transformou no mítico Cabo Anselmo. A malandragem criou a versão atualizada do também marinheiro João Cândido – aquele também transformado no “Almirante Negro”, no começo do século, para afrontar os esquemas militares. Anselmo gerou tanto ódio que foi o cassado número 100 pelo Ato Institucional número 1, baixado pelo governo Castello Branco.

Os vários anos que passou em Cuba, preparando-se para voltar ao Brasil como guerrilheiro-revolucionário, lhe criaram uma consciência sobre os perigos dos regimes autoritários. Quando voltou ao Brasil, no começo da década de 70, logo foi preso e teve de “optar”. Ou colaborava com a repressão ao terrorismo no Brasil ou “desapareceria para sempre”. A desilusão com o regime cubano e o pragmatismo da sobrevivência o fizeram mudar de lado ideológico.

A decisão de Anselmo o matou do mesmo jeito. Sumiram até com a certidão de nascimento dele, no cartório da cidadezinha sergipana de Arraial d´Ajuda. Perdeu a identidade que agora deseja e tem direito a ter de volta. Transformou-se em um autoexilado. Virou o Homem que não existe. Quando todos já lhe davam como desaparecido, na década de 80, um policial da equipe do Delegado Sérgio Paranhos Fleury o “aconselhou” que seria muito bom dar uma entrevista a um jornalista “amigo” para dar sua versão da história.

A aparição de Anselmo ao veterano repórter Octávio Ribeiro, o Pena Branca, lhe foi fatal. Curioso que Anselmo cometeria o mesmo erro, anos depois. Tentando novamente se reabilitar historicamente, reapareceu para outros dois jornalistas: Percival de Souza e Pedro Bial. A exposição inútil de Anselmo, para rearranjar uma história que não tinha mais como ser consertada, acabou obrigando-o a “sumir” de novo.

Só reapareceu recentemente, agora para pedir que sua anistia seja reconhecida – como foi a todos os outros, incluindo a Presidenta Dilma Rousseff e tantos outros menos votados – e que sua identidade original lhe seja devolvida. A Secretaria Nacional de Direitos Humanos tem a obrigação legal e moral de obrigar o governo da devolver a identidade de Anselmo. Mesmo sem certidão de nascimento, o filho da Joana pode provar que é ele mesmo porque a Marinha já confirmou sua identificação, em perícia oficial.

Maria do Rosário, você não vai trair sua ideologia se ajudar o Anselmo a ter a simples identidade de volta. O agora septuagenário não pode ser o Homem que Não Existe para o resto da vida.

Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 13 de Fevereiro de 2011.

Aviso aos Navegantes do Alerta Total - Entramos tarde com a edição deste domingo e podemos atrasar a dos próximos. Estamos em viagem pela Amazônia, produzindo uma reportagem especial sobre jovens que, no meio da floresta, trabalham, estudam, produzem e praticam, de verdade, a tal “sustentabilidade” tão propalada pelos consultores 171.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".