O governo colombiano carece de uma estratégia para se opor à campanha midiática das FARC e seus cúmplices?
* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
As afirmações do presidente Santos acerca de revisar a farsa midiática das FARC e seus cúmplices com as libertações a conta-gotas, indicariam que o mandatário descobriu (um pouco tarde mas o fez) que a água molha e que a UNASUL, o Foro de São Paulo e Colombianos pela Paz estendem uma cilada de imprevisíveis resultados contra a Colômbia, por meio da legitimação das FARC e o subseqüente apoio armado para que se lancem por trás da tomada do poder.
Todo essa confusão tem uma só origem. Nenhum dos governos de turno, desde 1965 em diante, preocupou-se em estudar o Plano Estratégico das FARC. Nem sequer na era Uribe, na qual parece que só o presidente entendia como ia a água ao moinho, pois seus ministros de Defesa só pensaram em fazer politicagem com o cargo.
As FARC são o braço armado do Partido Comunista, agrupamento político que por organização interna e objetivos estatutários comunga com a combinação de todas as formas de luta para a tomada do poder. São dinossauros políticos que ficaram estancados na Guerra Fria e no conto que lhes lança o decrépito ditador cubano acerca da vigência do socialismo, matizado e financiado pelo jogral venezuelano.
Ademais, o grupo terrorista rege-se por documentos programáticos e conclusões das conferências guerrilheiras. As decisões são coletivas do Secretariado. Não provêm só de Cano, nem de Márquez nem de nenhum dos outros cabeças. Os planos farianos não prevêem a paz, senão a guerra de classes e a tomada violenta do poder, junto com a guerra política e psicológica desenhada nos manuais marxistas-leninistas, sem se importar que o mundo contemporâneo é diferente de sua arcaica visão política.
Assim, as FARC estão convencidas de que são alternativa de poder na Colômbia e, em que pese que uma esmagadora maioria de colombianos os rechace e os veja como bandidos, terroristas, assassinos, narco-traficantes, mentirosos, seqüestradores e delinqüentes piores do que o bandido comum, em seus documentos internos se auto-nomeiam representantes do povo com o coro de Piedad Córdoba, Iván Cepeda, o jornalista Jorge Botero e outros personagens de atitudes questionáveis, que os defendem com todo rigor e pedem status político para os terroristas.
Porém, além de não entender e desconhecer o Plano Estratégico das FARC, altos funcionários públicos, sisudos analistas e cronistas do conflito, tampouco compreendem nem se dão conta de que, com a farsa de libertar os seqüestrados a conta-gotas e torturar os familiares dos que continuam em poder dos terroristas, há uma linha estratégica sistemática desde quando Chávez e seus comparsas do Socialismo do Século XXI tentaram legitimar as FARC, com a visita de vários mandatários pró-terroristas a Tirifijo nas planícies do Yarí.
Em que pese que nesse momento o presidente Uribe tenha desmascarado a farsa, nem a chancelaria nem nenhum outro dos ministérios se deu por achado com o problema. Assim, as FARC e seus amiguinhos continuaram com o plano. Libertaram alguns políticos, descaradamente negaram o massacre dos deputados do Valle, disseram que os achados nos computadores de Reyes eram uma montagem e, embora a Procuradoria tenha destituído a senadora Córdoba ao comprovar seus nexos com as FARC, a Corte Suprema de Justiça nem ouve, nem vê, nem entende nada. Haverá aí prevaricato?
A recente reação de Santos era o mínimo que esperavam os 10 milhões de colombianos que iludidos o elegeram, crendo que tinha a estatura e a visão estratégica de Uribe. Presidente Santos: além de descobrir que a água é muito importante para a navegação marítima, o que a Colômbia não entende é porquê depois de tantos anos de terrorismo comunista, adornado com guerra midiática e infiltração nacional e internacional de organismos-chave, o Estado e as Forças Militares continuam de fraldas com a Ação Psicológica ou Guerra Política, ou Ação Integral.
Não lhe parece que está na hora da Chanceler Holguín deixar de pensar que sorrindo para Chávez minimiza o complô dos terroristas e de seus cúmplices, pois é inadiável uma estratégia concisa de difusão internacional acerca das intenções farianas e de seus comparsas? Ou, o senhor não acredita que também está na hora de os ministérios do Interior, Defesa e Comunicações mudarem a estratégia de “guerrilheiro, entregue-se” ou, “eu morro por você sem lhe conhecer”, por um projeto estratégico pensado a longo prazo com objetivos nacionais e permanentes campanhas integrais? O senhor tem a palavra.
* Analista de assuntos estratégicos - www.luisvillamarin.com
Tradução: Graça Salgueiro
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