por Daniel Pipes
The Economist
8 de Fevereiro de 2011
The Economist
8 de Fevereiro de 2011
Original em inglês: Anoush Ehteshami and Democracy in Egypt
Tradução: Joseph Skilnik
Tradução: Joseph Skilnik
Anoush Ehteshami não deveria ter assumido a misssão de afirmar "que o Egito se tornará uma democracia em um ano" visto que, na realidade, compartilha com o meu ceticismo a cerca do surgimento da plena participação política num período de tempo tão curto. São cinco as suas dúvidas e circunspecções:
Para começar, defendeu a continuidade no poder do regime e suas instituições, observando que "a máquina do estado continua infiltrada por membros do partido e pessoas leais a Mubarak", enquanto "o grande establishment responsável pela segurança permanece inteiramente controlado pela elite governante criada por Mubarak". A partir disso, ele conclui que "o fim eminente desse regime e desse presidente pode ter sido exagerado". Obviamente, isso sustenta o meu raciocínio.
Segundo, o Sr. Ehteshami não prevê nada mais esperançoso para o futuro do Egito do que "poderia ser vagamente referenciado como o caminho repleto de solavancos rumo à democratização". Esse termo vago, explica ele, significa (1) uma expansão da base política, (2) alargamento do espaço público e (3) infiltração de forças reformistas no regime. Não entendo o que significa tudo isso – contudo não se encaixa na descrição convencional de democracia.
Terceiro, ele prevê o aparecimento de uma ampla coalizão – em seguida seu fracasso imediato, levando à consolidação de partidos representando enfoques islamistas, nacionalistas, liberais, pan-árabes e seculares. A competição entre eles admite, "será longa e dolorosa" – adjetivos que indicam que o processo não estará concluído em doze meses nem tampouco será democrático.
Quarto, o mais excêntrico de todos, conforme sustenta o Sr. Ehteshami as forças econômicas impulsionarão o país em direção à democracia: "O imperativo econômico irá gerar suas próprias pressões contra o governo e o ímpeto em busca de amplas reformas econômicas e de transparência proporcionarão mais energia a favor das forças pró-reformistas". Diga isso aos chineses que estão aturando três décadas de governo autocrático acompanhado de expansão econômica.
A partir dessa mistura de previsões vem a conclusão menos eloquente ainda de que em um ano, "o Egito estará se tornando uma democracia". Bem, "se tornando uma democracia" não é a proposta: só para lembrar, nosso tópico é se "o Egito se tornará uma democracia". O Sr. Ehteshami parece incapaz de realmente fazer tal previsão.
Em suma, ambos concordamos que após um "longo e doloroso" ano, o Egito estará, na melhor das hipóteses "se tornando uma democracia". Agradeço a ele por me ajudar a defender o ponto de vista de que o Egito permanecerá autocrático nos próximos doze meses.
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