terça-feira, 8 de junho de 2010
Um leitor recentemente reclamou que aqui quase só coloco links para textos em inglês. É verdade, mas é que é difícil encontrar bons textos sobre os temas que me interessam em português. Hoje repito a dose, dando dois links em inglês -- ainda por cima britânico -- para recentes textos de Theodore Dalrymple: um deles falando sobre a relação entre o crescimento econômico e a felicidade, e outro falando sobre os problemas causados pela utopia da igualdade social.
A conclusão do bom doutor parece ser que, nem o dinheiro ou as conquistas materiais trazem felicidade, nem a igualdade social é um bem desejável ou possível - muito antes pelo contrário, costuma arruinar muitas sociedades.
Sobre o primeiro ponto, é verdade que as sociedades (e as pessoas) mais afluentes não são necessariamente as mais felizes, ao menos na minha limitada experiência. Houve um tempo em que eu tinha bem menos acesso a bens materiais, mas era (acredito) mais feliz. Ou talvez era apenas uma questão de idade e circunstância. Por outro lado, uma recente pesquisa parece indicar que os ricos são mais felizes, sim.
Eu não sei. A felicidade é sempre subjetiva. Mas acho que há algo a se dizer em favor do mito de que "os pobres são mais felizes", e acho que tem a ver com a vida em comunidade. Entre os ricos (e nas sociedades ricas) há mais individualismo e, portanto, mais solidão. A vida em comunidade é um dos fatores que fazem com que 65% dos habitantes prefiram não deixar as favelas, mesmo tendo opção (os outros fatores são proximidade ao trabalho e não-pagamento de IPTU, etc.)
Em uma pesquisa sobre qual era "o país mais feliz no mundo", deu a Nigéria, seguida do México. Bem, as pesquisas variam muito. Em uma outra saiuCosta Rica, e em outra ainda a Dinamarca. (É preciso dizer que não sei qual a validade dessas pesquisas, já que é como uma pesquisa sobre sexo: todos mentem um pouco, e ninguém gosta de se declarar infeliz.)
Sobre a questão da igualdade, a questão é mais complexa, mas em geral sua perseguição só traz desgraça e sofrimento, para todos. Primeiro, porque é impossível, como a experiência socialista já mostrou: alguns são sempre mais iguais do que outros, nem que sejam os oficiais responsáveis pela "igualdade", que trabalham em cargos como Ministro da Igualdade Social. Segundo, porque as políticas de redistribuição de renda ou de terras costumam terminar em fracasso e desgraça. Dalrymple dá vários exemplos, observando que mesmo na Inglaterra as políticas de redistribuição terminaram criando muito mais infelicidade entre as subclasses dependentes do Estado, com alcoolismo, violência, suicídio, abuso infantil, etc - muito embora eles tenham uma vida materialmente bem superior à de qualquer país de terceiro mundo.
Os pobres são mais felizes?
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