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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A marcha da insensatez e a estupidez protetora

Fonte: ESTADÃO
Quarta-Feira, 09 de Setembro de 2009

“Mas o psicopata não é um doente mental da forma como nós o entendemos. O doente mental é o psicótico, que sofre com delírios, alucinações e não tem ciência do que faz. Vive uma realidade paralela. Se matar, terá atenuantes. O psicopata sabe exatamente o que está fazendo. Ele tem um transtorno de personalidade. É um estado de ser no qual existe um excesso de razão e ausência de emoção. Ele sabe o que faz, com quem e por quê. Mas não tem empatia, a capacidade de se pôr no lugar do outro.”

Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva

Psiquiatra e escritora, diretora das clínicas Medicina do Comportamento, no Rio e em São Paulo, onde atende pacientes e supervisiona tratamentos.


Sandra Cavalcanti

No ano de 1984, Barbara W. Tuchman premiou o mundo com um livro que, além de surpreendente, é admiravelmente bem escrito: A Marcha da Insensatez. Obra para ser lida e relida, dedicada aos que se interessam pelos caminhos da humanidade e procuram explicações para a insensata adoção, por muitos governantes, de políticas contrárias aos seus próprios interesses.

A autora oferece quatro episódios da História mundial como exemplo de momentos muito emblemáticos:

Os troianos puxam o misterioso cavalo de madeira para dentro dos muros de Troia;

os papas da Renascença não captam a importância das vozes reformistas e não impedem a cisão protestante;

a arrogância dos lordes ingleses detona o processo de libertação da América do Norte;

os americanos se atolam no Vietnã.

Como entender que, com poder de decisão política, alguns ajam tão frequentemente de forma contrária à apontada pela razão e pelos próprios interesses em jogo? Por que o processo mental dessas inteligências, também tão frequentemente, parece não funcionar?

O último capítulo do livro, Uma Lanterna de Popa, oferece ao leitor conclusões bastante melancólicas sobre os relatos e feitos analisados. Uma dessas conclusões sustenta a tese de que, entre as causas que mais contribuem para a insensatez política, a principal é a ambição do poder.

A ambição do poder é definida por Tácito como "a mais flagrante de todas as paixões". Ela só se satisfaz quando exerce o poder sobre os demais seres humanos. Governar acaba sendo a melhor forma de exercer o poder sobre as pessoas.

Ganhar muito dinheiro ou conseguir muita fama também oferecem satisfação de poder. Mas isso só aos muito bem-sucedidos. Nos casos comuns, embora o dinheiro propicie alta posição social e luzes de fama, fica faltando o domínio sobre os demais. O real domínio só o ato de governar oferece! O domínio sobre os outros significa, para os governantes, o verdadeiro poder que ambicionavam. Por isso o desejam ardentemente e o conquistam a duras penas. Mas depois, lamentavelmente, revelam-se incapazes de exercê-lo sobre si mesmos.

Nenhuma alma, segundo Platão, consegue resistir ao excesso de poder. Para livrá-la da insensatez, só a garantia das leis. Sem essas garantias o excesso de poder conduz à desordem e à injustiça. Toda insensatez começa assim.

Maquiavel, que sabia das coisas, dizia que todo governante "deve ser um grande perguntador, escutar pacientemente a resposta sobre o que perguntou e manifestar sua ira ao verificar que lhe ocultaram a verdade".

No mundo de hoje, qualquer titular de governo enfrenta muitíssimos problemas. Às vezes fica difícil a compreensão clara e sólida de muitos deles. Não sobra tempo para pensar e refletir. Além disso, o grupo que cerca o chefe só age em função de decisões que possam garantir-lhe prestígio político e força eleitoral. E, dizia Maquiavel, "se ele fica à mercê do grupo que o cerca, abre caminho para uma situação que alguns estudiosos definem como estupidez protetora". A estupidez protetora é a responsável pelo fato de o presidente não fazer muitas perguntas, não escutar pacientemente as respostas e não ficar irado quando verifica que lhe ocultaram a verdade.

A nossa marcha da insensatez vem sendo liderada, lá do Planalto, por um grupo assim, todos movidos exclusivamente pelo objetivo de permanecer no poder. Põem em prática, como nunca antes, todos os famosos Princípios da Dominação pela Propaganda, seguidos por Goebbels, Stalin, Mao, Fidel e tantos outros.

Não se pode negar que, à custa de bilhões de reais, os efeitos dessa propaganda estão sendo alcançados. Lula nunca sabe de nada. E quando sabe passa a mão pela cabeça dos culpados e, irado, atreve-se a querer calar o Estadão, o mais corajoso e livre órgão de imprensa do Brasil!

O mais triste ainda é que, apesar de todos os escândalos, da mais deslavada corrupção, da mais desavergonhada compra de consciências, da mais cínica postura em relação às leis, o brasileiro continua calado e anestesiado. A voz do País ainda não se fez ouvir. Misteriosas e oportunas pesquisas de opinião dão a entender que o povo está feliz, achando que tudo vai bem. Mesmo com os problemas da assistência à saúde. Mesmo com os níveis desastrosos da educação. Mesmo com a vergonha da infraestrutura dos transportes. Mesmo com o aumento apavorante da violência. Mesmo com os portos ainda travados. Mesmo com as dívidas públicas não pagas. De onde vem, então, essa apregoada visão positiva de um governo tão vulnerável?

Vem da força terrível da propaganda. Da prática imoral da dominação de um povo pelas artimanhas, pelas armadilhas e pelos artifícios da mais poderosa e cara máquina estatal de propaganda governamental jamais montada antes no Brasil! Nem na ditadura de Vargas, nem no período militar. O grupo de Lula só tem um objetivo: continuar no poder. Como? Essa ambição é que leva à insensatez.

Sabendo que seria perigoso prorrogar o seu mandato, trilhando, desde logo, o mesmo caminho de Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e outros do mesmo time, o presidente não hesitou, ditatorialmente, em afrontar a sua própria gente! Impôs uma candidatura ao PT. Derrubou os procedimentos democráticos usados pelo partido. Quem xingava tanto as oligarquias conservadoras cometeu a insensatez de imitar os troianos, os papas da Renascença, os lordes ingleses e o atoleiro do Vietnã! Mas a História é implacável. Sempre há um cavalo de pau. Um Lutero. Um Washington. Um drama em Saigon. Sempre há!

Sandra Cavalcanti, professora, jornalista, foi deputada federal constituinte, secretária de Serviços Sociais no governo Carlos Lacerda, fundou e presidiu o BNH no governo Castelo Branco E-mail: sandra_c@ig.com.br

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".