Tenho observado que alguns estudantes têm chegado até alguns de meus escritos com o objetivo de encontrar material para seus trabalhos escolares a respeito do aquecimento global. O assunto tem freqüentado um pouco menos os noticiários ultimamente; a febre apocalíptica parece ter diminuído. Em compensação, as escolas entraram definitivamente na era do aquecimento global. Receio que seja um caminho sem volta.
Eu me lembro dos trabalhos que fiz no ginásio e no colegial e lembro do que me era exigido. Estudar o aquecimento global nestes ambientes não significa tomá-lo como hipótese e investigá-lo com aquela dose mínima de método. Naturalmente não se pode esperar refinamento científico de estudantes brasileiros de nível médio ou fundamental, mas eu ficaria mais tranqüilo se soubesse que eles não dizem amém para o que encontram na Rede Blobo, na Superignorante e na Rolha de São Paulo.
Dirijo estas palavras a essa molecada — supondo, é claro, que eles voltarão aos meus escritos um dia.
1) O aquecimento global não é um fato. É uma abstração bolada com o objetivo de facilitar a compreensão de certos fenômenos de características semelhantes que ocorrem em diversas partes do mundo. Já se demonstrou que a expressão “aquecimento global” traz em si uma impossibilidade matemática.
Ocorre que abstrações são meios, não fins. Elas obviamente levam a algum lugar (senão não teríamos razões para utilizá-las). Resta saber aonde as abstrações nos levam. Você pode simplificar uma realidade para poder escrever sobre ela ou para fazer cálculos — isto é abstração. Mas você não pode afirmar que os números e as palavras são a realidade.
Procure entender, portanto, o que significa a expressão “aquecimento global”.
2) Supondo que o aquecimento global seja um fato tal como a mídia sugere que ele é (o aquecimento homogêneo e progressivo do planeta), é uma estupidez maldosa afirmar que a causa deste fenômeno é totalmente conhecida e, mais ainda, que ela se resume na ação humana.
É natural que se pense assim. O homem causa desastres ecológicos, polui o ar e os mares, devasta florestas, causa e acelera o processo de extinção de diversas espécies. Por que não causaria o aquecimento global? Se conseguimos admitir que o conceito de aquecimento global é verdadeiro e incontestável, nada nos impede de admitir que conhecemos as causas desse fenômeno. E a causa é o homem. Só pode ser. Não você, sujeito engajado e estudioso, que aperta as torneiras, separa o lixo e pede para sua mamãe ou seu papai deixarem o carro em casa. Quem causa o aquecimento global é o homem médio dos países ricos e é a eles que toda nossa sanha deve ser lançada. Ela pode ter a forma de desenhos fofinhos com balõezinhos em forma de nuvem onde se lê “Vamos proteger a Mãe Natureza” ou pode ser um manifesto contra o capitalismo — China à parte.
Ocorre neste caso que o que realmente aquece a Terra é o Sol. Sol igual a calor igual a aquecimento. Se é o Sol que causa aquele outro aquecimento (o global, o fenômeno demonizado pela mídia), eu não sei. O que sei é que é válido considerar a hipótese. Já foi demonstrado que um fenômeno semelhante tem ocorrido em Marte, ainda que lá não haja pessoas e atividades que gerem gases-estufa.
Lembre-se disto. Sol, Terra, Marte, aquecimento global. Sacou?
3) Há um terceiro fator cuja observação considero fundamental. Não é necessário pesquisar profundamente, buscar autoridades científicas, ler teses e visitar laboratórios, embora isso tudo seja bom. Basta vasculhar a internet um pouco mais demoradamente buscando respostas para as seguintes perguntas: quem são as pessoas que mais defendem as teorias atuais sobre o aquecimento global? O que fazem essas pessoas? A quem essas teorias beneficiam?
Respondidas estas perguntas, pode-se descobrir que a teoria do aquecimento global possui uma dimensão que não é nada científica. Quem se aprofunda nesse aspecto das ciências é Alan Neil Ditchfield em seu trabalho Verdadeiro versus falso. Se lhe interessa compreender algo do emaranhado do aquecimento global, aproveite as férias de julho com esta leitura.
E mesmo que se conclua que determinada teoria científica não sofreu os danos das imprecisões humanas, faz parte da ciência avaliar isso constantemente. Neste caso eu me refiro à teoria do aquecimento global, não ao aquecimento global (a teoria que explica o fenômeno não é o mesmo que o fenômeno): o rigor científico que supostamente permitiu concluir que o aquecimento é pior que bater na própria mãe deve ser usado também para verificar a validade da teoria e os caminhos e métodos que permitiram desenvolvê-la. Sempre que possível, deve-se usar a ciência para avaliar a ciência — o que, logicamente, será apenas o começo.
*
Eu não espero, realmente, que você desafie sua professora ou seus amigos com o que expus aqui — seria uma dupla pretensão: de que você aceite tudo que eu disse e que essa aceitação se dê ao ponto de você reproduzir estas idéias para seus amigos e professores. Eu espero apenas que estudar o aquecimento global não lhe cause esfriamento mental. Eu espero apenas que você reflita a respeito daquilo que lê e do que vê. Eu espero que você — jovem estudante de quem foi exigido um trabalho escolar — compreenda que em relação ao aquecimento global há mais dúvidas do que certezas e que as certezas podem ser criadas artificialmente com objetivos diversos: fazer documentários, conquistar verbas, abalar a autonomia e a economia de alguns países. Ao lidar com teorias, é sempre bom perguntar de onde aquilo vem, para onde aquilo conduz e, em alguns casos, lavar as mãos em seguida.
2 comentários:
Obrigado pelo repost e pelo link, caro amigo.
Abraços.
Olá Christian
Por nada, volta e meia estarei por lá em seu site.
Abraços
Postar um comentário