QUARTA-FEIRA, 8 DE SETEMBRO DE 2010
O grupo humorístico israelense Latma ficou conhecido na internet por fazer sátiras inteligentes sobre a política no Oriente Médio. A diplomacia de países na região, a cobertura tendenciosa da mídia em relação a Israel e a nova política dos EUA promovida por Barack Obama são os principais alvos das piadas do grupo.
O vídeo musical We Con the World (“Nós Enganamos o Mundo”) tornou o grupo mundialmente conhecido, levando-o ao noticiário dos principais jornais do Ocidente. Ao ultrapassar 3 milhões de visualizações em poucos dias, foi silenciado pelo You Tube, que alegava quebra de direitos autorais. No entanto, segundo Caroline Glick, sua editora-chefe e conceituada jornalista do The Jerusalem Post, Latma obteve permissão legal para utilizar a melodia de We Are the World, canção composta por Michael Jackson e Lionel Richie em 1985 para arrecadação de fundos. Não tardou para que o vídeo voltasse ao ar. Ao som do famoso hit, os membros caricaturados da Flotilha Marmara empunham facas e porretes enquanto anunciam que a verdade sobre o incidente da frota de “ajuda humanitária” nunca chegará às nossas televisões.
No Brasil, Latma ficou conhecido quando o músico Noam Jacobson interpretou o presidente Lula da Silva dançando uma paródia de “Casa de Bamba”, música de Martinho da Vila. No vídeo sobre o acordo nuclear entre Brasil, Irã e Turquia, Lula aparece como o arrogante de sempre e afirma que Ahmadinejad é bem-vindo por estas bandas. Não faltaram ressentidos para acusar o grupo de intolerante, alegando até que os judeus teriam perdido sua capacidade de fazer humor ao apelar para uma ‘caricatura ofensiva’ do presidente brasileiro.
O grupo é uma iniciativa de Caroline Glick e do think thank de Washington, Center For Security Police. Segundo o próprio site, trata-se de “uma organização apartidária sem fins lucrativos especializada na identificação de políticas, ações e recursos que são vitais para a segurança americana” e que trabalham para “minar as bases ideológicas do totalitarismo e do extremismo islâmico”. (Veja o vídeo promocional do grupo)
Os vídeos do Latma simulam um telejornal, ancorado pelos atores Elchanan Even Chen e Ronit Avrahamof, e são voltados exclusivamente para a internet. “Latma” (לאטמה) é o equivalente da gíria hebraica para “tapa” ou “bofetada”.
Durante o mês de Agosto o Produtor Executivo Shlomo Blass me concedeu a seguinte entrevista por e-mail.
Até então, vocês haviam feito suas produções em hebraico, mas “We Con The World” foi o primeiro vídeo do Latma produzido em inglês. O que motivou vocês a fazer essa mudança?
Shlomo Blass: A equipe Latma, como o resto das pessoas em Israel, estava ciente da aproximação da Flotilha em Israel. Sabíamos que devíamos expor a hipocrisia de pessoas que estão prontas a apoiar um regime de terror liderado por radicai islâmicos e os danos à única democracia no Oriente Médio, que está tentando se defender. Estávamos no IDF [Força de Defesa de Israel] já que em Israel, um país cercado de países inimigos 500 vezes o seu tamanho, o serviço militar é obrigatório. Nós todos sabemos de primeira mão como o exército é cuidadoso quando se trata de vidas humanas, mesmo os inimigos.
A organização IHH que conduziu a frota é uma organização islamita radical com ligações com a "Irmandade Muçulmana" e organizações terroristas como o hamas e Al-Qaeda. Recentemente, os legisladores italianos pediram pelo banimento do IHH e colocá-los nos grupos terroristas da UE (http://www.jpost.com/International/Article.aspx?id=182846) - a Alemanha e os EUA estão fazendo coisas parecidas.
Os ativistas da "paz" do IHH carregavam facas e pés-de-cabra e disseram que vinham com a intenção de se tornarem mártires (http://www.youtube.com/watch?v=tYxsopMuSLI). Os soldados israelense os confrontaram com paint-guns (!) para evitar as mortes, mas eles recorreram às violência extrema como as imagens mostram.
Depois de ver essas imagens na TV e a cobertura tendenciosa da mídia global, percebemos que desta vez a nossa mensagem deveria ir para o mundo.
Aqui no Brasil, Marcelo Madureira, humorista de um grupo chamado "Casseta e Planeta" da TV Globo, denunciou em uma entrevista para um jornal de São Paulo (http://www.youtube.com/watch?v=9oDw1L6i0E0) que seu grupo recebeu "mensagens" do governo dizendo que membros do alto escalão, inclusive o Presidente Lula, sentiam-se incomodados e recomendavam que os humoristas diminuíssem o "tom" das piadas. Latma já recebeu alguma "mensagem" com "recomendações" sobre o que fazer, ameaça ou tentativa de censura por parte de pessoas poderosas?
Shlomo Blass: Recebemos uma parcela de mensagens de ódio e ameaças – especialmente de indivíduos muçulmanos, por vezes incluindo mensagens de extremo anti-semitismo, mas nunca recebemos qualquer ameaça ou mensagens do governo.
Shlomo Blass: A equipe Latma, como o resto das pessoas em Israel, estava ciente da aproximação da Flotilha em Israel. Sabíamos que devíamos expor a hipocrisia de pessoas que estão prontas a apoiar um regime de terror liderado por radicai islâmicos e os danos à única democracia no Oriente Médio, que está tentando se defender. Estávamos no IDF [Força de Defesa de Israel] já que em Israel, um país cercado de países inimigos 500 vezes o seu tamanho, o serviço militar é obrigatório. Nós todos sabemos de primeira mão como o exército é cuidadoso quando se trata de vidas humanas, mesmo os inimigos.
A organização IHH que conduziu a frota é uma organização islamita radical com ligações com a "Irmandade Muçulmana" e organizações terroristas como o hamas e Al-Qaeda. Recentemente, os legisladores italianos pediram pelo banimento do IHH e colocá-los nos grupos terroristas da UE (http://www.jpost.com/International/Article.aspx?id=182846) - a Alemanha e os EUA estão fazendo coisas parecidas.
Os ativistas da "paz" do IHH carregavam facas e pés-de-cabra e disseram que vinham com a intenção de se tornarem mártires (http://www.youtube.com/watch?v=tYxsopMuSLI). Os soldados israelense os confrontaram com paint-guns (!) para evitar as mortes, mas eles recorreram às violência extrema como as imagens mostram.
Depois de ver essas imagens na TV e a cobertura tendenciosa da mídia global, percebemos que desta vez a nossa mensagem deveria ir para o mundo.
Aqui no Brasil, Marcelo Madureira, humorista de um grupo chamado "Casseta e Planeta" da TV Globo, denunciou em uma entrevista para um jornal de São Paulo (http://www.youtube.com/watch?v=9oDw1L6i0E0) que seu grupo recebeu "mensagens" do governo dizendo que membros do alto escalão, inclusive o Presidente Lula, sentiam-se incomodados e recomendavam que os humoristas diminuíssem o "tom" das piadas. Latma já recebeu alguma "mensagem" com "recomendações" sobre o que fazer, ameaça ou tentativa de censura por parte de pessoas poderosas?
Shlomo Blass: Recebemos uma parcela de mensagens de ódio e ameaças – especialmente de indivíduos muçulmanos, por vezes incluindo mensagens de extremo anti-semitismo, mas nunca recebemos qualquer ameaça ou mensagens do governo.
Nós estamos felizes em dizer que Israel é uma democracia e sua crença na liberdade de expressão é real. Na verdade, a possibilidade de tais mensagens soa demasiado teórico para responder. É triste ouvir que o Brasil está tantos passos atrás de Israel a este respeito.
O Latma produz para a internet, mas as produções são bastante profissionais e contam com vários recursos. Além disso, contam com a jornalista Caroline Glick, o músico Noam Jacobson que já participou do Kokhav Nolad (versão israelense de Ídolos), e do roteirista Tal Gilad que já trabalhou para seriados de TV. O senhor poderia nos contar quando e como o grupo foi formado e como ele é mantido? Quero dizer, também sobre a iniciativa do Center For Security Policy.
Shlomo Blass: De um modo geral, posso dizer que nós usamos profissionais e fazemos o nosso melhor para produzir um produto de alto nível que fornece uma boa alternativa para a TV.
O site começou há cerca de dois anos como uma iniciativa de Caroline Glick, que se dirigiu a mim com um profissional na área de gerenciamento de conteúdo e campanhas de internet. Caroline é membro sênior e chefe do departamento de Oriente Médio do Center For Security Police em Washington e este projeto é feito desde lá.
Quando o incidente da Flotilha ocorreu, o “Notícias de Sião” foi o primeiro site brasileiro a informar como não havia “ajuda humanitária” no Mavi Marmara. A notícia foi publicada no Mídia Sem Máscara (http://www.midiasemmascara.org/artigos/internacional/oriente-medio/11163-obrigado-iara-lee.html).
Mas percebo que, mesmo em blogs e nesses sites alternativos aos grandes jornais, ainda assim temos pouco conhecimento sobre a chamada “Pallywood” (Palestinian + Hollywood) (1). Suponho que o senhor conhece o assunto. Um exemplo que me vem à memória é a morte do menino Mohammed al-Dura, em 2000.
Considerando o objetivo do Latma, gostaria de convidar-lhe a comentar sobre esse problema dos ativistas/jornalistas que distorcem a opinião pública ocidental fazendo-se de mártires e vítimas.
Shlomo Blass: O viés da cobertura internacional de Israel é, para a maioria dos israelenses, um fato conhecido. Na minha opinião, uma combinação de: ignorância, preguiça, uma ideologia de extrema-esquerda e o "bom e velho” anti-semitismo.
Penso que em muitos casos, o jornalista prepara a sua mente antes mesmo de chegar à cena do crime (isso se ele não é preguiçoso demais até mesmo para chegar). Vivemos em um mundo em que a emoção substiuiu a moralidade. É por isso que uma pobre pessoa fraca ou um menino sempre terá vantagem sobre um soldado. O soldado pode ser a pessoa mais moral do mundo e o homem pobre pode ser uma pessoa que acredita em uma ideologia fanática - não importa.
Além disso, vivemos em um mundo onde o conceito de "verdade" é difícil de encontrar. Tudo o que há são "Narrativas". Muitos anos atrás, o famoso jornalista Bob Simon dirigiu-se aos meus pais no povoado de Ofra. Eles contestaram a reivindicação Árabe como se a terra fosse roubada, e encorajaram-no para verificar quem tinha razão. Ele não era o menos interessado. Ele apenas escreveu os dois "lados" da história. Se a verdade realmente não existe, é mais fácil mentir e criar Pallywood, desde que você esteja servindo a uma narrativa que acredite.
Nota:
1 - As cenas “produzidas” por ativistas/jornalistas “palestinos” são veiculadas pelas agências de notícias como forma de mostrar os palestinos como vítimas da “brutal agressão” israelense. Pallywood é uma expressão cunhada por Richard Landes, um professor de História da Boston University. É possível ter mais informações emhttp://noticiasdesiao.wordpress.com/2010/06/12/sem-nexo-mentiras-e-videotape/
Além disso, vivemos em um mundo onde o conceito de "verdade" é difícil de encontrar. Tudo o que há são "Narrativas". Muitos anos atrás, o famoso jornalista Bob Simon dirigiu-se aos meus pais no povoado de Ofra. Eles contestaram a reivindicação Árabe como se a terra fosse roubada, e encorajaram-no para verificar quem tinha razão. Ele não era o menos interessado. Ele apenas escreveu os dois "lados" da história. Se a verdade realmente não existe, é mais fácil mentir e criar Pallywood, desde que você esteja servindo a uma narrativa que acredite.
Nota:
1 - As cenas “produzidas” por ativistas/jornalistas “palestinos” são veiculadas pelas agências de notícias como forma de mostrar os palestinos como vítimas da “brutal agressão” israelense. Pallywood é uma expressão cunhada por Richard Landes, um professor de História da Boston University. É possível ter mais informações emhttp://noticiasdesiao.wordpress.com/2010/06/12/sem-nexo-mentiras-e-videotape/
A melhor investigação jornalística sobre o incidente da Flotilha Marmara disponível em português você encontra escrita por um brasileiro residente em Israel, em Notícias de Sião.
Canal Latma em português: Latma BR.
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