02/12/2010 - 15h27
MADRI (Reuters) - Cuba permite que integrantes de grupos irregulares, como o ETA e as Farc, descansem e recebam tratamento médico na ilha, embora seja pouco provável que eles planejem atentados enquanto estejam ali, segundo um despacho diplomático norte-americano a que teve acesso o WikiLeaks.
A mensagem, divulgada na quinta-feira pelo diário Miami Herald, é parte dos cerca de 250 mil documentos do Departamento de Estado norte-americano filtrados pelo site que vêm sendo divulgados desde o fim de semana por distintos meios e envolvem muitos países ao redor do mundo.
"Temos informação confiável que mostra a presença de membros do ELN (Exército de Libertação Nacional), Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do (grupo separatista basco) ETA aqui em Havana", disse o chefe da missão diplomática na capital cubana, Jonathan Farrar, segundo o artigo.
A mensagem foi enviada em fevereiro de 2009 pela missão diplomática norte-americana em Cuba e refere-se também à corrupção, à penetração dos serviços secretos cubanos nos grupos dissidentes, à Igreja Católica e a possíveis protestos de rua, acrescentou a notícia.
O despacho ressalta que o governo cubano permite que membros das três organizações consideradas terroristas pelos EUA e pela União Europeia "desfrutem do R&R (rest & recreation, descanso e diversão) em Cuba e recebam atenção médica e outros serviços".
No entanto, o documento faz a observação de que "há poucas possibilidades de atividade operativa, dada sua necessidade de um refúgio".
Cuba, assim como México e Venezuela, é um dos refúgios tradicionais para membros do ETA que fugiram ou deixaram as filas do grupo armado basco, a quem se atribuem atentados e crimes.
Os EUA incluem o governo dos irmãos Fidel e Raúl Castro em sua lista de Estados patrocinadores do terrorismo internacional desde 1982, acusação rechaçada pelas autoridades cubanas.
Um juiz da Audiência Nacional espanhola emitiu um despacho este ano em que processa seis membros do ETA e sete integrantes das Farc que, segundo ele, podem estar refugiados em Cuba e na Venezuela, e no qual assinala que há indícios de que o governo de Hugo Chávez colaborou para que ambas organizações armadas mantivessem encontros de cooperação.
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