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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Serra tem tudo para derrotar a adversária. Mas antes precisa vencer a teimosia

AUGUSTO NUNES
05/10/2010 às 22:10 \ Direto ao Ponto

Até os bebês de colo, os índios isolados e os napoleões-de-hospício sabem que José Serra chegou ao segundo turno não pela campanha que fez, mas apesar dela. O marqueteiro Luiz Gonzales discorda. Acha que o chefe vai enfrentar Dilma Rousseff graças aos mutirões da saúde, às escolas com dois professores e ao salário mínimo de R$ 600. E pretende repetir na segunda etapa da eleição presidencial todos os erros da primeira. Como Serra ainda hesita sobre o caminho a seguir, só na sexta-feira, com a volta do horário eleitoral na TV, o Brasil que presta saberá se vai votar por sentir-se representado ou por exclusão.

Chancelados por 999 a cada mil eleitores oposicionistas, Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, os governadores eleitos pelo PSDB ou pelo DEM, os candidatos eleitos e os derrotados ─ quase por unanimidade, os aliados que contam defendem o duelo sem medos, acanhamentos, cautelas, mesuras e afagos. Todos acreditam que é possível ser afirmativo sem escorregar na deselegância. Todos sabem que a altivez não tem parentesco com a arrogância.

A candidatura de Dilma Rousseff foi sangrada pelo espanto provocado por escândalos na sala ao lado, roubalheiras impunes, declarações desastradas, contradições patéticas, discurseiras cínicas e outras incontáveis derrapagens. Alarmados, milhões de brasileiros resolveram examinar melhor a qualidade do produto oferecido por Lula. As causas do desgaste de Dilma não podem ser creditadas aos responsáveis pela campanha de Serra. Ganharam uma farta munição de presente e não souberam usá-la. O candidato tucano subiu alguns pontos, mas a principal beneficiária foi Marina Silva.

Se depender de Gonzales, nada mudará. Ainda no domingo, o PSDB de Minas colocou à disposição da campanha presidencial tanto os aliados vitoriosos quanto a equipe que cuidou do horário eleitoral. O marqueteiro-chefe respondeu no dia seguinte. Por e-mail, avisou que vai estudar a oferta e, assim que puder, comunicar o que será feito. Serra não deu um pio.

Aécio Neves e Itamar Franco já disseram com todas as letras que, se a campanha não abandonar o artificialismo, subordinar-se ao institinto político do candidato, esquecer o teleprompter e procurar afinar-se com a voz das ruas, a derrota terá sido apenas adiada. Até sexta, outros líderes oposicionistas endossarão a advertência. Ou Serra ouve a voz da sensatez ou se curva aos conselhos dos marqueteiros.

Ele tem tudo para derrotar Dilma Rousseff. Mas antes precisará vencer a teimosia.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".