Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Como Morales destrói a economia e a democracia

Do blog do ALUIZIO AMORIM
Sábado, Setembro 20, 2008

Não resisti e decidi publicar na íntegra a matéria de Veja sobre a Bolívia. A análise que produzi mais abaixo em certo aspecto bate com a reportagem.

Fotos Anderson Schneider
FALTA GÁS TAMBÉM PARA OS BOLIVIANOS
"Aqui tem fila todo dia", diz Miguelina Choque, dona-de-casa. A cada quinze dias, ela chega às 6 horas da manhã à fila do botijão de gás, distribuído pela estatal YPFB em certas ruas de La Paz. Desde a nacionalização do setor de energia, a produção de gás de cozinha não atende ao consumo interno. Miguelina diz que o botijão, que antes durava um mês, hoje acaba em quinze dias. "Também se tornou um martírio comprar óleo, carne, pão e arroz", reclama.

Por que é tão difícil acabar com o caos boliviano?

A resposta é óbvia: a estratégia de poder do presidente Evo Morales só tem chance de sucesso se a oposição e a democracia forem subjugadas, mesmo que para isso seja preciso um banho de sangue.

De outra forma, não há maneira de convencer os setores modernos e produtivos da sociedade boliviana a aceitar que a estrutura social do país seja recriada em um formato pré-colombiano, com a volta do açoitamento de criminosos e toda a economia nas mãos do estado. Por isso, apesar de representantes dos departamentos autonomistas e do governo terem sentado para conversar em Cochabamba, na semana passada, ainda é impossível falar em paz na Bolívia.

No exato momento em que a reunião ocorria, soube-se que oito centenas de camponeses e mineiros fiéis ao presidente se dirigiam com armas na mão para o Departamento de Santa Cruz. O objetivo da turba era atacar aqueles que Morales qualifica de "capitalistas" e "oligarcas" da região mais dinâmica do país.

Foto: Anderson Schneider
APOIO OBRIGATÓRIO
Líder de sua categoria, o lojista Marcelo Cortez organizou duas passeatas na última semana em apoio ao governo. Como faz isso? "O comparecimento é obrigatório. Quem não vai sofre sanção", revela Cortez. Quem falta a uma manifestação tem sua loja fechada por três dias. Quem falta a duas fica de portas fechadas por uma semana. Quem não aparece em quatro eventos tem seu estabelecimento fechado para sempre. É a democracia de Morales em ação

A intransigência ultrapassa a histórica rixa entre os departamentos do ocidente e do oriente, entre o altiplano, no qual povoados indígenas vivem de modo tradicional, e as planícies da Amazônia, onde bolivianos de todos os matizes se integraram ao mundo moderno.

Morales quer "refundar" o país e "construir um estado novo" – como está escrito na Constituição que ele fez aprovar numa reunião legislativa secreta, sem a presença da oposição, e agora pretende submeter a referendo.

Nessa nova pátria, não haverá espaço para o capitalismo, para o empreendedorismo e para a democracia. "Enquanto no Brasil historicamente se busca a continuidade, na Bolívia se quer sempre começar tudo de novo", disse a VEJA o historiador Jorge Siles Salinas. "E isso só se faz com violência, com sangue."

Seguindo o mesmo modelo testado e reprovado na Venezuela, Morales está à frente de uma febre estatizante.

No país de Hugo Chávez, o esfacelamento econômico é compensado pelos dividendos do petróleo vendido aos Estados Unidos.

A Bolívia, cujas reservas de petróleo e gás têm um décimo do tamanho das venezuelanas, não desfruta esse privilégio. Para piorar, a nacionalização do setor perturbou a produção.

A economia boliviana agora depende do dinheiro venezuelano e do narcotráfico. Desde que Morales subiu ao poder, dois anos atrás, a produção de cocaína aumentou em 13%.

O presidente fez carreira política como representante dos produtores de coca e defende o uso tradicional da planta em chás ou para mascar.

O problema é que o mercado tradicional de coca só absorve 17% da produção atual. O restante vai diretamente para os laboratórios dos narcotraficantes. "Em cinco anos, Morales transformará a Bolívia no que era a Colômbia há duas décadas", disse a VEJA a deputada Ninoska Lazarte, do partido oposicionista Podemos, em La Paz. Na terça-feira passada, quando ia entrar no Congresso, a deputada foi atacada por partidários de Morales. Eles puxaram seu cabelo e a cobriram de lixo. Tudo isso às vistas de policiais, que nada fizeram.

Enquanto a coca ganha espaço, o resto da economia vai de mal a pior. "O setor industrial não faz parte do programa de governo.

Para Morales, somos os inimigos capitalistas", comenta Eduardo Bracamonte, dono de uma fábrica de jóias que exporta para as cadeias americanas Wal-Mart, JCPenney e Bloomingdale’s. A produção de soja caiu 55% nos últimos dois anos. A mineração entrou em colapso depois que a Comibol, a autarquia que supervisiona o setor, estabeleceu a sindicalização forçada dos mineiros que trabalhavam em cooperativas.

"O governo quer sovietizar a Bolívia. Não aceita nenhum tipo de trabalhador independente", disse a VEJA o mineiro Samuel Flores, 62 anos e sem trabalho há dois por ter se recusado a aceitar as regras da Comibol. Até o setor energético – a bandeira do nacionalismo de Morales – vai mal. Depois da nacionalização, as companhias que atuavam no país desistiram de fazer novos investimentos.

Como a Bolívia não tem recursos nem tecnologia para compensar a falta dos estrangeiros, a produção vem diminuindo. O clima na YPFB, a estatal do petróleo que recebeu de presente as refinarias, campos de extração e gasodutos, é de lambança. Pessoas sem experiência no ramo são nomeadas para altos cargos.

O superintendente de hidrocarbonetos é contador e o vice-ministro de Energia, advogado. Santos Ramírez, um professor de escola rural catapultado a presidente da estatal, ganha oficialmente 3 800 reais mensais. Neste ano, comprou uma casa por 2,3 milhões de reais na zona sul da La Paz.

Anderson Schneider
VÍTIMAS DAS MILÍCIAS DE MORALES
Desde janeiro, a Aliança da Praça Avaroa, que reúne centenas de jovens, manifestou-se oito vezes na capital boliviana, pedindo respeito aos direitos humanos, democracia e liberdade. Em todas as ocasiões, os manifestantes foram agredidos pelas milícias de Morales. "Mineiros nos atacaram com dinamite e os muros de nossas casas foram pichados com ofensas", diz o universitário Andrés Ortega. "Somos loucos em fazer oposição aqui."

Os absurdos do governo Morales causam revolta nos departamentos produtivos do Oriente, mas praticamente não são questionados no Altiplano.

Na capital, sindicalistas e outros pelegos convocam pelo rádio marchas quase diárias de apoio ao presidente.

Quem não comparece é punido pelo dirigente de seu sindicato ou agremiação. Outra maneira de convencer as pessoas a segurar faixas é com dinheiro. A participação numa passeata vale 30 reais.

Quem se dispõe a fazer parte de um grupo de choque, especializado em agredir opositores, recebe 55 reais por dia. Estima-se que as milícias de Morales disponham de 5.000 integrantes prontos para cometer atos de violência, sempre que convocados por seus dirigentes.

A mais violenta delas é chamada de Ponchos Rojos, que recebe ordens diretamente do presidente.

No fim do ano passado, para demonstrarem o que pretendiam fazer com os "inimigos de classe", esses esquerdistas furiosos se puseram a degolar cães em La Paz.

Desde que Morales assumiu o poder, em 2006, a violência política já fez meia centena de mortos. Esses são os primeiros corpos do mundo primitivo que Morales começa a criar.

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".